Segurança. Carros vão travar excessos de velocidade em 2022

Segurança. Carros vão travar excessos de velocidade em 2022


A Comissão Europeia quer reduzir drasticamente o número de fatalidades em acidentes rodoviários e tornar obrigatório um limitador de velocidade em automóveis novos. Indústria alega que a falta de clareza sobre esta medida pode levantar “sérios constrangimentos” para os fabricantes.


Alguns são novidade, outros nem tanto, mas há um em especial que vai ser de parar o trânsito ou, pelo menos, vai abrandá-lo um bocadinho. Falamos dos novos sistemas de segurança para automóveis aprovados recentemente pela Comissão Europeia (CE). A meta é reduzir para metade o número de feridos graves em acidentes rodoviários até 2030 e a praticamente zero o número de fatalidades até 2050.

Para que isso aconteça, a CE quer tornar obrigatório o uso de 11 equipamentos de segurança, incluindo um limitador de velocidade, em todos os carros novos fabricados a partir de 6 de julho do próximo ano. A proposta não é nova, tendo sido anunciada já em 2018 e posteriormente aprovada, ainda que de forma provisória, em 2019. Contudo, a sua implementação, inicialmente prevista para 2021, teve de ser atrasada por um ano.

De acordo com a União Europeia, os estudos mostram que a maioria dos acidentes nas estradas são provocados por excessos de velocidade, velocidade excessiva ou distrações, em particular devido ao uso de telemóveis. Para assegurar o grau correto de atenção do condutor, já tinham sido criados mecanismos de ajuda à condução, como por exemplo o que impede que o carro mude abruptamente de faixa de rodagem e ainda um sistema de monitorização que avalia o estado do condutor através de câmaras internas, avisando-o no caso de sonolência ou distração. Este último pode até bloquear o veículo se a pessoa não estiver em condições de conduzir.

Relativamente ao incumprimento dos limites de velocidade estabelecidos, a resposta da UE passa pela adoção de um sistema de assistência inteligente da velocidade, denominado Intelligent Speed Assist (ISA). Na prática este mecanismo vai recorrer a dados do GPS e à funcionalidade de reconhecimento de sinais de trânsito para alertar o condutor dos limites de velocidade da via onde circula. Numa situação em que o condutor exceda os limites, o ISA começa por emitir avisos com sinais luminosos, a que se seguem os sonoros. Caso isto não seja suficiente, o sistema terá a capacidade de contrariar a pressão exercida pelo condutor no pedal do acelerador, ou até de limitar a potência disponível. As aplicações como a Waze também fazem avisos mas não podem bloquear o veículo…

Para já não se sabe que outras funcionalidades terá a versão final do ISA, a única certeza é a de que este sistema irá levantar muitas questões na ótica dos construtores automóveis.

Em declarações ao i, Hélder Pedro, secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), lamenta que ainda não haja pormenores exatos sobre como esta modalidade vai ser implementada, criticando a falta de respostas por parte de Bruxelas, nomeadamente no que se refere a que modelos automóveis irá abranger.

“Nós, como indústria automóvel, temos defendido que isto se aplique a novas homologações e não a veículos que estejam já em linha de produção, porque isso iria causar sérios constrangimentos aos fabricantes automóveis”, sustenta. Caso contrário, isto é, “se as novas leis forem aplicadas a modelos já homologados, pode realmente levar a atrasos de produção e a custos significativos de alteração dos modelos já existentes no mercado”, continua.

Neste sentido, o responsável da ACAP salienta a importância da existência de períodos de adaptação, acrescentando que, “quando se impõem novas leis, estas têm de ser razoáveis na sua aplicação, não pondo em causa os processos de produção”.

Ainda que o ISA possa representar alguns contratempos, Hélder Pedro parece não ter dúvidas de que este é um avanço importante para a indústria automóvel, “que foi sempre inovadora no respeito da segurança ativa, sendo também a que mais investe em I&D (investigação e desenvolvimento tecnológico) na União Europeia”, frisa.

