A solidariedade social implica alguma generosidade, por parte dos mais protegidos da sociedade e da vida, para com aqueles outros, que não tiveram as mesmas oportunidades e, que por isso mesmo, devem ser ajudados e ter a solidariedade da sociedade, mas esta não se deve dispensar de os obrigar a um esforço de aprendizagem e atualização, permanentes, ao longo das suas vidas.
Impressiona hoje, em 2021, ouvir falar e ler certo português, ou seja, a língua portuguesa, por parte de políticos, jornalistas e até académicos, que dizem imensos disparates, certamente porque não foram castigados, como a nossa geração o foi, quando maltratava a língua portuguesa.
Os conceitos têm que utilizar terminologia adequada à ideia que querem transmitir e os tempos dos verbos têm que ser respeitados, assim como os artigos definidos não podem ser trocados, como o fazem certos estrangeiros quando ensaiam falar português.
Quando ligamos a RTP, oficial, canal 1, é vulgar ouvir, nos noticiários, os jornalistas de serviço dizer: e agora o “desporto”, e começam a falar de futebol profissional, ou seja, confundem o verdadeiro desporto, que é amador, com o espetáculo desportivo, futebol profissional, que é uma indústria, um negócio, que paga aos jogadores e os contrata através de clubes-empresas, como seus empregados, com deveres e obrigações e algumas regalias, mas obrigando-os a trabalhar, mesmo em condições físicas adversas, por serem trabalhadores da bola e não desportistas, tal qual um condutor de um táxi, quando trabalha, não está a atuar como um ator do desporto automóvel.
Queremos afirmar que certos órgãos oficiais de comunicação social, estão a contribuir para deseducar o povo e a contrariar o esforço que o Ministério da Educação (ME) deve fazer para o educar. Claro que o ME tem culpa, pois até agora, nem lhe passou pela “cabeça” que lhe cabe a ele impor, nos órgãos oficiais de comunicação social, uma unidade terminológica.
Assim chegamos ao título deste artigo: distanciamento físico e distanciamento social. Não sabemos, mas imaginamos que o Governo nunca equacionou esta questão, entre os vários Ministérios e, por isso, cada um utiliza a expressão que entende mais adequada, e aqui começa a confusão e veem, ao de cima, as raízes, ou seja, o ambiente social que caracteriza determinados meios, pela forma como se escreve, como se fala, como se come, como se veste, etc., etc..
Distanciamento social, implica um conceito de destrinça, de diferença, de não mistura, de afastamento de umas pessoas, de certas outras, em convívio social.
Quando se viaja em 1ª classe num comboio, num avião ou navio, paga-se muito mais, mas esse espaço é exclusivo dessa classe, não há misturas, há discriminação social, através do dinheiro, podendo dizer-se: ricos de um lado, pobres do outro. É distância entre classes sociais.
Distanciamento físico é 100% democrático, impõe apenas uma distância métrica, de 1 metro, 2 metros, etc. etc…, para preservar qualquer contágio, em relação a uma doença, ou evitar um aglomerado de pessoas, em certos casos, por razões de segurança, para prevenir um desastre, por peso excessivo.
Qualquer militar sabe que vários batalhões não podem atravessar uma ponte velha ou degradada com o passo certo, a marchar, sem uma maior distância física maior que o habitual, porque “o momento” é enorme podendo originar a queda da ponte, por isso, têm que desacertar o passo.
O distanciamento social, normalmente, implica um distanciamento entre classes sociais e não há melhor exemplo daquilo que se passa com os militares num quartel: messe de oficiais, messe de sargentos e messe de soldados.
Seria bom que ME tomasse boa nota deste escrito e atuasse de acordo coma sua função: Educar, através dos órgãos oficiais de comunicação social, e não só.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente