A Federação Internacional do Automóvel (FIA) quer ser parte da solução para resolver a questão climática, e pôs em prática uma estratégia ambiental ambiciosa. “A introdução da tecnologia híbrida nos ralis torna o desporto mais sustentável e reflete a tendência atual da indústria automóvel”, referiu o presidente da FIA, Jean Todt.
Os carros da nova categoria Rally 1 combinam o atual motor térmico 1.6 turbo de 380 cv com o kit elétrico de 100 kW (134 cv), desenvolvido por uma empresa especializada em motores elétricos de elevado rendimento. Nos troços cronometrados, os pilotos podem utilizar os dois motores e dispor de uma potência de 514 cv, mas dentro das localidades e parques de assistência são obrigados a usar o modo elétrico – é mais ecológico e faz menos ruído. A nova regulamentação obriga as equipas a utilizar o mesmo hardware, software e baterias. A partir de 2025, haverá maior liberdade técnica, e será introduzido o sistema de regeneração de energia.
O novo projeto conta com o apoio das marcas que disputam o campeonato do mundo. A Hyundai confirmou que vai alinhar com o i20 N, a Toyota aposta no Yaris GR e a Ford deve alinhar com o Fiesta ST, embora o marketing esteja a fazer pressão para correr com o Puma. A categoria Rally1 pretende atrair mais construtores para o mundial de ralis, onde poderão promover os seus modelos híbridos. Fala-se no regresso da Mitsubishi em 2023, e dos chineses da SAIC Motors com a marca MG.
Os construtores estão a trabalhar ativamente na integração do sistema híbrido. Existem, no entanto, outras áreas de desenvolvimento, caso da aerodinâmica, os carros vão perder o aspeto de naves espaciais e ficar mais parecidos com os modelos de série, da transmissão, desaparece o diferencial central ativo e passam a ter caixa de cinco velocidades, e é reforçada a segurança com um segundo rollbar, que envolve a célula onde ficam piloto e navegador. É uma corrida contrarrelógio para ter os carros prontos no segundo semestre. É que o mundial de 2002 começa em janeiro com o mítico Rali de Monte Carlo.
Numa recente entrevista ao Autosport inglês, o heptacampeão do mundo de ralis, Sebastien Ogier, aprovou a decisão da FIA. “É importante que o desporto automóvel seja mais ecológico” e aponta novos caminhos: “A solução híbrida há muito que existe na Fórmula 1 e nas provas de Endurance. Gostava que o WRC fosse numa direção mais inovadora e experimentasse outras alternativas como o hidrogénio. Penso que devia ser considerada essa utilização na revisão das regras do Rally 1 no final de 2024”. Ogier refere ainda que “é importante chamar a atenção das pessoas e da imprensa internacional que estamos a pensar no futuro, e que os carros são inovadores”.
O campeão nacional Armindo Araújo mostra-se igualmente entusiasmado com uma das alterações mais importantes na história dos ralis. “Acho ótimo que os carros híbridos apareçam, já devia ter acontecido há mais tempo. O mercado automóvel está a adotar estas tecnologias. Para os pilotos é importante em termos de marketing e divulgação dos ralis”.
COMBUSTÍVEL VERDE Outra novidade para 2022 é a utilização de um combustível inovador, sustentável e mais económico. Tem origem não fóssil – é uma mistura de componentes sintéticos e biocombustível – de modo a reduzir as emissões de dióxido de carbono. É a primeira vez que este tipo de combustível vai ser utilizado num campeonato do mundo da FIA. Outra medida a implementar é a produção e distribuição de energia renovável nos parques de assistência para uso das equipas.