Dez dos 20 bombeiros voluntários da Benedita entregam capacetes em protesto

Dez dos 20 bombeiros voluntários da Benedita entregam capacetes em protesto


O bombeiro Dinis Coito disse que ele e os colegas foram desaconselhados de protestar “uma vez que os seus postos de trabalho poderiam ficar em risco ou sofrerem retaliações”.


Dez dos 20 bombeiros voluntários da Benedita, no concelho de Alcobaça, entregaram, esta sexta-feira, os capacetes em protesto contra a direção da corporação e ameaçam passar à reserva por considerarem que o socorro está a ser descurado.

Sabe-se que o protesto iniciou-se com uma assembleia geral realizada na quinta-feira à noite, na qual foi eleita a direção que deverá gerir a associação durante os próximos três anos, mas com a qual “os bombeiros não concordam” e cujas opções “não estão mais dispostos a suportar”, segundo a informação transmitida à agência Lusa por Dinis Coito, bombeiro na corporação há 14 anos.

Às eleições, concorreram duas listas e saiu vencedora a lista A, encabeçada por Filipe Marques, que no mandato anterior ocupava o cargo de vogal na direção. “No fundo a direção é a mesma, tendo havido apenas troca de cadeiras, com o anterior presidente a concorrer como vogal e o anterior vogal a concorrer a presidente”, avançou o primeiro bombeiro, ao entregar o capacete “em protesto contra uma situação que se arrasta há anos e que havia a expectativa de vir a mudar com uma nova direção”.

Assim, explicou também que a contestação dos voluntários prende-se com “a degradação do corpo de bombeiros, perante as opções da direção, que transformou a corporação numa empresa de transporte de doentes, em detrimento do socorro”.

"O transporte de doentes é uma vertente importante” do serviço dos bombeiros, porém “tem de haver também investimento no socorro, porque sem ele os voluntários acabam por se desmotivar e não aparecer nos serviços, porque já sabem que não vão em missões de socorro, mas apenas levar doentes à diálise e a outros tratamentos”.

O operacional acrescentou igualmente que ele e os colegas foram desaconselhados de protestar “uma vez que os seus postos de trabalho poderiam ficar em risco ou sofrerem retaliações". Se a nova direção tomar posse, vários bombeiros não assalariados ameaçam passar à reserva, o que “colocará em risco a resposta e o socorro nas freguesias de Benedita e de Turquel”, frisou, adicionando “entre os assalariados, haja alguns que estão dispostos a sair e que recusam compactuar mais com esta situação.

O comandante dos bombeiros da Benedita, António Paulo, em declarações à mesma agência, adiantou que o comando “não vai tomar posição” àquilo que considera ser “uma manifestação pacífica de desagrado” que espera ver “rapidamente resolvida para que não venham a existir dificuldades em suprir todas as necessidades do serviço”.

Por outro lado, a Lusa tentou obter esclarecimentos por parte do novo presidente da Associação, Filipe Marques, mas não foi possível. À sua vez, a candidata derrotada, Alice Lourenço, esclareceu que a lista B “vai reunir e avaliar se avança com um pedido de impugnação das eleições”, dado, “não ter sido facultado o acesso à lista dos sócios que votaram”, ficando assim impedida de confirmar se “alguns não cumpriam o requisito de estarem inscritos há mais de seis meses”, entre outras irregularidades que consideram ter havido na assembleia.