O país real tem estado encurralado entre o confina desconfina. Entre o abre e fecha, pode e não pode, faz e desfaz, um horário novo e um novo horário, circula e não circula. Este é o Estado de sítio que as empresas e empresários vivem, semanalmente, num stress asfixiante, sem capacidade de planeamento, assistindo ao definhar do seu negocio de dia para dia, resultante de medidas ineficientes e contraditórias.
Por outro, lado os portugueses assistem a tudo isto estupefactos, com decisões inexplicáveis, sem entendimento lógico e objetivo e com o propósito de tomarem medidas avulso que apenas criam entropias e dificuldades.
A gestão política da pandemia, assente no medo permanente, na perseguição e imposição é resultado de um ação reativa aos acontecimentos e à evolução epidemiológica. Esta questão não é de agora e é, cada vez mais, inaceitável tendo em conta que já passou quase um ano e meio do início da pandemia e continuam com a mesma atitude ineficaz, atabalhoada e sem qualquer cenário de antecipação.
Depois do esforço coletivo de assegurar a saúde pública, finalmente com um plano de vacinação a funcionar e com resultados à vista de todos, é intolerável que os critérios de avaliação da pandemia sejam exatamente o mesmos, quando as circunstâncias são inevitavelmente diferentes. Foram necessários mais de três meses para entender que os critérios não poderiam estar assentes no aumento do número de casos, mas antes na evolução de internamentos, e que a matriz de risco teria de ser alterada. Os impactos da incapacidade de quem gere o país foi e está a ser brutal na economia.
Com uma economia assente nas micro, pequenas e médias empresas, em que a restauração e o turismo atingem mais de 20% do PIB, pedia-se muito mais do Estado, num momento como aquele que se vive. Os empresários não viraram as costas às dificuldades, procuraram alternativas e não se resignaram, não desistiram nem atiraram a toalha ao chão, fizeram de tudo para manter emprego e a capacidade produtiva e, em resultado de tudo isso, pagaram impostos, mas acabam por ficar sem apoios do Estado.
Mais do que isso, enquanto a Europa apoiava em mais de 80% as empresas para subsistirem, em Portugal, os residuais 20%, perderam-se no meio da burocracia e empecilhos do Estado. O dinheiro não chegou às empresas, os programas como APOIAR, continuam perdidos nas gavetas do centralismo e no futuro não se perspetiva nada de melhor.
Com um Plano de Recuperação e Resiliência assente no aparelho do Estado, que não cria riqueza, governantes sem visão, oposição sem voz e os últimos dados da OCDE a empurrar uma vez mais Portugal para a cauda da Europa, com uma queda homóloga no PIB português de 5,7%.
Perante este cenário, era fundamental que o Governo não andasse aos ziguezagues e que emitisse medidas inteligíveis e de fácil implantação, devolvendo a liberdade aos portugueses e às empresas. São as empresas que criam o oxigénio essencial para a vida das pessoas, das famílias.
São, por isso, os ventiladores da economia, fundamentais para a criação de emprego e a coesão social. Os empresários são atualmente a linha da frente, desta pandemia, no combate à crise económica, sendo eles os heróis a quem cabe manter a capacidade produtiva e salvar empregos.
O nosso futuro coletivo depende de uma gestão da pandemia com coragem, realismo e sem histeria, de forma a salvaguardar a saúde dos portugueses e, por outro lado, garantir às empresas o oxigénio e as condições para ultrapassar e sobreviver à crise económica.