NBA. Sacramento vencem uma Summer League recheada  «de talento

NBA. Sacramento vencem uma Summer League recheada «de talento


A equipa do português Neemias Queta venceu a Summer League, competição destinada a mostrar os jovens talentos das equipas, numa edição recheada de futuras estrelas.


Os Sacramento Kings, equipa da NBA que selecionou o português Neemias Queta na edição de 2021 do draft, venceram a Summer League depois de terem abalroado os Boston Celtics por 100 pontos contra 67.

Liderados por Louis King, que registou 21 pontos e quatro triplos em oito tentativas, e por Jahmi’us Ramsey, que concretizou 16 pontos, a turma de Sacramento voltou a conquistar a Summer League de Las Vegas, sete anos depois de ter conseguido realizar essa proeza em 2014, frente aos Houston Rockets.

Para Neemias Queta, a Summer League, competição onde só participam jogadores de primeiro e segundo ano e veteranos que assinaram com equipas depois de estarem sem contrato, foi um torneio de altos e baixos.

Depois de um arranque em que deixou uma boa impressão, nos dois últimos desafios o português só conseguiu somar um ponto e não jogou mais de 15 minutos em cada desafio.

Mas isto não é um sinal de alerta, nem o facto de Queta ter assinado um contrato “two-way”, um vínculo que permite que atletas sejam utilizados na NBA como na G-League, uma espécie de liga de desenvolvimento, composta por “equipas B” diretamente ligadas aos principais franchises da maior liga de basquetebol do mundo.

Queta não é o primeiro nem será o último jogador escolhido no draft que vai parar à G-League. Atletas como Khris Middleton, selecionado duas vezes para participar no jogo de All-Stars e uma das principais figuras da equipa dos Milwaukee Bucks, que este ano se sagrou campeã, ou Danny Green, três vezes campeão, com os San Antonio Spurs, Toronto Raptors e Los Angeles Lakers, tiveram que provar o seu valor na liga de desenvolvimento antes de pisar palcos maiores.

Ainda para mais, a posição onde Neemias joga, a poste, é uma das mais complexas e difíceis e de dominar, sendo raro encontrar atletas com a sua estatura, 2,13 metros e 111 quilos, que estejam imediatamente prontos para jogar ao nível da NBA. Apesar de ser um dos jogadores de elite a nível defensivo, o poste francês Rudy Gobert, depois de uma época de estreia medíocre pelos Utah Jazz, foi integrado na equipa da G-League onde refinou as suas capacidades. Desde então, Gobert regressou aos Jazz onde se tornou um pilar da equipa, foi selecionado para dois jogos de all-star e coroado três vezes como o melhor jogador defensivo da liga.

Tudo parece ser uma questão de tempo e paciência até Neemias se adaptar à velocidade e fisicalidade da liga norte-americana. Integrar o plantel dos Stockton Kings, a equipa de desenvolvimento dos Sacramento Kings, não é um passo atrás, é só um passo mais longo e demorado até ao sucesso.

Estaremos perante um draft histórico? Todos se recordam de gerações históricas como a de 1984, onde foram selecionados no draft atletas como Michael Jordan, Hakeem Olajuwon, John Stockton ou Charles Barkley, a de 1986, com Kobe Bryant, Allen Iverson e Steve Nash, ou a de 2003, protagonizada por LeBron James, Dwyane Wade, Chris Bosh e Carmelo Anthony.

Para a atual classe de “rookies”, ou caloiros, liderada pelos jogadores selecionados no top 5 – Cade Cunningham, Jalen Green, Evan Mobley, Scottie Barnes e Jalen Suggs – muitos analistas acreditam que esta também será uma geração de ouro.

Depois de no ano passado não ter acontecido Summer League, devido à pandemia provocada pela covid-19, o regresso desta competição foi uma surpresa positiva e um deleite para os dos fãs, uma vez que as jovens promessas tiveram rédea solta e mais oportunidades do que o habitual para se mostrarem.

Para muitos espectadores, esta foi a primeira oportunidade de observar Cade Cunningham, uma das maiores promessas da liga dos últimos anos, a fazer o que faz melhor.

O rookie selecionado pelos Detroit Pistons, comparado a astros como Luka Doncic ou Ben Simmons pela sua forma de jogar, um base construtor de jogo e passador exímio apesar de ser maior do que os habituais jogadores desta posição, deixou os adeptos da sua nova equipa a salivar por mais, depois de conseguir uma média de 18,7 pontos, 5,7 ressaltos e 2,3 assistências em três jogos.

Com a equipa ainda um pouco enferrujada, vão ser precisos bastantes jogos e algumas adaptações no plano de jogo até Cunningham e o outro base da equipa, o francês Killian Hayes, estarem em perfeita sintonia.

Os dois atletas mostram o melhor do seu jogo quando têm a bola nas mãos e ditam o que está a acontecer em campo, mas só há uma bola em jogo e o staff de Detroit, liderado por Dwane Casey, precisa de descobrir qual é a melhor maneira para utilizar os dois jogadores em simultâneo.

Apesar de Cunningham ter sido o atleta que mais curiosidade despertou, as suas performances acabaram por ter um sabor agridoce, uma vez que, em campo, assumia um papel secundário no ataque da equipa, com Hayes a assumir as rédeas da equipa.

Na ausência de um Cade mais “espetacular”, dois dos atletas que mais impressionaram, e que se colocam em boa posição para roubar o prémio de melhor rookie do ano ao número 1, foram os bases Jalen Green dos Houston Rockets e Jalen Suggs dos Orlando Magic.

Depois de uma época na G-League, Green é provavelmente o rookie que está mais bem preparado para disputar jogos ao nível da NBA e aquele com melhor “faro” para marcar pontos, com uma média de 20,3 pontos em apenas 24,1 minutos em três jogos. Já Suggs impressionou pela maturidade, capacidade atlética e versatilidade tanto a nível defensivo como ofensivo, acabando a Summer League com uma média de 15,3 pontos, 6,3 ressaltos e 2,3 assistências. Os dois jogadores só não revelaram ainda mais os seus dotes porque se lesionaram e falharam os jogos finais da competição.

Se os três atletas mencionados anteriormente surpreenderam pela positiva, o gigante Evan Mobley, dos Cleveland, deixou um pouco a desejar. As expetativas estavam bastante altas, apesar de ter sido selecionado em número três. Especialistas afirmam que Mobley tem tanto ou até mais potencial do que Cade, no entanto, terminou a liga com uma média de 11,3 pontos, 7,7 ressaltos e bloqueou cinco lançamentos em três jogos. Mas não há motivo para fazer soar alarmes. Tal como Queta, Mobley é um diamante em bruto e irá precisar de tempo até conseguir preparar as suas características físicas, 2,13 metros e 98 quilos, para se tornar um autêntico terror em campo.

Apesar das atenções estarem focadas nestes quatro jogadores, considerados como os maiores talentos do draft, os dois MVP’s da liga foram dois talentos inesperados, Davion Mitchell, base e colega de equipa de Neemias Queta, um dos melhores defesas desta classe, e Cam Thomas, um dos melhores finalizadores entre os atletas do presente draft.