Porto. Rui Veloso recusou convite do PS

Porto. Rui Veloso recusou convite do PS


O músico portuense recusou ser o cabeça de lista dos socialistas no Porto – o seu pai foi o primeiro presidente da Câmara da cidade eleito (pelo PS) no pós-25 de Abril.


O PS convidou Rui Veloso para cabeça de lista à Câmara do Porto, contra Rui Moreira, mas o pai do rock português recusou liminarmente a proposta socialista, confirmou o Nascer do SOL.

O músico e voz inconfundível era a primeira escolha dos socialistas para o combate contra Rui Moreira, apurou igualmente este semanário.

Recorde-se que o pai de Rui Veloso, Aureliano Veloso, foi o primeiro presidente da Câmara da cidade do Porto eleito no pós-25 de abril (1976), também pelas cores do PS, então liderado por Mário Soares.

As ligações de Rui Veloso ao PS e a Mário Soares são históricas, e não apenas pela parte de Aureliano Veloso. Na campanha para as eleições presidenciais de 1986, em que Mário Soares derrotou Freitas do Amaral numa segunda volta disputadíssima, foi o intérprete de Chico Fininho quem protagonizou o hino da candidatura do Movimento de Apoio Soares à Presidência I (MASP I), o célebre Rock da Liberdade.

Por outro lado, o artista foi também mandatário da candidatura presidencial de Fernando Nobre, em 2011, que, apesar de se ter candidatado sem apoios partidários, tinha ligações ao Partido Social-Democrata.

O músico já tinha feito um comentário sobre o seu envolvimento político numa entrevista dada ao programa Primeira Pessoa, da RTP. Na entrevista a Fátima Campos Ferreira, Veloso admitiu não ser seguidor das estruturas políticas. «Não ligo muito aos partidos. Tenho a minha maneira de ver o mundo e não me prendo a pormenores como os partidos», referiu, pouco antes de confessar apreço por Mário Soares, tal como pelo seu tio, o general Pires Veloso, e o antigo Presidente da República e general Ramalho Eanes, admitindo não ter uma preferência ideológica vincada.

Na mesma entrevista, o músico revelou a sua visão sobre a atual situação política e social do país, demonstrando algum pessimismo. «Sou reivindicativo e revoltado com muita coisa, sem dúvida. Sou muito pessimista em relação ao futuro deste país», defende, deixando ainda uma conclusão crítica: «Em 45 anos depois do 25 de Abril,  eu estava à espera que Portugal estivesse incomparavelmente melhor».

O pensamento parece ser uma constante na opinião de Veloso sobre a atualidade no país. A entrevista à RTP foi para o ar em fevereiro deste ano, e, exatamente um ano antes, em fevereiro de 2020, numa entrevista à plataforma PLUGD, o artista já falava com pessimismo da atualidade no país. A conversar sobre uma possível vinda da artista portuguesa MARO dos Estados Unidos para Portugal, Veloso não poupou nas palavras:  «Eu disse-lhe ‘Mariana, os americanos estão a gostar das tuas coisas,  não venhas para Portugal, porque em Portugal vais morrer’». Veloso fala sobre o panorama da Cultura no país, mas rapidamente salta para uma análise geral. «Uma artista com a capacidade da MARO, vinha para Portugal para morrer, porque em Portugal há muita mediocridade, e os medíocres protegem-se uns aos outros, elogiam-se mutualmente, dão-se prémios uns aos outros, e ela vinha cair neste oceano de mediocridade».