O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia ordenou hoje aos Estados Unidos para reduzirem a presença diplomática no país em resposta às novas sanções norte-americanas impostas segunda-feira por Washington.
"Propusemos ao lado norte-americano reduzir o pessoal da sua embaixada em Minsk para cinco pessoas até 01 de setembro", disse o porta-voz do ministério bielorrusso, Anatoly Glaz, num comunicado em que denuncia as ações "abertamente hostis" dos Estados Unidos.
"Enquanto Washington continuar a reduzir a cooperação em todos as áreas e a tentar sufocar economicamente o nosso país, não vemos, objetivamente, qualquer sentido na presença na Bielorrússia de uma equipa tão grande da missão norte-americana", explicou Glaz.
A Bielorrússia também revogou o acordo para a nomeação, no início do ano, de Julie Fischer como embaixadora dos Estados Unidos em Minsk, acrescentou Glaz.
Julie Fischer nunca chegou a ocupar o cargo.
Segunda-feira, os Estados Unidos impuseram as sanções mais duras até agora à economia bielorrussa e estabeleceram as bases para endurecer ainda mais as restrições, numa tentativa de reforçar o cerco ao Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
No aniversário dos protestos antigovernamentais contra a fraude eleitoral na Bielorrússia, Washington sancionou a Belaruskali – uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo – e o Comité Olímpico Nacional da Bielorrússia, bem como figuras e empresas importantes nos setores de energia, construção e tabaco.
Em coordenação com o Canadá e Reino Unido, que também anunciaram novas medidas sancionatórias, os Estados Unidos impuseram o pacote de sanções mais abrangente de sempre à Bielorrússia, que pune 44 empresas e cidadãos bielorrussos.
Parte das sanções serve também como uma reação ao desvio de um avião comercial civil da Ryanair para Minsk, em maio, para deter dois dos passageiros – o jornalista independente da oposição Roman Protasevich e a sua namorada.
Devido a este incidente, o Tesouro norte-americano bloqueou os bens sob jurisdição dos Estados Unidos do ministro dos Transportes da Bielorrússia, Alexei Avramenko, e do diretor da aviação civil do ministério, Artsiom Sikorski, entre outros.
As sanções permanecerão em vigor até que haja uma "investigação internacional legítima sobre o desvio do voo da Ryanair", que sejam libertados "todos os presos políticos", que se ponha fim à "perseguição de ativistas e dissidentes" e à concretização de "um diálogo político abrangente", para que se possam realizar "eleições livres e justas", indicou a Casa Branca.
Terça-feira, Lukashenko criticou as novas sanções de que foi alvo por parte de países ocidentais, acusando-os de pretenderem derrubar um regime aliado da Rússia.
"A única coisa que o Ocidente procura, ignorando desdenhosamente os resultados da expressão da vontade do povo bielorrusso, é uma mudança de poder na Bielorrússia", lê-se numa declaração do Governo de Minsk.
A reeleição de Lukashenko nas presidenciais de 2020, consideradas fraudulentas pela oposição e por vários países ocidentais, desencadeou uma onda de protestos sem precedentes na Bielorrússia, reprimida violentamente pelo regime.