Números recorde. Era desta forma que o setor turístico se encontrava em Portugal antes da pandemia. Em 2019, o nosso país recebeu 27 milhões de turistas, dos quais 16,3 milhões eram estrangeiros, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Nessa altura, os proveitos totais (que incluem os valores gastos pelos turistas com o alojamento mas também outros serviços disponibilizados pelas unidades hoteleiras) aumentaram 7,3% para mais de 4,2 mil milhões de euros. Os hotéis registaram proveitos totais de 2,9 mil milhões de euros e o alojamento local contribuiu com 377 milhões de euros o valor global dos proveitos. Os proveitos de aposento cresceram 7,1% em 2019 para 3,2 mil milhões de euros.
Números que ficam longe daqueles que foram registados com o início da pandemia. No ano passado, Portugal recebeu 6,5 milhões de turistas não residentes em 2020, uma quebra de 73,7% vista como “sem precedentes”. Já os proveitos totais rondaram os 1,4 mil milhões de euros (-66,3%) e os de aposento a 1,1 mil milhões de euros (-66,7%).
Em relação a 2021, os valores ainda não fechados. O verão terá dado algum fôlego ao setor – principalmente impulsionado pelo mercado interno – , mas ainda temos três meses pela frente para conhecer os resultados finais. Os números mais recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, entre janeiro e julho deste ano, os alojamentos turísticos nacionais receberam 5,22 milhões de turistas. No ano passado, no mesmo período, contaram-se 5,36 milhões de turistas, o equivalente a uma quebra de 2,7%, mas em 2019 a descida foi bastante mais acentuada, quando se registaram 15 milhões de turistas (-65,4%).
Até julho, o turismo obteve 757,5 milhões de euros em proveitos, mais 21% do que no mesmo período do ano passado (693,5 milhões de euros), refere o INE. A maior fatia destes proveitos foi da responsabilidade da hotelaria (637 milhões de euros), enquanto o alojamento local canalizou 68,5 milhões e o turismo de espaço rural e habitação registou cerca de 52 milhões de euros. No que diz respeito aos proveitos por aposento (valores resultantes das dormidas de todos os hóspedes nos meios de alojamento turístico), estes fixaram-se em 564,1 milhões de euros até julho.
Aeroporto: de esgotado a longe disso Antes da pandemia, também o aeroporto de Lisboa estava no centro das atenções com a ANA – Aeroportos de Portugal a garantir que perdia 1,8 milhões de passageiros por ano por estar lotado. “Estamos a colocar no mercado a oferta que temos e estamos perto da oferta máxima”, referiu, na altura, Francisco Pita. “As estimativas feitas há uma década não indicavam níveis e o ritmo de crescimento que tivemos nos últimos cinco anos. Ninguém apontava para este nível de crescimento. E isto não quer dizer que as previsões estivessem erradas”, afirmava.
Em 2019, o aeroporto de Lisboa acolheu cerca de 30 milhões de passageiros, bem acima da sua capacidade, o que estava a gerar uma degradação do serviço prestado.
Mais uma vez, uma realidade muito distante da atual. Nos primeiros seis meses, o aeroporto de Lisboa movimentou 46% do total de passageiros (2,5 milhões) e registou um decréscimo de 55,4%, o mais acentuado dos três aeroportos com maior tráfego anual de passageiros.
Hotelaria desolada A pandemia tirou 73% da faturação das empresas da hotelaria, revelaram os últimos dados dados da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). Com o aparecimento da pandemia no país, em março, 40% dos hotéis fecharam portas, uma percentagem que disparou nos meses seguintes: 85% em abril e 84% em maio. “No verão houve uma alteração importante”, diz a responsável, notando, contudo, que mesmo na época alta, “só basicamente 70% dos hotéis é que estiveram abertos”. Novembro e dezembro foram novamente meses de “apertar o cinto”.
Para 2021, as expectativas são um pouco mais positivas, mas controladas. Janeiro e fevereiro tiveram 64% dos hotéis fechados, sobretudo no Algarve, que sai ainda mais prejudicado pelo facto de “não haver de todo procura”. O inquérito da AHP mostra que 20% dos empresários da hotelaria estima não abrir portas até ao final do ano, nem sequer na época alta.
Os dados mostram ainda que cerca de metade dos hotéis aponta para o segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023 como a altura em que será possível regressar aos níveis de 2019. Mas a AHP destaca ainda 24% dos hotéis que aponta 2024 para ser atingida essa meta. “Sabemos que vai ser um ano muito difícil, em que a tendência é de viagens domésticas e regionais no limite”, disse Cristina Siza Vieira.
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