Pela primeira vez desde o nefasto dia 11 de Setembro de 2001, o FBI divulgou, este sábado, dia em que se assinalou o vigésimo aniversário do ataque, o primeiro documento desclassificado relacionado com a investigação aos ataques e às alegações do envolvimento do Governo da Arábia Saudita.
A publicação do documento de 16 páginas, redigido em 2016 e parcialmente censurado, surgiu de uma ordem executiva do Presidente Joe Biden e oferece detalhes sobre a logística do apoio de um oficial saudita e um alegado agente dos serviços de inteligência deste país, infiltrado na Califórnia, Omar al-Bayoumi, a pelo menos dois homens, Nawafal-Hazmi e Khalid al-Mihdhar, que desviaram os aviões do atentado.
O documento, baseado em entrevistas realizadas em 2009 e 2015, com uma fonte cuja identidade é mantida em segredo, detalha o envolvimento de al-Bayoumi, que o FBI descreve como “profundamente envolvido em oferecer ‘assistência nas viagens, na estadia e financiamento’ dos dois sequestradores”, cita a CNN. “A ajuda de Bayoumi a Hamzi e Midha incluía traduções, viagens, alojamento e financiamento”, lê-se na nota.
A fonte afirmou que al-Bayoumi, que mencionava com frequência a ‘jihad’, apesar do seu estatuto oficial de estudante, ocupava “uma posição muito elevada” no consulado saudita.
O documento revela ainda ligações inéditas entre os sequestradores e Fahad al-Thumairy, imã conservador de uma mesquita de Los Angeles e diplomata acreditado no consulado saudita no final dos anos 1990. Estas são as ligações mais fortes do que se conheciam até agora entre estes três homens.
A nota estabelece igualmente outras ligações, de al-Bayoumi e Thumairy com o americano-iemenita Anouar al-Aulaqi, propagandista da al-Qaida na península arábica, morto por ‘drones’ americanos no Iémen em setembro de 2011.
No entanto, este documento não oferece qualquer ligação direta entre o Governo de Riade e os piratas do ar, uma ligação que o Governo da Arábia Saudita sempre negou, apesar de 15 dos 19 homens envolvidos nos atentados serem sauditas.
“Como revelaram investigações anteriores, incluindo a Comissão do 11 de Setembro e a divulgação das chamadas ‘28 Páginas’, nunca surgiram quaisquer provas que indicassem que o Governo saudita ou os seus funcionários tivessem conhecimento prévio do ataque terrorista ou estivessem de alguma forma envolvidos”, afirmou a embaixada saudita, através de uma declaração emitida a 8 de Setembro.
A ordem de Joe Biden para desclassificar estes documentos surgiu depois de uma sucessiva pressão por parte das famílias das vítimas que procuram recorrer a tribunais para processarem os oficiais da Arábia Saudita alegadamente envolvidos na organização dos atentados que provocaram cerca de 2500 mortos e mais de 20 mil feridos.
“Agora os segredos dos sauditas estão expostos e já é tempo de o país assumir o papel dos seus funcionários no assassinato de milhares de pessoas em solo americano”, disse, em nome da organização 9/11 Families United, Terry Strada.