Reféns de medos reais e imaginários


Será que os holandeses e os ingleses estão redondamente enganados e acabarão por pagar cara a sua negligência? Ou seremos nós, pelo contrário, que estamos a pecar por excesso de prudência?


Quem acompanhou anteontem pela televisão o jogo entre o Benfica e o PSV no Philips Stadion, em Eindhoven, não pôde deixar de interrogar-se se fará sentido as regras de controlo da pandemia manterem-se tão apertadas em Portugal. Uma coisa é sermos apologistas do “mais vale prevenir que remediar”; outra é ignorarmos por completo o que se passa no mundo à nossa volta.

E o que se viu na Holanda, mas também em Inglaterra, foram bancadas cheias de adeptos eufóricos sem máscara. Afinal, foi para isso que se vacinou a população:para que todos possamos voltar à normalidade.

Mas por cá a lotação máxima nos recintos desportivos continua limitada a um terço, ou seja, dois lugares vazios para cada lugar ocupado.

Será que os holandeses e os ingleses estão redondamente enganados e acabarão por pagar cara a sua negligência? Ou seremos nós, pelo contrário, que estamos a pecar por excesso de prudência?

O problema é que esse excesso de prudência também tem um preço associado. Não me refiro apenas aos custos para a economia. Estou a pensar, por exemplo, nos custos para a saúde mental (e física, pois são indissociáveis). Muitas pessoas continuam reféns do medo, saindo o menos possível, expondo-se o mínimo, evitando todos os contactos. Mesmo depois de serem vacinadas sentem-se inseguras mal põem um pé fora de casa.

E as notícias constantes sobre o número de contágios e de mortes por covid-19 alimentam esses receios e essa “mentalidade de cativeiro”. Se não temos números diários das mortes nas estradas, por afogamento, por ataque cardíaco, por doença prolongada, por gripe ou pneumonia – por que havemos de continuar a ser bombardeados constantemente com o número de mortos por covid? Já vai sendo altura de começarmos a libertar-nos desses medos reais ou imaginários.

Para quem anseia voltar à vida normal, ver os adeptos holandeses e ingleses a encher os estádios foi uma lufada de ar fresco. Sem querer fazer deles cobaias, se por lá a pandemia continuar controlada, é sinal de que podemos, se não esquecer a covid, pelo menos começar a pensar noutras coisas.

Reféns de medos reais e imaginários


Será que os holandeses e os ingleses estão redondamente enganados e acabarão por pagar cara a sua negligência? Ou seremos nós, pelo contrário, que estamos a pecar por excesso de prudência?


Quem acompanhou anteontem pela televisão o jogo entre o Benfica e o PSV no Philips Stadion, em Eindhoven, não pôde deixar de interrogar-se se fará sentido as regras de controlo da pandemia manterem-se tão apertadas em Portugal. Uma coisa é sermos apologistas do “mais vale prevenir que remediar”; outra é ignorarmos por completo o que se passa no mundo à nossa volta.

E o que se viu na Holanda, mas também em Inglaterra, foram bancadas cheias de adeptos eufóricos sem máscara. Afinal, foi para isso que se vacinou a população:para que todos possamos voltar à normalidade.

Mas por cá a lotação máxima nos recintos desportivos continua limitada a um terço, ou seja, dois lugares vazios para cada lugar ocupado.

Será que os holandeses e os ingleses estão redondamente enganados e acabarão por pagar cara a sua negligência? Ou seremos nós, pelo contrário, que estamos a pecar por excesso de prudência?

O problema é que esse excesso de prudência também tem um preço associado. Não me refiro apenas aos custos para a economia. Estou a pensar, por exemplo, nos custos para a saúde mental (e física, pois são indissociáveis). Muitas pessoas continuam reféns do medo, saindo o menos possível, expondo-se o mínimo, evitando todos os contactos. Mesmo depois de serem vacinadas sentem-se inseguras mal põem um pé fora de casa.

E as notícias constantes sobre o número de contágios e de mortes por covid-19 alimentam esses receios e essa “mentalidade de cativeiro”. Se não temos números diários das mortes nas estradas, por afogamento, por ataque cardíaco, por doença prolongada, por gripe ou pneumonia – por que havemos de continuar a ser bombardeados constantemente com o número de mortos por covid? Já vai sendo altura de começarmos a libertar-nos desses medos reais ou imaginários.

Para quem anseia voltar à vida normal, ver os adeptos holandeses e ingleses a encher os estádios foi uma lufada de ar fresco. Sem querer fazer deles cobaias, se por lá a pandemia continuar controlada, é sinal de que podemos, se não esquecer a covid, pelo menos começar a pensar noutras coisas.