O serviço de segurança federal da Rússia (FSB) deteve um cientista que chefiava um instituto especializado em tecnologias hipersónicas sob a acusação de "alta traição", noticiaram hoje as agências russas.
Trata-se de Alexander Kuranov, diretor-geral do Instituto de Investigação de Sistemas Hipersónicos da Universidade Politécnica do Estado de São Petersburgo, que é dirigido pela 'holding' Leninets.
De acordo com fontes citadas pelas agências TASS e Interfax, Alexander Kuranov foi preso por elementos da FSB durante uma operação especial.
Kuranov, de 73 anos, é acusado de ter transmitido "informações secretas" relacionadas com a sua investigação a um "cidadão estrangeiro", noticiaram as agências russas, citadas pela agência France-Presse.
A agência estatal Ria Novosti disse que os detalhes do caso não serão tornados públicos.
De acordo com o portal do instituto que dirige, NIPGuS, Aleksandr Kuranov é responsável por um ramo do departamento na Universidade Politécnica do estado de São Petersburgo relacionado com a inteligência artificial.
Kuranov é autor de mais de 120 trabalhos científicos e patentes e liderava a investigação sobre velocidades e tecnologias hipersónicas.
As tecnologias hipersónicas estão no cerne das novas armas atualmente a ser desenvolvidas por Moscovo, que o Presidente russo, Vladimir Putin, descreveu como invencíveis e capazes de ultrapassar qualquer escudo existente.
Entre estas novas armas, figuram o míssil Zircon, testado com êxito em julho, bem como o Kinjal e o Avangard, considerado a "arma suprema", já operacionais.
No entanto, não há provas que sugiram que Alexander Kuranov tenha estado envolvido no desenvolvimento destas armas.
Segundo o instituto, Alexander Kuranov "participou em associações internacionais e trabalhou sob as ordens de muitos países do mundo".
Foi também durante muitos anos o organizador de um congresso russo-norte-americano em São Petersburgo.
Os casos de alta traição ou espionagem contra cientistas, académicos ou mesmo cidadãos comuns multiplicaram-se nos últimos anos, à medida que as relações entre Moscovo e o Ocidente se deterioraram desde 2014.
Entre os casos mais controversos está o que visa Ivan Safronov, um conhecido ex-jornalista especializado em questões de defesa, que mantém ser inocente.
Num artigo publicado em julho, Safronov denunciou a arbitrariedade dos serviços de segurança e do poder judicial, que condena a ocorrência destes casos à porta fechada.
De acordo com Safronov, o sistema repressivo é tal que "qualquer pessoa que tenha tido contacto com um estrangeiro" pode ser acusada de traição na Rússia.