O ex-Presidente da França, Nicolas Sarkozy, negou hoje todas as acusações de financiamento ilegal da sua campanha de recandidatura à Presidência francesa, em 2012, no julgamento do caso Bygmalion, alegando que não tinha conhecimento do esquema fraudulento.
"Coube ao gestor da campanha organizá-la e a mim fazê-la. Sou conhecido por delegar muita coisa. Não posso tratar de tudo", disse Sarkozy ao Tribunal Correcional de Paris, durante o julgamento que terminará no dia 22 de junho.
"Tem diante de si alguém para quem a política tem sido a sua vida durante 40 anos. Nunca vi uma campanha que não acelere", acrescentou o ex-Presidente, para justificar o pesado calendário de eventos com os quais tentou renovar o seu mandato.
De acordo com a acusação, o preço real dos quase 40 comícios organizados pela empresa Bygmalion, que dá o nome ao caso, foi drasticamente reduzido, e o resto foi pago pelo partido União por um Movimento Popular (UMP, na sigla em francês) – mais tarde rebatizado como 'Republicanos' – por acordos fictícios.
A campanha de Sarkozy gastou, no total, quase 43 milhões de euros, em comparação com o limite máximo de 22,5 milhões de euros permitidos a um candidato que passe a primeira volta.
Sarkozy afirmou ter aderido ao núcleo duro da sua organização no início de 2012, devido às suas funções presidenciais, e notou que não estava encarregue de escolher a empresa ou as pessoas que trabalhavam para ele ou ainda de verificar se tinham sido pagas, alegando que só descobriu o Bygmalion em 2014.
O esquema de financiamento foi revelado, numa entrevista televisiva em 2014, pelo vice-diretor da campanha presidencial, Jérôme Lavrilleux.
Dos 14 arguidos, 13 são acusados de diferentes graus de envolvimento no esquema de dupla faturação e Sarkozy, que enfrenta até um ano de prisão e uma multa de 3.750 euros, é o único a ser acusado por financiamento ilegal de campanhas.
Nicolas Sarkozy, no mês de março, tornou-se o primeiro antigo Presidente a ser condenado a uma pena de prisão, com uma sentença de três anos que foi suspensa devido a um recurso para o Supremo Tribunal.