O ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma e a companhia de armamento francesa Thales declararam-se hoje inocentes das acusações de fraude, extorsão, corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro, num tribunal sul-africano.
O julgamento começou hoje na capital da província do KwaZulu-Natal, litoral do país, após vários recursos do antigo presidente sul-africano, e refere-se a um caso de corrupção pública de aquisição de armamento com mais de 20 anos e que envolve o grupo francês Thales.
O procurador do Ministério Público (NPA, na sigla em inglês), o advogado Billy Downer, referiu que o Estado "não seria capaz" de responder hoje, em tribunal, ao apelo especial apresentado pela defesa de Jacob Zuma, considerando "volumoso" o fundamento de mais de 1.000 páginas.
A defesa do antigo chefe de Estado sul-africano concordou que o Ministério Público deveria ter "tempo" para apresentar declarações de resposta ao apelo especial apresentado por Jacob Zuma e, por isso, será ouvido em 19 de julho de 2021, anunciou hoje o juiz Piet Koen, adiando o caso.
Jacob Zuma solicitou a remoção do caso do advogado Billy Downer, procurador do Ministério Público, questionando a "imparcialidade" e "independência" do advogado do Estado sul-africano.
Ao regressar hoje ao banco dos réus no tribunal superior de Pietermaritzburg, Jacob Zuma, representado pelo advogado Dali Mpofu, insistiu ainda que houve "interferência política" no caso de corrupção de que é acusado.
Na sua intervenção, o Ministério Público sul-africano disse que "não parece haver urgência" da parte do ex-presidente em finalizar o seu caso de corrupção que se arrasta há 20 anos na justiça sul-africana.
O NPA disse que está apto a prosseguir com o julgamento, que viu Zuma e a companhia de armamento francesa Thales enfrentar uma série de acusações criminais decorrentes da aquisição de armamento na década de 1990 pelo Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder desde 1994 na África do Sul.