Apesar das incertezas e também receios em mais um regresso às aulas face à pandemia, a verdade é que há regras que não podem escapar. A compra de material escolar é uma dessas exigências. A maioria das famílias portuguesas olham para esta tarefa como mais contas para pagar.
De acordo com o estudo realizado pelo Observador Cetelem, está previsto gastarem, em média, 335 euros no regresso às aulas. Ou seja, praticamente o mesmo do que foi gasto no ano passado: 340 euros.
O documento alerta, no entanto, para o facto de a segurança sanitária, a adaptação a uma nova escola e a recuperação da aprendizagem surgirem como as principais preocupações dos encarregados de educação para o novo ano letivo.
“Apesar destas preocupações, 8 em 10 encarregados de educação estão confiantes que o ano letivo vai correr melhor que o anterior, com 18% a revelarem otimismo ao afirmarem-se convictos de que irá correr muito melhor. O otimismo dos encarregados de educação acompanha a evolução dos ciclos de ensino, sendo menor no pré-escolar (com score médio de 3,81 numa escala de 1 a 5) e maior no ensino superior (4,20). É no grande Porto (4,12) e nas regiões Sul (4,08) e Centro (4,01) que se regista maior otimismo”.
A categoria identificada como material escolar essencial – mochilas, cadernos e canetas (98%) – lidera as intenções de compra.
Em segundo lugar está o equipamento para a realização de educação física (84%), seguido pelos artigos de vestuário e calçado (72%), pelo material de apoio (64%). “A procura por equipamentos tecnológicos é maior a partir do 3º ciclo, nomeadamente por computadores portáteis e fixos (24% e 18%), calculadoras (29%), periféricos (25%) e impressoras (23%).
É, no entanto, a partir do secundário e no ensino superior que ganha maior expressão, com valores registados acima da média. Há também uma maior intenção de comprar produtos tecnológicos no ensino privado do que no público”, diz o mesmo estudo.
É certo que quanto mais avançado é o ciclo de estudos, mais os encarregados de educação consideram que é fácil tornar as compras do regresso às aulas mais sustentáveis.
Ainda assim, “há mais opiniões favoráveis a esta ideia na região Norte (71%) e na Grande Lisboa (70%) e menos no Centro (41%). Comprar só o necessário (60%) é a prática mais comum em todos os ciclos de ensino, excetuando no ensino superior onde se destaca em primeiro a reutilização de materiais (63%)”.
A preferência por materiais sustentáveis é maior no ensino superior – com 72% a dizer que, pelo menos, algum do material será ecológico – e menor no 2.º ciclo (59%). Há também uma maior procura entre os encarregados de educação com filhos no ensino público (24%) e em Lisboa (79%).
Também a maioria tenciona fazer poupanças aproveitando promoções. No entanto, verifica-se um aumento face ao ano anterior do número de encarregados de educação que compram menos materiais (+12 p.p.) e que vão reutilizar de outros estudantes (+12 p.p.). É no grande Porto (74%) que mais encarregados de educação dizem que terão de poupar este ano.
Recorrer aos sites na internet das editoras e dos livros pode fazer toda a diferença no momento de pagar. Estes livros são exatamente iguais aos que poderia comprar numa loja física, mas as cadeias oferecem uma percentagem de desconto pela encomenda online, bem como outras condições favoráveis, nomeadamente portes gratuitos ou vales de desconto para compras futuras.
A escolha é variada: a Wook, a Porto Editora, o Continente (descontos em cartão tanto nos manuais como no material escolar), a Leya e a Bertrand oferecem descontos nas compras feitas online e as “promoções” poderão ser ainda maiores em determinados materiais, como dicionários e livros de preparação para os testes, etc. Mas os preços reduzidos não ficam por aqui. Os hipermercados também estão a fazer promoções ao material escolar.
Hipermercados
As grandes superfícies continuam a ser os locais eleitos pelos consumidores para fazer compras. Os híper e supermercados são o local escolhido pela grande maioria dos portugueses (83%) para comprar o material escolar para o próximo ano letivo. Um aumento de 7 pontos percentuais (p.p.) face a 2020 (76%) entre os que elegem estes estabelecimentos.
Em segundo lugar, no top de preferências, encontram-se as livrarias e lojas especializadas, que reúnem 52% das preferências (versus 53% no ano anterior). Já as papelarias tradicionais, registam um aumento de 14 pontos face a 2020 (36%), sendo o local eleito por 50% dos portugueses.
