O que ficará para a História da governação de António Costa?
Daqui a algumas décadas, quantas páginas lhe dedicarão os livros de História? Ou terá apenas direito a uma nota de rodapé?
Será talvez ainda cedo para balanços, dirão uns.
Na verdade, António Costa deverá ficar tranquilamente até ao final desta legislatura e poderá até continuar, se assim entender.
Mas, um primeiro-ministro que já dura há seis anos terá certamente obra feita que merece ser analisada.
Qual então a primeira grande novidade que nos trouxe António Costa? A criação da denominada ‘‘geringonça’’ que trouxe para a esfera do poder dois partidos que, até então, viviam nas margens: PCP e BE.
Terá sido esta habilidade positiva para a vida portuguesa?
Do ponto de vista da paz social, sim.
Do ponto de vista das alterações estruturais que o país necessita e que vê adiadas há décadas, não.
A governação de Costa tem-se caracterizado pela gestão à vista, sem qualquer perspetiva de futuro a médio ou longo prazo.
É verdade que a pandemia complicou as contas e que, valha a verdade, foi combatida com determinação e que os resultados da vacinação ajudam a concluir que esse combate se saldou num êxito. Um ponto importante a favor de Costa e do seu Governo.
É também verdade que se prevê uma forte aposta na ferrovia, abandonada também há décadas, o que pode significar uma nova vida nas nossas vias de comunicação.
Mas, e que mais?
De um Governo que não tem praticamente oposição esperava-se muito mais.
Houve alguma alteração significativa na ética política, na melhoria da relação dos cidadãos com as instituições?
Terminou o compadrio, o nepotismo e a corrupção ou, pelo menos, notou-se um combate decidido contra estes cancros da nossa democracia?
Será necessário refletir sobre a ascensão da extrema-direita, exatamente neste período.
As eleições autárquicas vão certamente trazer alterações políticas, mas não se prevê que atinjam os partidos da esfera do poder.
Sem oposição visível e credível, António Costa segue o seu caminho. Até quando, é a incógnita.
Jornalista