Escorregando no MEL


As personalidades convidadas pelo MEL foram escorregando num exercício difícil de posicionamento no tabuleiro das perceções.


O encontro nacional do MEL (Movimento Europa e Liberdade) que decorreu em Lisboa na passada semana, reuniu várias direitas, incluindo direitas que afirmam que não se percecionam como tal, conjugou sentimentos de carência e frustração e conceções variadas de injustiça, na generalidade decorrentes da forma como o poder escorreu entre os dedos do bloco político em 2015, a favor de uma esquerda mais alinhada com os anseios do povo e as prioridades do País.

Desse evento, que acabou por se constituir numa espécie de prefacio multifacetado do posterior Congresso do novo partido populista e nacionalista do espetro politico português, não germinou, por aquilo que se soube e soube-se quase tudo, uma única ideia ou visão inovadora e diferente, capaz de se sedimentar como uma opção de alternativa saudável na democracia portuguesa.   

O vazio inconsequente tornou-se ainda mais estranho e tóxico para a vivência democrática nacional, porque decorreu num momento em uma visão articulada, consistente e alternativa nascida à direita, para o uso dos recursos de recuperação resiliência de que o País vai dispor, poderia e deveria contribuir para diversificar o debate sobre o futuro que queremos para a nossa terra.

Noutro patamar de análise, o encontro realizou-se num tempo que marca  o alvor da Conferência sobre o Futuro da Europa, na qual também a formulação de uma visão das direitas portuguesas sobre as prioridades de evolução do projeto europeu, ajudaria a dar profundidade ao caleidoscópio de interações, a partir do qual emergirão as novas ideias e as novas ambições para a década e para a afirmação da União Europeia no mundo, ajudando a separar as águas entre os europeístas exigentes e os populistas nacionalistas, como condição de regeneração e revigoramento do espetro político europeu.

Contudo, nada disto aconteceu. O encontro foi uma oportunidade perdida. As personalidades convidadas pelo MEL nele foram escorregando num exercício difícil de posicionamento no tabuleiro das perceções, arremessando peças de puro diagnóstico para ataque mútuo ou para apontar aos alvos da esquerda e em particular ao Governo. Soluções, programas ou medidas concretas não constaram dos resultados do evento.

A encenação teve uma densa e diversificada cobertura nos media. Os jogos de poder ou de subpoder sempre foram guiões apetecíveis e com audiências prometedoras. Os portugueses puderam assim antecipar o que poderá acontecer no dia em que a natural dinâmica democrática atribuir à direita ou a quem dela sendo, não lhe toma o nome, a maioria para legitimamente governar.

A antecipação não foi galvanizadora. Não faltaram intrigas, ameaças e esboços de sebastianismo serôdio. Mas, se como diz o povo, a necessidade é a mãe do engenho, a seu tempo se formará uma proposta de direita e os eleitores terão oportunidade de escolher. Para já ficaram os registos de lassidão de criatividade e de erosão do dialogo, misturados com o deambular dos fantasmas do passado. Um sintoma preocupante para a democracia, traduzido na falta de comparência de quem tem história, memória e responsabilidade para que lhe possa e deva ser exigido mais.

 

Eurodeputado


Escorregando no MEL


As personalidades convidadas pelo MEL foram escorregando num exercício difícil de posicionamento no tabuleiro das perceções.


O encontro nacional do MEL (Movimento Europa e Liberdade) que decorreu em Lisboa na passada semana, reuniu várias direitas, incluindo direitas que afirmam que não se percecionam como tal, conjugou sentimentos de carência e frustração e conceções variadas de injustiça, na generalidade decorrentes da forma como o poder escorreu entre os dedos do bloco político em 2015, a favor de uma esquerda mais alinhada com os anseios do povo e as prioridades do País.

Desse evento, que acabou por se constituir numa espécie de prefacio multifacetado do posterior Congresso do novo partido populista e nacionalista do espetro politico português, não germinou, por aquilo que se soube e soube-se quase tudo, uma única ideia ou visão inovadora e diferente, capaz de se sedimentar como uma opção de alternativa saudável na democracia portuguesa.   

O vazio inconsequente tornou-se ainda mais estranho e tóxico para a vivência democrática nacional, porque decorreu num momento em uma visão articulada, consistente e alternativa nascida à direita, para o uso dos recursos de recuperação resiliência de que o País vai dispor, poderia e deveria contribuir para diversificar o debate sobre o futuro que queremos para a nossa terra.

Noutro patamar de análise, o encontro realizou-se num tempo que marca  o alvor da Conferência sobre o Futuro da Europa, na qual também a formulação de uma visão das direitas portuguesas sobre as prioridades de evolução do projeto europeu, ajudaria a dar profundidade ao caleidoscópio de interações, a partir do qual emergirão as novas ideias e as novas ambições para a década e para a afirmação da União Europeia no mundo, ajudando a separar as águas entre os europeístas exigentes e os populistas nacionalistas, como condição de regeneração e revigoramento do espetro político europeu.

Contudo, nada disto aconteceu. O encontro foi uma oportunidade perdida. As personalidades convidadas pelo MEL nele foram escorregando num exercício difícil de posicionamento no tabuleiro das perceções, arremessando peças de puro diagnóstico para ataque mútuo ou para apontar aos alvos da esquerda e em particular ao Governo. Soluções, programas ou medidas concretas não constaram dos resultados do evento.

A encenação teve uma densa e diversificada cobertura nos media. Os jogos de poder ou de subpoder sempre foram guiões apetecíveis e com audiências prometedoras. Os portugueses puderam assim antecipar o que poderá acontecer no dia em que a natural dinâmica democrática atribuir à direita ou a quem dela sendo, não lhe toma o nome, a maioria para legitimamente governar.

A antecipação não foi galvanizadora. Não faltaram intrigas, ameaças e esboços de sebastianismo serôdio. Mas, se como diz o povo, a necessidade é a mãe do engenho, a seu tempo se formará uma proposta de direita e os eleitores terão oportunidade de escolher. Para já ficaram os registos de lassidão de criatividade e de erosão do dialogo, misturados com o deambular dos fantasmas do passado. Um sintoma preocupante para a democracia, traduzido na falta de comparência de quem tem história, memória e responsabilidade para que lhe possa e deva ser exigido mais.

 

Eurodeputado