Preciosidade sem preço


Montessori projetou um revolucionário sistema educacional no intuito de ajudar as crianças pobres e mais desfavorecidas. 


Há dois anos atrás aderimos, em família, a um método de que eu nunca tinha ouvido falar – Método Montessori. Fizemos demoradas leituras, adquirimos alguns materiais didáticos, trocámos ideias com quem sabe do assunto.

Quando temos filhos e não queremos que estes sejam reféns dos ecrãs, precisamos de encontrar alternativas, de encontrar boas soluções que os ajudem a ser seres humanos realizados, felizes, completos, mais amados. 

Foi escrito esta semana na imprensa que a China está preocupada com o desenvolvimento das suas crianças por causa do tempo que estas passam diante de ecrãs a jogar. Por isso, o governo decidiu limitar a utilização de jogos online aos dias de sexta, sábado e domingo das vinte às vinte e uma horas, reservando-se o direito e o dever de fiscalização. 

Maria Montessori tinha 28 anos quando, em 1898, começou a ser visita assídua de um hospício em Roma. Tal experiência perturbou-a. A forma negligente como as crianças que ali viviam eram tratadas, horrorizou-a – sujas, esfarrapadas, famintas, isoladas. Os visitantes ofereciam-lhes comida atirando-a para chão.

Circunstâncias desumanas, decadentes, de uma pobreza extrema em todos os níveis. Entre estas crianças havia deficientes mentais, doentes epiléticos, autistas, surdos. Na época eram casos considerados perdidos, razão pela qual se viam isoladas, privadas do mundo, da liberdade, do amor. 

Montessori projetou um revolucionário sistema educacional no intuito de ajudar as crianças pobres e mais desfavorecidas. Encontrou uma forma de libertar aqueles pequeninos de uma vida para sempre injusta e isolada.

Além de ter sido das primeiras mulheres, na Roma do seu tempo, a formar-se em Medicina, conheceu de perto a realidade das famílias mais pobres e carenciadas ao visitar e conviver com elas quotidianamente; decidiu avançar com o seu método partindo do pressuposto de que a educação deve ser uma técnica de amor e de respeito concluindo por isso que a criança é uma fonte de amor: quando a tocamos, tocamos o amor.

Os pequenos, disse Maria Montessori, não devem ser perseguidos, forçados ou dirigidos. Nem recompensados, nem punidos, nem mesmo corrigidos. Devem ser respeitados e, sem interferência, libertados num ambiente em que tudo (espaço, móveis, objetos) esteja à sua medida. A grande pedagoga defendeu que a criança possui um cérebro muito poderoso, capaz de uma grande concentração.

Além disso, a criança é capaz de se auto educar se for respeitada desde cedo e se tiver permissão para trabalhar ao seu próprio ritmo. A criança que cresce segundo esta pedagogia torna-se autónoma, criativa, responsável.

Este método que me vai dando provas da sua eficácia, gostava eu de o ver aplicado ao ensino público para benefício de todos. No entanto, o método Montessori beneficia principalmente famílias ricas, capazes de suportar as despesas com as escolas e com os materiais. Não é justo que assim seja. Um método que nasceu para os pobres, tornou-se refém dos privilegiados.

Preciosidade sem preço


Montessori projetou um revolucionário sistema educacional no intuito de ajudar as crianças pobres e mais desfavorecidas. 


Há dois anos atrás aderimos, em família, a um método de que eu nunca tinha ouvido falar – Método Montessori. Fizemos demoradas leituras, adquirimos alguns materiais didáticos, trocámos ideias com quem sabe do assunto.

Quando temos filhos e não queremos que estes sejam reféns dos ecrãs, precisamos de encontrar alternativas, de encontrar boas soluções que os ajudem a ser seres humanos realizados, felizes, completos, mais amados. 

Foi escrito esta semana na imprensa que a China está preocupada com o desenvolvimento das suas crianças por causa do tempo que estas passam diante de ecrãs a jogar. Por isso, o governo decidiu limitar a utilização de jogos online aos dias de sexta, sábado e domingo das vinte às vinte e uma horas, reservando-se o direito e o dever de fiscalização. 

Maria Montessori tinha 28 anos quando, em 1898, começou a ser visita assídua de um hospício em Roma. Tal experiência perturbou-a. A forma negligente como as crianças que ali viviam eram tratadas, horrorizou-a – sujas, esfarrapadas, famintas, isoladas. Os visitantes ofereciam-lhes comida atirando-a para chão.

Circunstâncias desumanas, decadentes, de uma pobreza extrema em todos os níveis. Entre estas crianças havia deficientes mentais, doentes epiléticos, autistas, surdos. Na época eram casos considerados perdidos, razão pela qual se viam isoladas, privadas do mundo, da liberdade, do amor. 

Montessori projetou um revolucionário sistema educacional no intuito de ajudar as crianças pobres e mais desfavorecidas. Encontrou uma forma de libertar aqueles pequeninos de uma vida para sempre injusta e isolada.

Além de ter sido das primeiras mulheres, na Roma do seu tempo, a formar-se em Medicina, conheceu de perto a realidade das famílias mais pobres e carenciadas ao visitar e conviver com elas quotidianamente; decidiu avançar com o seu método partindo do pressuposto de que a educação deve ser uma técnica de amor e de respeito concluindo por isso que a criança é uma fonte de amor: quando a tocamos, tocamos o amor.

Os pequenos, disse Maria Montessori, não devem ser perseguidos, forçados ou dirigidos. Nem recompensados, nem punidos, nem mesmo corrigidos. Devem ser respeitados e, sem interferência, libertados num ambiente em que tudo (espaço, móveis, objetos) esteja à sua medida. A grande pedagoga defendeu que a criança possui um cérebro muito poderoso, capaz de uma grande concentração.

Além disso, a criança é capaz de se auto educar se for respeitada desde cedo e se tiver permissão para trabalhar ao seu próprio ritmo. A criança que cresce segundo esta pedagogia torna-se autónoma, criativa, responsável.

Este método que me vai dando provas da sua eficácia, gostava eu de o ver aplicado ao ensino público para benefício de todos. No entanto, o método Montessori beneficia principalmente famílias ricas, capazes de suportar as despesas com as escolas e com os materiais. Não é justo que assim seja. Um método que nasceu para os pobres, tornou-se refém dos privilegiados.