DGS avalia possibilidade de vacinação de mulheres grávidas

DGS avalia possibilidade de vacinação de mulheres grávidas


A produção de anticorpos comprova que as vacinas parecem induzir uma boa resposta na gravidez.


A administração da vacina em grávidas é um tema que não reúne consenso na comunidade científica. Porém, em declarações ao jornal Expresso, nesta segunda-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) explicou que o tema está a ser estudado como uma possibilidade num grupo de trabalho que integra o Colégio da Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia da Ordem dos Médicos.

Ao órgão de informação suprarreferido, Nuno Vale – investigador na área de Farmacologia do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde – e Luís Delgado – imunologista e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto  – afirmaram que ainda não surgiram sinais de alarme e que os dados confirmam a segurança do fármaco. Por outro lado, a produção de anticorpos comprova que as vacinas parecem induzir uma boa resposta na gravidez.

Recorde-se que, no final de março, o Nascer do SOL noticiou que as vacinas produzidas com a tecnologia RNA mensageiro (mRNA) são altamente eficazes na produção de anticorpos contra o vírus SARS-coV-2 em mulheres grávidas e lactantes, revelou um estudo de investigadores de instituições do estado norte-americano de Massachusetts.

O estudo, divulgado pelo boletim científico American Journal of Obstetrics and Gynecology, demonstra também que as vacinas mRNA, tal como a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna, concedem imunidade protetora aos recém-nascidos através do leite materno e da placenta.  

Nestas vacinas são introduzidas um mensageiro de ácido ribonucleico (mRNA), que contém informação genética sobre o vírus que “dá instruções” ao organismo para produzir anticorpos.

A investigação foi realizada com base numa amostra de 131 mulheres em idade reprodutiva, 84 grávidas, 31 lactantes e 16 não grávidas. Todas receberam uma das vacinas com mRNA e após a administração foi possível concluir que os efeitos secundários foram raros.

"Esta notícia da excelente eficácia da vacina é muito encorajadora para mulheres grávidas e lactantes, que ficaram de fora dos ensaios iniciais da vacina contra a covid-19", afirmou a coautora do estudo Andrea Edlow, através de comunicado, à época, sobre a investigação.

Para a especialista em medicina materno-fetal e diretora do Edlow Lab no Centro Vincent de Biologia Reprodutiva, "preencher as lacunas de informação com dados reais é fundamental", sublinhou. "Especialmente para as nossas pacientes grávidas que estão em maior risco de complicações devido à covid-19", explicou Andrea Edlow.