Eletricidade sobre rodas. Viajar pelo país por menos de cinco euros

Eletricidade sobre rodas. Viajar pelo país por menos de cinco euros


Estudo mostra que a poupança na hora de atestar um veículo elétrico pode chegar aos 40 euros. Mas isso implica fazer o carregamento em casa.


Os carros elétricos continuam a conquistar espaço no mercado, tanto a nível nacional como no mundo. As razões são variadas mas destacam-se duas: a consciência ecológica e os preços.

Que os carros elétricos são os veículos mais amigos do ambiente é um dado adquirido, tanto que se ouve frequentemente a expressão “zero emissões” para os caracterizar. O que significa isto na prática? Por não serem movidos a combustíveis fósseis, os elétricos não emitem dióxido de carbono (ou qualquer gás), que provoca o efeito estufa. Numa altura em que o planeta sofre cada vez mais, este é um dado a ter em conta na altura de comprar um carro.

Claro que a curto prazo um carro elétrico vai ser mais dispendioso do que um a combustível. No entanto, esse valor começa a ser abatido na hora de pôr o automóvel em andamento.

Lisboa – Algarve por 5 euros De acordo com um estudo feito pela Selectra – uma empresa de comparação de tarifas de luz e de gás – a poupança na hora de “atestar” pode chegar aos 40 euros.

Em Portugal, os dois modelos mais vendidos de carros elétricos são o Tesla Model 3 e o Nissan Leaf e+. O primeiro tem uma bateria com capacidade para 50 KWh e o segundo uma bateria com capacidade para 40KWH.

Se o automóvel for carregado em casa, com o uso das Horas de Vazio da Tarifa BI-Horária, consegue pagar 0,09€ por KWh. No caso do Tesla, isto equivale a 5,68€ até ter a bateria cheia e no do Nissan 4,55€ – já contando com o IVA.

Agora, o que é o equivalente a “bateria cheia” em quilómetros? O Tesla Model 3 tem uma autonomia de 440 Km, o que significa que se circular a uma velocidade que não ultrapasse os 100 km/h pode fazer uma viagem de Lisboa ao Porto e de Lisboa ao Algarve por menos de 6€. O Nissan Leaf e+, apesar de ter uma autonomia menor (de 380 km), consegue levá-lo a percorrer o mesmo caminho, mas desta vez por menos de 5€.

De acordo com a Selectra, para percorrer 440 Km são gastos em média 45€ de combustível, logo viajando com um Tesla Model 3 é possível poupar quase 40€. No caso do Nissan Leaf e+, que tem uma autonomia de 380 km, é possível fazer uma poupança de cerca de 35€, uma vez que, nessa situação, seria necessário gastar quase 40€ num automóvel a combustão para percorrer essa distância.

E a meio da viagem? É importante ter em atenção que todos os valores supramencionados são válidos quando falamos de um carregamento em casa. E a velocidades abaixo dos 100 km/h.

“E se ficar sem bateria a meio da viagem? Fico apeado?”. A resposta é: não. Há cada vez mais estações de serviço com a possibilidade de carregar carros elétricos. No entanto, isto difere de veículo para veículo.

Quem possui um automóvel com uma potência superior a 22KWh (como é o caso dos veículos referidos anteriormente) pode fazer o seu carregamento num Posto de Carregamento Rápido (PCR), que cobra, geralmente, entre 0,40€ a 0,60€ por KWh. Se estiver completamente sem bateria e quiser que esta atinja os 100%, estes postos podem roubar-lhe até 1 hora da sua viagem. Se apontarmos o preço do carregamento para 0,50€ por KWh e quisermos carregar um Tesla Model 3 até ao fim vamos gastar cerca de 25€, e não os 5,68€ que gastaríamos se carregássemos a bateria em casa.

Um veículo elétrico com uma potência inferior a 22KWh não pode, no entanto, usufruir deste serviço e desta rapidez. Para este tipo de automóvel estão destinados os Postos de Carregamento Normal (PCN) – que podem ser usados pelos carros com uma potência superior, apesar de não compensar. Na maioria destes postos, até junho de 2020, o carregamento era gratuito, no entanto, neste momento, os postos gratuitos são raros, encontrando-se geralmente em centros comerciais. Nos PCN os carregamentos situam-se entre os 0,30€ e os 0,50€ por KWh. Um veículo que tenha uma bateria com potência máxima de 22KWh e pretenda carregá-la a 100% irá gastar, em média, 8,80€. Se possuir um carro elétrico ou está a ponderar essa hipótese lembre-se de o carregar antes de sair de casa.

A Deco aprova De acordo com um estudo divulgado pela Deco Proteste, os carros elétricos de segmento médio e pequeno são a opção mais barata para muitos consumidores e também melhor escolha ao longo da vida do veículo.

Os condutores que pretendem manter o veículo durante 6 anos e andem mais de 25 mil quilómetros por ano podem poupar, com um carro elétrico de segmento médio e relativamente a um automóvel a gasóleo 6 300 euros, sendo que relativamente a um veículo a gasolina a poupança pode atingir os 12 600 euros.

No entanto, em alguns casos, mesmo em cenários de baixas quilometragens anuais (até 5 mil quilómetros), também já é possível obter vantagens se optar por adquirir um carro elétrico.

Os que sairão mais valorizados neste caso serão aqueles que optaram por comprar um elétrico em segunda e terceira mão, uma vez que sofre menor desvalorização e beneficia ao máximo dos baixos custos de energia e de manutenção. Atenção contudo à bateria: uma bateria nova atinge valores altos que as marcas preferem não divulgar.

“Com apoios e financiamento adequados, os consumidores conseguem poupar desde o primeiro dia. No caso dos modelos maiores, os elétricos só começam a ser competitivos nesta análise a partir de 2023, com a redução expectável do custo de aquisição e a aproximação aos veículos idênticos de outras tecnologias”, conclui a empresa de defesa do consumidor.