Um triste espetáculo: A ausência de resultados dos teste-piloto de eventos culturais


Já mais de um mês se passou desde os testes e ainda não foram anunciados qualquer tipo de resultados, nem pelo Governo nem pela DGS.


Começou a 29 de abril de 2021, num espetáculo em Braga, o primeiro teste-piloto de um evento cultural. Na altura, foram 400 pessoas na quinta-feira e posteriormente mais 400 na sexta-feira, que assistiram tendo um teste rápido negativo.

Articulado entre o Governo, DGS e Cruz Vermelha Portuguesa, só podia assistir aos eventos culturais que tivesse um teste de antigénio negativo, realizado no próprio dia do espetáculo.

Paralelamente ao teste, para se ter participado em qualquer evento-piloto havia obrigatoriedade de se residir em Portugal e ter uma idade compreendida entre os 18 e os 65 anos. Acrescentavam ainda à “lista de obrigatoriedades” que não se podia pertencer a grupos de risco nem ter estado em contacto com pessoas infetadas com covid-19 nos últimos 14 dias assim como, finalmente, não se ter estado infetado com o novo coronavírus nos últimos 90 dias.

Artistas desses eventos, localidades e horários à parte, foram testadas cerca de 2 mil pessoas à entrada dos recintos destes quatro eventos-piloto durante dois meses. E agora, meses depois, quando o país anseia por encontrar forma de regressar de forma consistente à “normalidade possível”, aquilo que foi feito para auxiliar nesta passagem… não tem resultados.

É isso mesmo, por maior espanto que traga a todos nós, aquilo que foi feito como sendo o derradeiro exercício para preparar o regresso de espetáculos e festivais, gradualmente, à sua funcionalidade plena, aparentemente não teve ou tem qualquer urgência. Já mais de um mês se passou desde os testes e ainda não foram anunciados qualquer tipo de resultados, nem pelo Governo nem pela DGS.

Um diretor geral de uma promotora de eventos prestou declarações esta semana e foi perentório: “O que nos foi inicialmente pedido pelas autoridades de saúde foi para enviarmos um ficheiro com o nome e o número do cartão de cidadão de cada participante nos eventos-piloto. Fizemos isso. Depois a Direção-geral da Saúde disse-nos que houve um problema com o informático e que afinal era necessário o número de utente dos espectadores.”

Podemos ver pelo lado dos promotores, e aí é difícil não concordar que os resultados (tardios ou não) pouco impacto vão ter para “salvar” o verão porque já foi anunciado que até 31 de agosto não vão existir festas.

Porém, ao nível de competência de quem estruturou esta (boa, aquando anunciada) medida, a DGS em conjunto com a Cruz Vermelha, fica algo a desejar. Aliás, basta vermos que a bota não joga com a perdigota com que o é dito:

Primeiro, a Cruz Vermelha Portuguesa afirma que tudo fez assim como transmitiu aos promotores que a ausência de resultados se devia a um problema informático. Horas mais tarde, a DGS veio dizer que, afinal, não existe nenhum problema informático que tenha atrasado a divulgação destes resultados.

Assim, julgando com base na informação oficial da DGS, que não há problema nenhum, apenas fica claro que há pouca preocupação com este setor ou então existe algo que não foi competente de forma a ter tudo divulgado poucos dias após estes testes-piloto.

Não falamos de números astronómicos, falamos de 2000 testes. Não falamos de uma tarefa hercúlea para quem há ano e meio convive com esta realidade e, no último ano, muito mais tem testado.

Não é por falta de significado, uma vez que estes resultados vão servir para se tirar as devidas ilações ao nível da saúde pública e, a partir desse ponto, Governo e entidades competentes, unirem-se para construir uma solução para os eventos culturais com base científica que permita a milhares e milhares de portugueses conseguirem organizar e calendarizar os seus eventos e o seu “negócio”.

Há muita qualidade na DGS, técnicos formidáveis e dirigentes de larga currículo, mas não chega ser-se bom para se trabalhar bem. Neste caso, pelo que é dado por oficial, a DGS voltou a falhar e a trabalhar mal. E, pior, deu um triste espetáculo de credibilidade na ferramenta que poderia desbloquear parte da economia do setor cultural. Prejudica mais do quem os 2 mil testados ou que meramente os 4 promotores dos eventos-teste.

Sobretudo, prejudica a imagem e a confiança que queremos para retomar (um mês depois, como no caso da divulgação destes testes, ou dois meses ou daqui a seis meses!) no regresso à normalidade porque, queremos na cultura e não só, Portugal precisa de estratégia para sair da bolha de crise económica em que a pandemia nos colocou (ou acentuou).

Que sirva de teste-piloto de como não se repetir. A cultura, o mundo dos espetáculos e os portugueses agradecem!

