E se o SNS fosse gerido por “almirantes”?


O PS não se cansa de dizer que o SNS é seu e daí ter enchidoos hospitais e os centros de saúde de camaradas e não de profissionais da gestão.


O país, isto é, os portugueses, neste como noutros planos, está num estado de profundo amorfismo convivendo com coisas extraordinárias na gestão do Estado, sem retirar lições e ilações e, mesmo perante o grotesco, deixa andar: estamos na república do deixa andar…

Convém então lembrar que o Oficial da Armada era número 2 da “task force” da vacinação, sendo o número 1, um “encartado” militante do PS.

A coisa rapidamente evoluiu para mostrar que o ”cérebro” da missão não funcionava, os dias passavam e vacinação nem vê-la.

Foi então corrido por óbvia incapacidade de por a máquina do SNS – Serviço Nacional de Saúde a cumprir a sua missão.

Mas se o “aparatchick” do governo não foi capaz de proceder à operação de coordenação entre quem produzia vacinas, a logística de recepção e distribuição e a mobilização de pessoal médico e paramédico para inocular, para o oficial da Armada foi um “passeio”, provando que é possível vacinar 10 milhões de portugueses em pressão contra o tempo.

Importa então fixar alguns elementos conclusivos, de avaliação do significado de tudo isto e do sinal que tudo isto contempla.

E as perguntas surgem naturalmente…

Que SNS teríamos se por exemplo, o administrador do hospital A, geógrafo de formação, habituado a tratar de geografia e agora mandatário para assegurar a representação do partido e não para gerir doentes, médicos e milhões de euros, ali não estivesse a ocupar o lugar de um competente administrador hospitalar?

Que SNS teríamos se o administrador do hospital B não fosse engenheiro civil, especializado em terraplenagens, no lugar de um competente administrador hospitalar, e ali não estivesse apenas para assegurar os interesses do partido e não para gerir doentes, médicos e milhões de Euros do Orçamento?

Ora, dito isto sobre o manto genérico onde as excepções confirmam a regra, percebe-se melhor porque têm crescido os hospitais privados e aumentado os prejuízos nos públicos.

Percebe-se melhor porque razão a vacinação não foi a repetição do caso de manifesta incapacidade de redução das listas de espera em cirurgias adiadas e consultas sem prazo…

E é neste contexto de um evento extraordinário, a pandemia, que se percebe por que razão o SNS não está dotado de quadros de topo provindos da seleção pelo mérito e não a orla casuística de pertencerem a um clube partidário que se assenhorou do país, sem mandato majoritário para tal.

Mil palavras de encómio ao SNS em certo contexto até não é dispiciendo, mas a realidade esconde o reino do favor e do privilégio partidário na nomeação de altos cargos de Administração…

Basta visitar certas nomeações em hospitais por esse país fora, para se concluir que a “competência” de um concelho ou região, se fixou apenas em um ou dois militantes partidários, que alternam entre si o cargo de presidente, conforme o respectivo partido está no governo.

O PS não se cansa de dizer que o SNS é seu e daí conclui dever conduzir-se como verdadeiro feitor da praça… e daí ter enchido os hospitais e os centros de saúde de camaradas e não de profissionais da gestão.

O caminho devia ser outro.

Declarar que o território da saúde pública é plural no domínio do mérito e da capacidade, e, em vez de se escolher um vice almirante de recurso, se fizesse disso uma prática estabelecida no recrutamento.

“Almirantes” sem farda e sem se importarem com o partido ou a origem, capazes de fazer melhor, muito melhor, que certos amanuenses que levantam o punho mas destroem o Estado.

E se o SNS fosse o reino dos “almirantes” do mérito e não do cartão do partido?

Jurista

E se o SNS fosse gerido por “almirantes”?


O PS não se cansa de dizer que o SNS é seu e daí ter enchidoos hospitais e os centros de saúde de camaradas e não de profissionais da gestão.


O país, isto é, os portugueses, neste como noutros planos, está num estado de profundo amorfismo convivendo com coisas extraordinárias na gestão do Estado, sem retirar lições e ilações e, mesmo perante o grotesco, deixa andar: estamos na república do deixa andar…

Convém então lembrar que o Oficial da Armada era número 2 da “task force” da vacinação, sendo o número 1, um “encartado” militante do PS.

A coisa rapidamente evoluiu para mostrar que o ”cérebro” da missão não funcionava, os dias passavam e vacinação nem vê-la.

Foi então corrido por óbvia incapacidade de por a máquina do SNS – Serviço Nacional de Saúde a cumprir a sua missão.

Mas se o “aparatchick” do governo não foi capaz de proceder à operação de coordenação entre quem produzia vacinas, a logística de recepção e distribuição e a mobilização de pessoal médico e paramédico para inocular, para o oficial da Armada foi um “passeio”, provando que é possível vacinar 10 milhões de portugueses em pressão contra o tempo.

Importa então fixar alguns elementos conclusivos, de avaliação do significado de tudo isto e do sinal que tudo isto contempla.

E as perguntas surgem naturalmente…

Que SNS teríamos se por exemplo, o administrador do hospital A, geógrafo de formação, habituado a tratar de geografia e agora mandatário para assegurar a representação do partido e não para gerir doentes, médicos e milhões de euros, ali não estivesse a ocupar o lugar de um competente administrador hospitalar?

Que SNS teríamos se o administrador do hospital B não fosse engenheiro civil, especializado em terraplenagens, no lugar de um competente administrador hospitalar, e ali não estivesse apenas para assegurar os interesses do partido e não para gerir doentes, médicos e milhões de Euros do Orçamento?

Ora, dito isto sobre o manto genérico onde as excepções confirmam a regra, percebe-se melhor porque têm crescido os hospitais privados e aumentado os prejuízos nos públicos.

Percebe-se melhor porque razão a vacinação não foi a repetição do caso de manifesta incapacidade de redução das listas de espera em cirurgias adiadas e consultas sem prazo…

E é neste contexto de um evento extraordinário, a pandemia, que se percebe por que razão o SNS não está dotado de quadros de topo provindos da seleção pelo mérito e não a orla casuística de pertencerem a um clube partidário que se assenhorou do país, sem mandato majoritário para tal.

Mil palavras de encómio ao SNS em certo contexto até não é dispiciendo, mas a realidade esconde o reino do favor e do privilégio partidário na nomeação de altos cargos de Administração…

Basta visitar certas nomeações em hospitais por esse país fora, para se concluir que a “competência” de um concelho ou região, se fixou apenas em um ou dois militantes partidários, que alternam entre si o cargo de presidente, conforme o respectivo partido está no governo.

O PS não se cansa de dizer que o SNS é seu e daí conclui dever conduzir-se como verdadeiro feitor da praça… e daí ter enchido os hospitais e os centros de saúde de camaradas e não de profissionais da gestão.

O caminho devia ser outro.

Declarar que o território da saúde pública é plural no domínio do mérito e da capacidade, e, em vez de se escolher um vice almirante de recurso, se fizesse disso uma prática estabelecida no recrutamento.

“Almirantes” sem farda e sem se importarem com o partido ou a origem, capazes de fazer melhor, muito melhor, que certos amanuenses que levantam o punho mas destroem o Estado.

E se o SNS fosse o reino dos “almirantes” do mérito e não do cartão do partido?

Jurista