O Governo israelita não conseguiu aprovar uma extensão da polémica lei que barra palestinianos casados com israelitas de acesso a cidadania ou a um visto de residência. A moção, proposta pela coligação que sustenta o primeiro-ministro Benjamin Naftali, do Yamina (“à direita”, em hebraico), um partido nacionalista judeu, foi derrotada com 59 deputados contra e 59 a favor, devido a dissidências na coligação, e com a a oposição do anterior partido governante, o Likud. Não que o partido de Benjamin Netanyahu considerasse esta lei racista, como acusam organizações de defesa dos direitos humanos, mas porque está decidido a quebrar o Governo de Naftali.
Com as emendas à lei de cidadania – aprovadas em 2003, nos tempos da segunda Intifada, e que precisa de ser renovada anualmente – a expirar à meia noite de terça-feira, uns 15 mil palestinianos poderão pedir cidadania israelita, uma “loucura”, queixou-se a ministra do Interior, Ayelet Shaked, do Yamina. Não que estes residentes em Israel tenham grandes esperanças de o conseguir, dado que qualquer pedido poderá ser recusado pela ministra do Interior, que em tempos que em tempos escreveu no Facebook que o inimigo de Israel é “o povo palestiniano”, apelando à morte das suas mães, para que não criem “pequenas serpentes”
Até que consigam cidadania ou residência, muitos cônjuges palestinianos de israelitas têm de recorrer vistos turísticos de curta duração para se manter no país, ficando impossibilitados de coisas tão básicas como ter carta de condução, seguro de saúde ou aceder a boa parte dos empregos, Israel justifica a esta lei com base em questões dc segurança – os críticos vêm-no como mais uma maneira de Israel manter uma maioria judaica, num país construído com a expulsão dos palestinianos.
Após a derrota da moção do Governo – cuja coligação vai de partidos nacionalistas judaicos a islamitas, fazendo um compromisso com estes últimos ao apresentar uma extensão da lei de cidadania de apenas seis meses, e aceitando dar residência a 1600 palestinianos – o primeiro-ministro queixou-se que o Likud colocou “políticas mesquinhas à frente do bem dos cidadãos israelitas”. Já o seu antecessor salientou que a responsabilidade de renovar a lei de cidadania é do Governo.