 

Carlos Gouveia Martins

Um triste espetáculo: A ausência de resultados dos teste-piloto de eventos culturais


Já mais de um mês se passou desde os testes e ainda não foram anunciados qualquer tipo de resultados, nem pelo Governo nem pela DGS.


Começou a 29 de abril de 2021, num espetáculo em Braga, o primeiro teste-piloto de um evento cultural. Na altura, foram 400 pessoas na quinta-feira e posteriormente mais 400 na sexta-feira, que assistiram tendo um teste rápido negativo.

Articulado entre o Governo, DGS e Cruz Vermelha Portuguesa, só podia assistir aos eventos culturais que tivesse um teste de antigénio negativo, realizado no próprio dia do espetáculo.

Paralelamente ao teste, para se ter participado em qualquer evento-piloto havia obrigatoriedade de se residir em Portugal e ter uma idade compreendida entre os 18 e os 65 anos. Acrescentavam ainda à “lista de obrigatoriedades” que não se podia pertencer a grupos de risco nem ter estado em contacto com pessoas infetadas com covid-19 nos últimos 14 dias assim como, finalmente, não se ter estado infetado com o novo coronavírus nos últimos 90 dias.

Artistas desses eventos, localidades e horários à parte, foram testadas cerca de 2 mil pessoas à entrada dos recintos destes quatro eventos-piloto durante dois meses. E agora, meses depois, quando o país anseia por encontrar forma de regressar de forma consistente à “normalidade possível”, aquilo que foi feito para auxiliar nesta passagem… não tem resultados.

É isso mesmo, por maior espanto que traga a todos nós, aquilo que foi feito como sendo o derradeiro exercício para preparar o regresso de espetáculos e festivais, gradualmente, à sua funcionalidade plena, aparentemente não teve ou tem qualquer urgência. Já mais de um mês se passou desde os testes e ainda não foram anunciados qualquer tipo de resultados, nem pelo Governo nem pela DGS.

Um diretor geral de uma promotora de eventos prestou declarações esta semana e foi perentório: “O que nos foi inicialmente pedido pelas autoridades de saúde foi para enviarmos um ficheiro com o nome e o número do cartão de cidadão de cada participante nos eventos-piloto. Fizemos isso. Depois a Direção-geral da Saúde disse-nos que houve um problema com o informático e que afinal era necessário o número de utente dos espectadores.”

Podemos ver pelo lado dos promotores, e aí é difícil não concordar que os resultados (tardios ou não) pouco impacto vão ter para “salvar” o verão porque já foi anunciado que até 31 de agosto não vão existir festas.

Porém, ao nível de competência de quem estruturou esta (boa, aquando anunciada) medida, a DGS em conjunto com a Cruz Vermelha, fica algo a desejar. Aliás, basta vermos que a bota não joga com a perdigota com que o é dito:

Primeiro, a Cruz Vermelha Portuguesa afirma que tudo fez assim como transmitiu aos promotores que a ausência de resultados se devia a um problema informático. Horas mais tarde, a DGS veio dizer que, afinal, não existe nenhum problema informático que tenha atrasado a divulgação destes resultados.

Assim, julgando com base na informação oficial da DGS, que não há problema nenhum, apenas fica claro que há pouca preocupação com este setor ou então existe algo que não foi competente de forma a ter tudo divulgado poucos dias após estes testes-piloto.

Não falamos de números astronómicos, falamos de 2000 testes. Não falamos de uma tarefa hercúlea para quem há ano e meio convive com esta realidade e, no último ano, muito mais tem testado.

Não é por falta de significado, uma vez que estes resultados vão servir para se tirar as devidas ilações ao nível da saúde pública e, a partir desse ponto, Governo e entidades competentes, unirem-se para construir uma solução para os eventos culturais com base científica que permita a milhares e milhares de portugueses conseguirem organizar e calendarizar os seus eventos e o seu “negócio”.

Há muita qualidade na DGS, técnicos formidáveis e dirigentes de larga currículo, mas não chega ser-se bom para se trabalhar bem. Neste caso, pelo que é dado por oficial, a DGS voltou a falhar e a trabalhar mal. E, pior, deu um triste espetáculo de credibilidade na ferramenta que poderia desbloquear parte da economia do setor cultural. Prejudica mais do quem os 2 mil testados ou que meramente os 4 promotores dos eventos-teste.

Sobretudo, prejudica a imagem e a confiança que queremos para retomar (um mês depois, como no caso da divulgação destes testes, ou dois meses ou daqui a seis meses!) no regresso à normalidade porque, queremos na cultura e não só, Portugal precisa de estratégia para sair da bolha de crise económica em que a pandemia nos colocou (ou acentuou).

Que sirva de teste-piloto de como não se repetir. A cultura, o mundo dos espetáculos e os portugueses agradecem!

 

Carlos Gouveia Martins