Reforçar a Democracia Representativa


Já é tempo de valorizar os ativos que dedicam a sua vida à atividade política, devendo continuar a defender os que, tendo qualidades pessoais, académicas e técnicas, pertencem de forma declarada e com convicção, aos partidos políticos da direita à esquerda, não devendo por isso ser estigmatizados.


Escrevi no passado e reforço a ideia de que o tacticismo e o convencional têm transformado o paradigma da política, pelos piores motivos, e isso revela-se numa degradação da democracia representativa que se reflete no aumento da abstenção.

Em paralelo a esta degradação temos assistido a uma permanente desvalorização da classe política, em grande medida por culpa da própria classe, representada de forma transversal por atores de todos os partidos e detentores de cargos que vão desde a Presidência da República, passando pelo Governo, pelo Parlamento e terminando nas autarquias locais.

É o registo populista de muitos destes protagonistas que tem gerado descrédito na política tendo também responsabilidade partilhada nesta desvalorização alguma comunicação social mais sensacionalista.

Um dos claros exemplos de desvalorização assenta no discurso que defende a promoção de uma renovação da classe política e na atração de novos valores independentes, em detrimento de muitos dos que têm atividade na política.

Faz algum sentido, em parte, mas este discurso não pode ser usado apenas para agradar uma franja do eleitorado em tempo de eleições para, logo depois, deixar cair qualquer renovação ou mudança, alimentando “mitos” e promovendo mais descrença.

Neste exemplo objetivo basta ver a criação do “mito” dos independentes que, na boca de alguns, parecem ser pessoas de outra galáxia com qualidades únicas e exclusivas de uma estirpe humana muito rara e digna de reportagem do National Geographic.

Mas o mais caricato é que muitos dos que desvalorizam a classe política e defendem estas “estirpes raras” são protagonistas integrados em estruturas partidárias e que, por via dessas estruturas, chegaram a altos cargos em Governos, na Europa e no Poder Local.

É bom que a avaliação feita pela maior parte das pessoas deixe de ser um dogma pois quando se fala de independentes fala-se de pessoas iguais às demais e que na maioria dos casos estão tão próximas dos partidos políticos que os propõem, como os próprios militantes e simpatizantes, também eles pessoas livres, independentes e qualificadas.

Já é tempo de valorizar os ativos que dedicam a sua vida à atividade política, devendo continuar a defender os que, tendo qualidades pessoais, académicas e técnicas, pertencem de forma declarada e com convicção, aos partidos políticos da direita à esquerda, não devendo por isso ser estigmatizados.

Nos tempos que correm são os valores que determinam a forma como a pessoa se comporta e interage numa convivência social saudável, em todas as suas dimensões.

Mas além dos valores em geral temos os valores políticos que podem ter origem familiar, social (educação, religião e opinião pública) ou até na história de vida de cada um. São um resultado de valores morais, conhecimentos, crenças, sentimentos, experiência de vida e opções de fundo.

Esta matéria não distingue os cidadãos pela sua participação cívica, mais ou menos ativa. Estes valores não são propriedade de nenhuma elite, nenhum partido ou de nenhum grupo especial. Estes são valores universais de todos e de cada um, sejam militantes ou simpatizantes de qualquer força partidária ou qualquer movimento cívico ou apenas cidadãos que não estejam ligados a nenhum movimento associativo.

Dito isto e sendo que estamos a pouco mais de 2 meses das eleições autárquicas, o ruído próprio destes tempos surge com naturalidade, mas em tempos de pandemia e com circunstâncias inéditas o momento tem de ser abordado com redobrada responsabilidade.

As eleições autárquicas têm realidades distintas das eleições legislativas e europeias e é preciso considerar que em Portugal não são os diretórios partidários que se submetem a estas eleições. Antes dos diretórios estão as estruturas locais que têm sabido afirmar-se ao longo de 45 anos de Poder Local.

As estruturas locais e movimentos cívicos, submetem a eleições mulheres e homens que acreditam que podem fazer algo melhor pelas suas populações e onde muitos são herdeiros de uma obra incontornável nas freguesias, vilas e cidades de Portugal, no continente e nas regiões autónomas.

Os autarcas escolhidos que se entregaram ou vão entregar a esta missão em nome dos seus partidos e movimentos cívicos têm nas suas mãos o futuro do poder local que é um dos principais pilares da nossa democracia.

Importa, portanto, valorizar estas mulheres e homens que, independentemente da sua origem, fazem parte da classe política – que alguns injustamente diabolizam – e merecem o maior dos respeitos de todos pois é com eles que contamos, na linha da frente, para resolver os problemas e comandar os destinos das autarquias, nos próximos 4 anos que se avizinham muito difíceis.

Em períodos excepcionais, a política ultrapassa a esfera da gestão dos assuntos públicos e alarga as próprias fronteiras para o espaço de intervenção partidária e cívica. Este é o tempo de intervir valorizando os atores políticos por forma a garantir que a democracia representativa sai reforçada.