Por outro lado, há quem defenda a existência de um botão para desligar temporariamente este sistema e, na verdade, a maioria dos veículos que já utiliza mecanismos semelhantes apresenta essa possibilidade. É o caso dos modelos mais recentes da Mercedes-Benz que possuem a capacidade de reconhecimento dos limites de velocidade, avisando através de sinais visuais sempre que se incorrer em excessos, com a particularidade de que o próprio condutor pode estipular a velocidade máxima a que pretende circular – que é diferente do cruise control.

No ponto de vista da construtora alemã, a funcionalidade de ligar e desligar é relevante, uma vez que “o bom uso do sistema por parte do condutor é suficiente para uma boa gestão dos limites de velocidade estipulados pela lei”, argumenta André Silveira, responsável de comunicação da Daimler Portugal, que comercializa a Mercedes-Benz.

Fica também por esclarecer de que forma é que a integração do ISA vai afetar os carros que circulam atualmente nas estradas europeias, especialmente no que diz respeito a modelos desportivos de alta cilindrada.

Os 11 sistemas de segurança que entram em vigor a 6 de julho de 2022 

ISA (Intelligent Speed Assistence)
Um limitador de velocidade automático que vai cruzar informações do GPS com dados locais da via em que o condutor circula, impedindo-o de exceder os limites de velocidade.

Sistema de Câmaras de Monitorização Interna
Avalia o estado do condutor através de câmaras internas e avisa no caso de sonolência e/ou distração (por uso de telemóveis, por exemplo).

Gravador de Dados de Eventos (EDR)
Uma espécie de caixa negra, que regista o que acontece em caso de acidente.

Sistema de câmaras traseiras e assistência de marcha atrás
Passa a ser obrigatório para todos os veículos, com recurso a câmaras e sensores.

Sinal automático de paragem de emergência
Destinado a evitar, acendendo, em caso de travagem brusca, os quatro piscas (luzes de emergência).

Lane-Keeping Assistance
Sistema automático que garante que o veículo não sai da faixa de rodagem de forma abrupta.

Travagem de emergência automática (AEBS, em inglês)
Os sensores medem continuamente a distância entre veículos, peões e ciclistas e o sistema faz a travagem de emergência se o condutor não responder em tempo útil.

Cintos de segurança e vidros de segurança otimizados
Atualização do Crash-test frontal a toda a largura do veículo, com zona de impacto da cabeça alargada para peões e ciclistas.

Proteção de impacto lateral
Para melhorar a segurança dos ocupantes dos veículos em acidentes que atinjam as laterais.

Pré-instalação de alcoolímetro bloqueador de ignição
Pode bloquear o veículo se detetar que o condutor não está em condições de conduzir, por apresentar níveis ilegais de álcool no sangue.

Sistemas de aviso na frente e lateral do veículo
Deteta e avisa os condutores sobre peões e ciclistas na estrada, especialmente nas curvas, para evitar atropelamentos, por exemplo.

 

TOP 10 carros mais potentes 

– Lotus Evija: tem 2.000 cv de potência e atinge uma velocidade máxima de 320 km/h

– Aspark Owl: com 2.012 cv de potência, a velocidade máxima ronda os 400 km/h

– Elation Freedom: tem 1.903 cv de potência, velocidade máxima chega aos 418 km/h

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– Pininfarina Battista: com 1.877 cv de potência, velocidade máxima atinge os 350 km/h

– Bugatti Bolide: tem 1.825 cv de potência,a velocidade máxima atinge os 500 km/h

– Hennessey Venom F5: tem 1.817 cv de potência e a velocidade máxima ronda os 500 km/h

– Vanda Dendrobium: tem 1.800 cv de potência, a velocidade máxima atinge os 320 km/h

– Corbellati Missile: com 1.800 cv de potência, a velocidade máxima vai até aos 500km/h

– SSC Tuatara: tem 1.750 cv de potência e a velocidade máxima supera os 500km/h

Texto editado por Vítor Rainho