O embaixador da Rússia em Portugal, Mikhail Kamynin, disse, esta sexta-feira, que a embaixada apagou os dados enviados pela Câmara de Lisboa sobre os manifestantes que realizaram protesto contra Putin na capital. O responsável sublinhou que as informações não chegaram às mãos de Moscovo.
"Se fôssemos conservar esses dados, iríamos ter uma biblioteca de dados. Por isso repito: não conservámos, não mandámos a Moscovo, porque isso não interessa, são umas coisas minúsculas que passam", declarou Kamynin no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada, após ter sido recebido pelo presidente do Governo dos Açores.
Recorde-se que a Câmara Municipal de Lisboa confirmou, esta quinta-feira, em comunicado, que enviou os dados para a embaixada de serviços consulares da Rússia, “conforme procedimento geral adotado para manifestações”, e que estes já foram apagados. A autarquia, presidida por Fernando Medina, rejeita “acusações e insinuações de cumplicidade com o regime russo” e fala em “aproveitamento político”.
Mikhail Kamynin indicou que a partilha de informações “não é um caso único”. "Para nós, é um processo normal e claro que qualquer instituição que recebe determina o que fazer com esses dados. No nosso caso, lemos e retiramos, porque não representa para nós nenhuma importância", afirmou.
E frisou: "Claro [que apagamos dos dados], porque não os conservamos. Não temos nenhum banco de dados de organizadores de manifestações, porque as tarefas da embaixada aqui são outras".
No fim da manhã de quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, confirmou que foi feita a partilha de dados pessoais dos três ativistas, pedindo “desculpas públicas” e assumindo o “erro lamentável que não podia ter acontecido”.
O autarca do PS também indicou que pediu uma auditoria sobre a realização de manifestações no município nos últimos anos, uma vez que a câmara lidera este processo desde 2011, após a extinção do cargo de governador civil.
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