Um euro público por um euro privado

Um euro público por um euro privado


Tendo em conta as características da economia portuguesa, onde predominam micro e pequenas empresas, é do mais elementar bom senso desenhar e implementar um programa específico destinado a este tipo de empresas.


Está em curso uma verdadeira revolução no apoio às empresas e, sobretudo, no seu processo de capitalização. Apesar da degradação intensa dos capitais próprios das empresas portuguesas, durante a anterior crise, nunca existiriam meios na dimensão adequada para travar esta batalha.

Mesmo assim, a anterior legislatura contou com o programa capitalizar que gerou um vasto conjunto de alterações legislativas com esse objetivo. Contudo, o PT2020, programado pelo governo PSD/CDS dedicou pouco menos de 300 milhões para a necessária recapitalização do tecido económico não financeiro.

Este valor contrasta com os 1300 milhões que o Banco de Fomento tem, através do fundo de capitalização e resiliência, para esta importante missão. Os objetivos são muito claros e o principal é resolver o problema estrutural da subcapitalização do tecido empresarial português.

Além disso deverá também contribuir para dinamizar o mercado de capitais e, não menos importante, ultrapassar as falhas de mercado no acesso a financiamento de determinadas empresas, setores e projetos.

Para atingir estes objetivos é preciso apoiar a redução do endividamento das PMEs portuguesas, através de empréstimos participativos. Em segundo lugar é necessário promover a recapitalização estratégica através do investimento direto, em que o investimento público é majorado por investimento privado e garantia pública. E em terceiro lugar pelo coinvestimento em empresas em diferentes fases de desenvolvimento, assegurando uma estratégia de saída do capital público.

Neste contexto, e tendo em conta as características da economia portuguesa, onde predominam micro e pequenas empresas, é do mais elementar bom senso desenhar e implementar um programa específico destinado a este tipo de empresas.

Assim, estará disponível um instrumento que permite promover a redução do endividamento das micro e pequenas empresas e a amortização da dívida efetuadas durante a pandemia. Acresce a existência de uma subvenção pública que acompanhará a capitalização feita pelos sócios, na linha de um euro público por cada euro privado.

Sendo assim, depois da aposta efetuada em medidas de manutenção da capacidade produtiva e do emprego, com layoff e o programa apoiar em destaque, assim como através da disseminação de instrumentos de injeção de liquidez no tecido empresarial, designadamente com a disponibilidade de 9000 milhões de garantias em linhas de crédito, a economia portuguesa prepara-se para entrar numa nova etapa que tem um objetivo maior de reduzir o endividamento e reforçar os capitais das empresas.

É uma tarefa hercúlea mas indispensável para tornar o tecido empresarial mais robusto e solvente para o desafio da recuperação.

Economista e vice-presidente do grupo parlamentar do PS