“A maioria dos encarregados de educação começa a fazer as suas compras duas semanas antes das aulas iniciarem. As lojas físicas continuam a ser a grande preferência dos portugueses, quando chega o momento de comprar o material escolar (69%), mas 27% tencionam fazer também compras online. É no Grande Porto (36%), na região Sul (33%) e no Secundário e Superior (ambos com 33%), que encontramos mais encarregados de educação a dizer que se irão realizar tanto compras online como em lojas físicas”, diz o documento.
Crédito com menor peso
Esta é uma das formas encontradas pelas famílias portuguesas para fazerem face a estes gastos habituais no início de cada ano letivo. No entanto, essa escolha de recorrer ao crédito implica juros, tornando o material mais caro do que realmente é.
Apesar de prometerem como vantagens a celeridade, a comodidade e a menor burocracia, os créditos rápidos implicam sempre juros mais elevados, o que pode vir a complicar ainda mais a situação financeira da família. Mas para aqueles que não têm outra alternativa e estão a pensar em pedir um financiamento a curto prazo, a utilização do cartão de crédito ou o saldo a descoberto da conta-ordenado podem ser as melhores soluções.
Mas ao contrário de anos anteriores, esta modalidade está a ganhar menos adeptos. “Dois em cada 10 encarregados de educação tencionam utilizar o cartão de crédito no regresso às aulas, sendo este o valor mais baixo dos últimos 5 anos – sendo de 33% em 2020, 26% nos dois anos anteriores e de 41% em 2017. Já o montante a gastar aumenta cerca de 40 euros entre os que tencionam utilizar cartão de crédito. A intenção de pedir um crédito pessoal para despesas do regresso às aulas é inferior, com apenas 1 em cada 10 encarregados a ponderar essa opção”, refere o mesmo estudo.
Por outro lado, e tal como aconteceu em anos anteriores, há muitas famílias a optarem por usar os cartões de fidelidade para fazer compras.
Cinco dicas para poupar
1 – Fazer uma lista: Orçamento. Antes de ir às compras, opte por fazer um levantamento de todo o material de que precisa e do dinheiro que tem disponível para gastar. Desta forma é mais fácil evitar aquisições impulsivas e supérfluas. Tente partilhar esse valor com o seu filho. Esta é uma boa altura para ensinar as crianças a gerir o seu próprio orçamento, a tomar decisões e a perceber como funciona o dinheiro.
2 – Reutilizar material: Reciclar. Pode também aproveitar esta altura para rever o que tem em casa e decidir o que pode ser reutilizado. Há sempre materiais que podem ser aproveitados de um ano para o outro. Aposte em reciclar o que pode ser usado, dando-lhe um aspeto mais novo e personalizado. Por exemplo, mochilas e estojos podem facilmente ser reutilizados num novo ano escolar.
3 – Comparar preços: Analisar. Os hipermercados já começaram as campanhas de regresso às aulas. A oferta é variada, há produtos para todos e a todos os preços. Por isso mesmo, antes de comprar, analise toda a oferta existente, esteja atento aos folhetos promocionais que recebe no correio e escolha quem apresentar os preços mais baixos. Pode também optar por comprar através da internet. Há casos em que é possível obter descontos na ordem dos 10%. Basta comparar.
4 – Escolher marcas brancas: Reduzir fatura. As marcas são mais caras do que os produtos de marca branca e cumprem a mesma função. Se optar pelos segundos consegue poupar largos euros na fatura final. Por exemplo, se está a pensar comprar uma mochila de marca, prepare-se para desembolsar mais de 30 euros, mas se optar pela compra de uma mochila simples, sem marca, à venda num hipermercado, a despesa não ultrapassará os cinco euros.
5 – Ter cuidado com o crédito: Endividar-se. Recorrer a um crédito pode ser uma ideia tentadora para fazer face aos gastos excecionais nesta altura do ano, mas há que ter cuidado. É necessário fazer muito bem as contas e ver se o seu orçamento familiar comporta mais um crédito, sobretudo se este implicar o pagamento de juros. Pode, no entanto, optar por fazer crédito sem juros, que é disponibilizado nalgumas lojas. Mas confirme se é mesmo 0% de juros.