 

Gestor e Mestre em Ciência Política


Reforçar a Democracia Representativa


Já é tempo de valorizar os ativos que dedicam a sua vida à atividade política, devendo continuar a defender os que, tendo qualidades pessoais, académicas e técnicas, pertencem de forma declarada e com convicção, aos partidos políticos da direita à esquerda, não devendo por isso ser estigmatizados.


Escrevi no passado e reforço a ideia de que o tacticismo e o convencional têm transformado o paradigma da política, pelos piores motivos, e isso revela-se numa degradação da democracia representativa que se reflete no aumento da abstenção.

Em paralelo a esta degradação temos assistido a uma permanente desvalorização da classe política, em grande medida por culpa da própria classe, representada de forma transversal por atores de todos os partidos e detentores de cargos que vão desde a Presidência da República, passando pelo Governo, pelo Parlamento e terminando nas autarquias locais.

É o registo populista de muitos destes protagonistas que tem gerado descrédito na política tendo também responsabilidade partilhada nesta desvalorização alguma comunicação social mais sensacionalista.

Um dos claros exemplos de desvalorização assenta no discurso que defende a promoção de uma renovação da classe política e na atração de novos valores independentes, em detrimento de muitos dos que têm atividade na política.

Faz algum sentido, em parte, mas este discurso não pode ser usado apenas para agradar uma franja do eleitorado em tempo de eleições para, logo depois, deixar cair qualquer renovação ou mudança, alimentando “mitos” e promovendo mais descrença.

Neste exemplo objetivo basta ver a criação do “mito” dos independentes que, na boca de alguns, parecem ser pessoas de outra galáxia com qualidades únicas e exclusivas de uma estirpe humana muito rara e digna de reportagem do National Geographic.

Mas o mais caricato é que muitos dos que desvalorizam a classe política e defendem estas “estirpes raras” são protagonistas integrados em estruturas partidárias e que, por via dessas estruturas, chegaram a altos cargos em Governos, na Europa e no Poder Local.

É bom que a avaliação feita pela maior parte das pessoas deixe de ser um dogma pois quando se fala de independentes fala-se de pessoas iguais às demais e que na maioria dos casos estão tão próximas dos partidos políticos que os propõem, como os próprios militantes e simpatizantes, também eles pessoas livres, independentes e qualificadas.

Já é tempo de valorizar os ativos que dedicam a sua vida à atividade política, devendo continuar a defender os que, tendo qualidades pessoais, académicas e técnicas, pertencem de forma declarada e com convicção, aos partidos políticos da direita à esquerda, não devendo por isso ser estigmatizados.

Nos tempos que correm são os valores que determinam a forma como a pessoa se comporta e interage numa convivência social saudável, em todas as suas dimensões.

Mas além dos valores em geral temos os valores políticos que podem ter origem familiar, social (educação, religião e opinião pública) ou até na história de vida de cada um. São um resultado de valores morais, conhecimentos, crenças, sentimentos, experiência de vida e opções de fundo.

Esta matéria não distingue os cidadãos pela sua participação cívica, mais ou menos ativa. Estes valores não são propriedade de nenhuma elite, nenhum partido ou de nenhum grupo especial. Estes são valores universais de todos e de cada um, sejam militantes ou simpatizantes de qualquer força partidária ou qualquer movimento cívico ou apenas cidadãos que não estejam ligados a nenhum movimento associativo.

Dito isto e sendo que estamos a pouco mais de 2 meses das eleições autárquicas, o ruído próprio destes tempos surge com naturalidade, mas em tempos de pandemia e com circunstâncias inéditas o momento tem de ser abordado com redobrada responsabilidade.

As eleições autárquicas têm realidades distintas das eleições legislativas e europeias e é preciso considerar que em Portugal não são os diretórios partidários que se submetem a estas eleições. Antes dos diretórios estão as estruturas locais que têm sabido afirmar-se ao longo de 45 anos de Poder Local.

As estruturas locais e movimentos cívicos, submetem a eleições mulheres e homens que acreditam que podem fazer algo melhor pelas suas populações e onde muitos são herdeiros de uma obra incontornável nas freguesias, vilas e cidades de Portugal, no continente e nas regiões autónomas.

Os autarcas escolhidos que se entregaram ou vão entregar a esta missão em nome dos seus partidos e movimentos cívicos têm nas suas mãos o futuro do poder local que é um dos principais pilares da nossa democracia.

Importa, portanto, valorizar estas mulheres e homens que, independentemente da sua origem, fazem parte da classe política – que alguns injustamente diabolizam – e merecem o maior dos respeitos de todos pois é com eles que contamos, na linha da frente, para resolver os problemas e comandar os destinos das autarquias, nos próximos 4 anos que se avizinham muito difíceis.

Em períodos excepcionais, a política ultrapassa a esfera da gestão dos assuntos públicos e alarga as próprias fronteiras para o espaço de intervenção partidária e cívica. Este é o tempo de intervir valorizando os atores políticos por forma a garantir que a democracia representativa sai reforçada.

 

Gestor e Mestre em Ciência Política