Algarve. “Temos muitas estrelas a dirigirem-se para a região”

Algarve. “Temos muitas estrelas a dirigirem-se para a região”


O Algarve (e o país) começam a recuperar ao nível turístico e recuperam em grande. A Sul são muitos os turistas que chegam de jato privado. Nunca se faturou tanto na restauração de luxo como agora.


Depois da crise profunda originada pela pandemia da covid-19, o Algarve volta a estar em alta. Nunca se viram tantos Rolls-Royce, Lamborghini, Ferrari ou outros carros de alta cilindrada com matrícula portuguesa. A ideia que passa é que os portugueses que iam nesta altura para Ibiza, Formentera ou para a Grécia decidiram ficar por cá, até porque se sentem mais seguros. Habituados a gastar dinheiro no estrangeiro, esses portugueses têm um poder de compra que, aliado ao dos britânicos, está a contribuir para um verão de luxo no Algarve. Nos melhores restaurantes os clientes não se acanham e pedem o melhor e mais caro, como é óbvio.

O marisco – nomeadamente os carabineiros e os camarões tigre – nunca teve tanta saída. Se em Portugal há mais procura, o facto desses mariscos estarem a serem consumidos no Dubai, por exemplo, faz com que o seu preço esteja “proibitivo”, segundo as palavras do responsável de um dos restaurantes que mais vende os famosos carabineiros. “Não há noite que não se vendam Don Perignon ou até mesmo Cristal e o Ás de Espadas”, conta ao i outro empresário da restauração. Alguns desses champanhes ficam a mais de 700 euros a garrafa.

Outro empresário, que está há mais de 30 anos no Algarve”, confessa que nunca viu nada assim: “Sem essa turma dos cruzeiros, e do pé descalço, o Algarve tem recebido ótimos clientes que querem o que é bom”.

As fronteiras aéreas abriram a meio do mês de maio e os turistas não pensam duas vezes quando pensam em viajar para Portugal. O país à beira mar plantado tem o que de melhor umas férias de verão podem oferecer: bom clima, boas praias e boa gastronomia.

Por isso, não é surpresa que a procura tenha crescido. “Estamos, felizmente, com uma procura já bastante interessante, sobretudo nos hotéis 5 estrelas no Algarve, e nomeadamente nos que estão junto à costa e que estão com procuras já bastante elevadas, que conjugam as férias escolares com os feriados e estas duas pontes das próximas semanas para o mercado nacional”, diz ao i João Fernandes, presidente da Associação de Turismo do Algarve.

O mesmo não acontece com os hotéis de quatro estrelas, que contam, neste momento, com “taxas de ocupação mais modestas, e também o alojamento de menor escala não está a ter ainda a mesma expressão”, acrescenta. No entanto, “é um fenómeno natural da progressividade no aumento da procura”.

Mas o turismo de luxo, esse, está em alta, disso não há dúvidas: “Estamos a registar cada vez mais passageiros desembarcados. Para ter uma ideia, neste fim de semana que passou tivemos 280 movimentos no aeroporto de Faro”. E aqui falamos de pessoas com um poder de compra acima da média. “Uma boa parte desses movimentos são aviação executiva, jatos particulares que se dirigem ao Algarve com muitas estrelas da música, do cinema, do desporto e até da moda do Reino Unido a virem para a região”, diz João Fernandes. O i sabe que entre essas estrelas estão os nomes de Rod Stewart e Kate Moss, entre muitos outros. “Isso é especialmente bom porque a capacidade que eles têm de comunicar nas suas redes e a adesão que têm dos seguidores é uma publicidade gratuita e altamente vinculativa, que reforça a notoriedade do próprio destino”, acrescenta.

Para o verão, além do mercado interno e britânico, espera-se a chegada de outros mercados importantes para a região: “Temos boas perspetivas para mercados como a Alemanha, a Holanda, a Irlanda, a França e a Espanha, mas obviamente que estamos a falar sempre na perspetiva de quem veio de um período muito difícil e isto é uma construção muito progressiva desta procura”, diz João Fernandes. “Teremos este ano, a correr como previsto, uma disponibilidade de lugares em aviões para Faro de cerca de 33% inferior a 2019, o que é já bastante bom, e sobretudo considerando que tivemos quase sem qualquer atividade”.

E há realidades interessantes a ter em conta no que marca a retoma tão esperada deste setor tão importante para o país. “Estamos a ter também uma realidade que é muito interessante sobretudo no mercado britânico mas não só, também noutros mercados europeus: muitos turistas que nunca tinham estado no Algarve ou já não vinham ao Algarve há mais de 10 anos e que estão a descobrir ou a redescobrir a região e felizmente com bom feedback, o que é sinal que podemos vir a fidelizar no futuro clientes que não tinham o Algarve ou Portugal nas suas perspetivas”, diz ainda João Fernandes.

Feitas as contas, o mercado nacional está a ajudar em muito nesta recuperação e é, alias, “o mais importante no verão”. “Mas, desta feita – ao contrário de 2020 –, existe já com uma procura externa bastante interessante”.

Há ainda boas expectativas para setembro, a época alta do golfe, “o que faz antecipar também uma reta final do ano já mais consistente do que é habitual neste período, para uma progressiva normalização”.

A notícia do Conselho de Ministros que prevê que o comércio funcione sem restrições e que os restaurantes possam abrir até à 1h da manhã também é vista com bons olhos por João Fernandes, até porque “é essencial para que as pessoas do território possam usufruir dessas valências, mas até por uma questão de segurança, porque à medida que a presença no território é maior, é bom que não se concentre nos mesmos horários. Vem não só enriquecer a experiência da estadia, mas é também um fator de atividade económica e de segurança”.

 

Processos graduais

Quem também confirma o aumento de procura no Algarve é Elidérico Viegas: “São processos graduais, dinâmicos, progressivos. Não se pode esperar que uma máquina que esteve parada durante cerca de ano e meio comece a funcionar logo a 100% de um dia para o outro”, diz ao i, o presidente da Associação Dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos Do Algarve (AHETA). No entanto, não há como negar que a procura tem crescido. “Temos tido um aumento progressivo de reservas mas sobretudo e principalmente para os meses de verão, mais altos, agosto e setembro. Embora já tenhamos procura desde o dia 17 de maio, que foi quando começámos a receber turistas externos, do Reino Unido”.