DIAP de Lisboa investiga ataque contra Ferro Rodrigues

DIAP de Lisboa investiga ataque contra Ferro Rodrigues


PGR confirmou ontem que inquérito foi aberto após participação da PSP. Presidente da AR não apresentou queixa e restaurante também não.


O DIAP de Lisboa está a investigar o cerco a Ferro Rodrigues no passado sábado junto a um restaurante em frente ao Parlamento. A confirmação da abertura de um inquérito chegou ontem ao final da tarde, 48 horas depois do incidente que começou quando Ferro Rodrigues estava a almoçar com a mulher no restaurante Il Matriciano, na rua de São Bento, em Lisboa. Manifestantes que participavam num protesto em frente à AR, promovido nas redes sociais e difundido em páginas ligadas a movimentos contra a vacinação da covid-19 e de apoio ao juiz Rui Fonseca e Castro – que já na semana passada tinha sido alvo de uma participação da PSP ao Ministério Público depois de confrontos com a polícia à porta do Conselho Superior da Magistratura – começaram por insultar Ferro Rodrigues enquanto este almoçava, tendo depois cercado e batido no carro em que Ferro e a mulher seguiram, acompanhados do corpo de segurança pessoal do presidente a Assembleia da República.

Ao i, fonte oficial da PSP indicou que a participação ao Ministério Público teve por objeto os insultos proferidos pelos manifestantes – “assassino”; “ordinário”; “não toca na Constituição” – podendo atentar contra a dignidade da função e colocar em causa o livre exercício da mesma. No código penal, está tipificado o crime de injúria, que pode ser agravado quando é praticado, entre outros, contra membro de órgão de soberania, ou o crime de coacção contra órgãos constitucionais, em que pode incorrer quem, por violência ou ameaça de violência, impedir ou constranger o livre exercício das funções de órgão de soberania ou de ministro da República. Trata-se, neste caso, de um crime punido com pena de prisão de um a oito anos.

A PSP não adiantou se foram identificados manifestantes e se houve detenções e a PGR, por seu lado, não indicou que crimes estão em causa e se foram até ao momento constituídos arguidos. Quanto à ameaça feita contra o restaurante, fonte oficial da PSP indicou apenas que todas as situações que possam fazer perigar a segurança pública são “permanentemente monitorizadas”.

Segundo o i apurou, o restaurante, que estava cheio quando ocorreram os confrontos, não apresentou queixa.

Ontem de manhã, citado pela revista Visão, Ferro Rodrigues, cliente da casa, também afastou a necessidade de qualquer denúncia, colocando o caso nas mãos da PGR. “Trata-se de um crime público. Espero que a PGR cumpra o seu dever”. O inquérito, referiu no entanto a PGR, surgiu após a participação da PSP.

Manifestação convocada nas redes sociais A manifestação com o mote “Pelas nossas crianças – Rumo à Liberdade” foi convocada nas redes sociais, com o apelo aos manifestantes para levarem crianças. Uma das participantes que se envolveram no confronto à porta do restaurante foi Ana Desirat, organizadora dos protestos em Odivelas contra o coordenador da vacinação, Gouveia e Melo.

Com o escalar da atividade dos movimentos negacionistas, o vice-almirante passou a ter proteção do corpo de segurança pessoal da PSP. O encontro desta sábado foi mobilizado em várias páginas, sem referências a Ferro Rodrigues. Um dos apelos à participação partiu de Fernando Nobre, presidente da AMI, que discursaria durante o protesto.

Afirmações contra Ferro Rodrigues já tinham levado o Ministério Público em agosto a instaurar um processo-crime contra o juiz Rui Fonseca e Castro, depois de um vídeo nas redes sociais em que chama pedófilo ao presidente da AR. Ontem a página do movimento Habeas Corpus, criado pelo juiz, partilhou um vídeo de uma entrevista a Dias André, o inspetor da Policia Judiciária que investigou o processo Casa Pia.