Sempre que ouço António Costa falar fico com a clara sensação que passou ao lado de uma grande carreira cinematográfica. Seria aquilo a que se chama um actor completo, capaz de interpretar qualquer trama.
O mais recente congresso do PS demonstrou-o uma vez mais. Grande artista, sem dúvida. Grande artista e grande elenco a acompanhá-lo.
Foi contagiante assistir à forma como se branqueou a incompetência do Governo. Mas contagiante de urticária tal não é a comichão ao ouvir tanta alarvidade.
E a maneira como embebedou o seu partido num discurso vazio de conteúdo e que apenas serviu para mandar calar a sua oposição interna mais directa?
Logo ele que não consegue pronunciar uma palavra com mais de três sílabas sem se engasgar. Anedótico. Só faltou haver grades de minis e um porco no espeto para que aquilo fosse um verdadeiro arraial.
Na boca de Costa, Portugal está maravilhoso, dificuldades não é connosco, o futuro vai ser maravilhoso e o próprio PS, internamente, é quase tão pacífico como um convento em regime de total recolhimento.
Até Marta Temido teve direito a receber o seu cartão de militante como se de uma grande contratação se tratasse. O que Costa inventa para poder calar Pedro Nuno Santos que lhe começa a pisar os calos.
Para lá de todo este circo, o grande problema é o Portugal verdadeiro. Portugal onde está tudo no fio da navalha, onde grandes empresas continuam a falir ou a fazer despedimentos colectivos. Portugal em que a nova remodelação da tabela da ADSE vai significar uma forte perda de qualidade do Sistema Nacional de Saúde nalgumas das suas valências.
Curiosamente, o mesmo Sistema Nacional de Saúde que Costa tanto elogiou. Grande lata. Costa fez bem em elogiar. Mas devia ter dito que o seu elogio ainda é maior porque lidar com um primeiro-ministro tão incompetente e tão básico como ele, não é para todos.
O que se passou no Congresso do PS é do domínio patológico. Coisa que não me preocupa pelos socialistas mas porque é nas mãos dos socialistas que Portugal ainda se encontra.
Tenham vergonha. Não se admite tamanha palhaçada e falta de seriedade.