Já tinha dito que não se candidataria às autárquicas, até porque não queria ser o João Ferreira do Chega, mas agora André Ventura anuncia que vai a votos em Moura, concorrendo à presidência da Assembleia Municipal. O líder do Chega recupera e dá gás a uma das suas bandeiras e diz ao i que “a comunidade cigana terá de cumprir as regras, quer queira, quer não. A bandalheira vai acabar”.
“Decidi ser candidato autárquico numa terra que tanto me deu a mim e ao Chega desde a fundação. Candidato-me para ganhar a Câmara e a Assembleia Municipal de Moura”, fazendo alusão à votação que teve nas eleições presidenciais em que ganhou em duas freguesias locais: Póvoa de São Miguel e Sobral da Adiça – ainda ganhou mais duas freguesias alentejanas.
Ventura não revela, contudo, quem será o candidato à presidência da autarquia, mas diz que será uma pessoa da terra. Questionado sobre a razão de mais uma vez usar a bandeira dos ciganos, Ventura responde: “A questão mais simbólica é essa por causa do tipo de população que há mas o combate à desertificação, o apoio às empresas e à população idosa são as nossas prioridades e o que vamos é procurar impedir a desertificação, o desaparecimento, a proteção das tradições e da cultura e o apoio à população mais idosa e que se sente abandonada quer em questões de segurança quer em questões de rendimentos. É essa a nossa proposta para o concelho”. O líder do Chega terá sondagens que lhes dão a vitória em Moura.
Esta decisão, surge depois do deputado do Chega ter sido condenado por ter escrito no Facebook, a 15 de novembro de 2017, que “ainda esta semana uma família de etnia cigana espancou uma enfermeira e o segurança do Hospital de Beja” e a RTP não revelou a etnia das pessoas em causa. “É mais fácil e mais ‘in’ chamar racista a quem insiste em falar do problema. Inadmissível”, escreveu. Para a Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial (CICDR), Ventura “ofendeu e humilhou as pessoas das comunidades ciganas, sabendo que criaria um sentimento de hostilidade para com essas pessoas”. Assim sendo, a CICDR determinou que André Ventura deve depositar imediatamente 3.370,56 euros na conta bancária do Alto Comissariado para as Migrações, decisão que o deputado quer ver revertida pelo tribunal a que recorreu.