Depois de ser divulgado este sábado que António Costa foi reeleito secretário-geral do PS, em junho, com 21.888 votos expressos, representando 94% do total de votantes, o também primeiro-ministro iniciou o seu discurso no 23.º Congresso do partido, que decorre em Portimão, com um agradecimento a todos os militantes.
“Quero naturalmente agradecer a todas e todos militantes que votaram em mim para ser reeleito pela quarta vez secretário-geral do PS. Agradeço com emoção, muito particular, porque era difícil imaginar um momento onde fosse tão honroso poder liderar um partido como o PS — num momento tão exigente mas ao mesmo tempo tão empolgante da vida nacional, em que todos temos de nos mobilizar para acabar de vez com esta pandemia, para superar esta crise”, começou por dizer.
Costa aproveitou o momento para homenagear os profissionais de saúde, provocando uma ovação de pé na sala, e agradeceu ainda a “todos os portugueses em geral” pelo sentido cívico e cumprimento das regras sanitárias. Logo depois, o secretário-geral do PS deu seguimento ao tema com um ataque aos Governos de direita, lembrando os “cortes” no SNS.
“Sem um Estado Social forte, não teríamos tido músculo da Segurança Social a apoiar rendimentos, empresas. E não teríamos tido um SNS que foi a grande resposta a esta pandemia. Depois de anos de campanha contra o SNS, sobre o caos do SNS, quando as coisas apertaram à séria foi mesmo o SNS que deu a resposta a todas e todos os portugueses”, sublinhou.
“Este resultado é certamente fruto da excelência dos profissionais de saúde mas é também fruto de termos logo em 2016 definido o reforço do SNS como prioridade. Ao longo da última legislatura, em conjunto com nossos parceiros parlamentares, repusemos ao longo de quatro anos a totalidade de cortes que a direita tinha feito ao SNS nos anos em que governou. No ano passado, início do ano, antes da pandemia, aprovámos OE para 2020 com o maior reforço de sempre da dotação inicial do SNS. E quando a pandemia chegou, não hesitámos em fazer orçamento suplementar”, acrescentou.
Costa considerou que o Governo socialista demonstrou que é possível responder sem “austeridade” às crises.
“Recordemos o que aconteceu na crise passada — não foi só no Algarve que tivemos números recorde de desemprego. Em 2013 o desemprego chegou aos 18,5%. Nesta crise, quando tivemos a maior queda do PIB alguma vez tida em Portugal, com setores de atividade inteiramente parados e com setores tão importantes como o turismo encerrado, o desemprego não ultrapassou os 8% e estamos nos 6,7%, já inferior ao que tínhamos antes da chegada da Covid”, disse.
“Foi importante esse investimento no rendimento, essa mensagem clara que dirigimos de que não vamos deixar as empresas morrer e os postos de trabalho desaparecer, que vamos proteger os rendimentos. Ao contrário do que a direita pensa, não é cortando rendimentos que damos confiança a quem quer investir”, destacou, defendendo que Portugal está numa “trajetória de recuperação”, crescendo “acima da zona euro e da UE”.
Já depois de congratular com as “contas certas”, Costa sublinhou que a UE é essencial para responder às crises globais, exemplificando com a aquisição centralizada de vacinas, e lembrou a presidência portuguesa da UE.
“É uma honra para Portugal termos presidido à UE num momento tão difícil e termos conseguido que tudo o que era necessário aprovar para pôr em marcha o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tenha sido aprovado na nossa presidência. Sim, esta foi uma presidência em que dissemos que era tempo de agir e cumprimos”, disse.
“Precisamos de acelerar a resposta a muitas das vulnerabilidades que a pandemia tornou mais evidente. Nenhuma delas nos surpreende e todas estavam no nosso programa de Governo como merecendo ter uma resposta forte nesta legislatura. Mas temos agora de acelerar essa execução”, considerou, acrescentando que o PRR vai resolver “fragilidades” na habitação, transportes e cuidados integrados.
O secretário-geral do PS terminou o seu discurso pedindo numa nova vitória nas autárquicas.
“Esta é uma tarefa para a qual estamos todos convocados. Este não é o tempo de estarmos ausentes, é de estarmos presentes. Não de estarmos desanimados, mas de nos animarmos. É tempo de arregaçar as mangas”, apelou.
“Nós não somos um partido qualquer. Somos o maior partido autárquico do país (…) Vamos construir uma nova vitória! Temos um futuro para garantir. Estamos no caminho certo para o conseguir”, rematou.