Pega. Nos últimos 12 anos, Fernando Martins dançou o tango com os partidos do Bloco Central

Pega. Nos últimos 12 anos, Fernando Martins dançou o tango com os partidos do Bloco Central


Pega, na Guarda, tem 121 habitantes. Desses, uma dezena são “ferrenhos” e os outros votam à Direita.


Pega – ou, nos dias de calor que assolam a Beira Alta, Pêga –, concelho de Guarda, distrito de Guarda, tem 121 habitantes: 53 homens, 68 mulheres. É a décima freguesia menos populosa do país. Por mais sugestivo que o nome possa parecer, por uma questão de profissionalismo evitaremos trocadilhos com ele.

Dado os volumosos resultados da Direita em Pega, com facilidade dir-se-ia que a freguesia pertence a este lado ideológico. A assunção está, contudo, errada: em 2017, sem coligações, o PSD garantia 64,3% dos votos. Em segundo lugar não ficou o clássico PS, mas sim uma coligação CDS-MPT-PPM, com 13,9% dos votos. Só em terceiro lugar apareceriam os socialistas, com 7,83%. Acontece, todavia, que, nas eleições anteriores, quem venceu foi o PS, com 49,1%. Estranho, não é? Qual será a razão para uma diferença tão grande (-41%) de 2013 para 2017? Simples: o candidato, de seu nome Fernando Martins. Fernando Martins, eleito presidente da Junta de Pega em 2009 pelo PSD, trocou em 2013 para o PS para em 2017 voltar ao PSD. Numa espécie de tango dançado com o Bloco Central, Fernando revalidou sempre os votos que o fizeram governar durante os últimos 12 anos. E eis mais uma história que corrobora o porquê das autárquicas serem vistas como as eleições mais interessantes das quatro: a democracia volta a Atenas – todos se conhecem e vota-se em pessoas em detrimento de em máquinas partidárias.

“PODEM APOSTAR NO PLACARD” Por falar em pessoas, à governação de Pega lançam-se três: António Rafael, pelo CDS; José Rafael, pelo PS, e Joaquim Abreu, pelo PSD. O último, que foi secretário de Fernando Martins, é apontado como seu sucessor na junta. Fernando não tem dúvidas de que Joaquim será eleito e, ao i, até sugere que apostemos tal vitória “no Placard”. Fernando, padeiro de profissão que dispensou cinco minutos enquanto “tinha muita gente à espera”, atingiu o seu limite mandatos à frente de Pega, razão pela qual irá apenas em quinto na lista: “por opção”, clarifica.

Ao longo de 12 anos à frente da junta, é normal que Fernando Martins tenha colhido alguns ‘inimigos’. Ao i, explica que estas eleições, põem a vida de Pega “mais mexida”, garantindo haver “gente ferranha”. E quem é esta gente? “Os que estão contra mim e contra os meus apoiantes, ou seja, as pessoas do PS em Pega”. Já os dos CDS, que também se apresentam a eleições na freguesia – agora sem coligação – anda mais “calmos”, pois, segundo Fernando, “nem têm expressão”.

A vida, de facto, é calma em Pega. A freguesia possui uma associação recreativa, um salão de festas, um pavilhão polidesportivo, um restaurante e uma bomba de gasolina. No Verão de 2009, um grande incêndio deflagrou nas imediações da aldeia, tendo sido necessárias várias dezenas de homens e de meios aéreos para o domar.