Os incêndios na Argélia, que estão a devastar a zona este da capital, Algiers, já fizeram mais de 65 vítimas mortais, entre os quais se incluem 25 soldados que tentavam salvar residentes das chamas.
Enquanto os fogos devoram florestas, vilas e matam gado e as populações tentam combatê-los com o que podem, desde galhos de árvores ou com água atirada de rudimentares recipientes de plástico, o primeiro-ministro argelino, Ayman Benabderrahmane, disse que se trata de ataques que tiveram origem em “atividades criminosas” devido ao seu surgimento “altamente sincronizado”. “Apenas as mãos de criminosos poderiam ser responsáveis por começar incêndios em 50 zonas diferentes em simultâneo”, afirmou na televisão estatal.
A Argélia enfrenta um cenário muito preocupante devido às elevadas temperaturas e à falta de água, situação que levou o primeiro-ministro a pedir ajuda internacional de forma a atenuar os estragos e as vítimas destes fogos.
O Governo argelino encontra-se em “negociações avançadas com parceiros para alugar aviões e ajudar a acelerar o processo de extinção de incêndios”, esclareceu Benabderrahmane, enquanto o ministro do Interior, Kamel Beldjoud, garantiu que a prioridade é evitar mais vítimas e que iria compensar os afetados.
Já o Presidente Abdelmadjid Tebboune, expressou as condolências às famílias das vítimas, através do seu Twitter pessoal, e acrescentou que os soldados que morreram durante o incêndio são “mártires”.
Um mundo em chamas
A Argélia é o mais recente país a ser atingido por uma onda catastrófica de incêndios, nas últimas semanas, que também está a provocar graves estragos na Grécia, Turquia, Itália, Chipre e na zona oeste dos Estados Unidos.
A Grécia e a Turquia enfrentam uma onde de calor intensa que originou incêndios sem precedentes nos seus territórios.
Apesar da Turquia já ter conseguido controlar as chamas, a Grécia continua mergulhada no caos, com 586 focos de incêndio ativos enquanto mais de 850 bombeiros tentam controlar a situação.
Os incêndios prologam-se há mais de 10 dias e já fizeram mais de uma dezena de vítimas mortais.
Em Itália, o governo regional da Sicília foi obrigado a declarar estado de emergência depois de no passado fim de semana terem ocorrido 50 incêndios na ilha que está a enfrentar uma vaga de calor semelhante à vivida na Grécia, com temperaturas a superar os 45 graus.
No estado norte-americano do Oregon vive-se uma situação semelhante, com a governadora Kate Brown a ver-se obrigada a declarar estado de emergência depois de ter sido reportado que esta zona iria enfrentar uma onda de calor extremo. De recordar que, há dois meses, alguns locais do Oregon registou temperaturas acima de 46ºC.
Alterações vieram para ficar
O ano de 2021 está a ser marcado por catástrofes climáticas como ondas de calor extremo, incêndios devastadores ou cheias que fizeram mais de 150 vítimas mortais.
Enquanto estes incidentes assolam países à volta do globo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), um órgão das Nações Unidas, publicou um relatório onde revela que o mundo está a “ficar sem tempo” para responder às alterações climáticas, uma vez que registou um aumento da temperatura uma década mais cedo que o suposto.