A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) vai estar novamente reunida amanhã em Assembleia-Geral (AG), depois de o último encontro ter sido suspenso, após não terem sido aprovados os novos regulamentos eleitorais, nem as contas referentes a 2020, assim como o plano de ação e orçamento para este ano, tal como avançou o i.
Recorde-se que na ordem de trabalhos estava a apresentação do regulamento eleitoral para as eleições a realizar para os novos órgãos associativos da Associação Mutualista. O ato eleitoral, a realizar ao que tudo indica em dezembro, necessita do seu regulamento eleitoral aprovado, sem o qual não será possível dar início ao processo. Ao que o i apurou, alguns dos pontos de discórdia entre o regulamento proposto pela comissão do regulamento eleitoral e os associados foram a discricionariedade atribuída ao Conselho de Administração presidido por Virgílio Lima para fixar a forma de votação e os montantes de subvenção a atribuir às listas concorrentes.
O i sabe que um grupo de associados contrapropôs três pontos que foram acolhidos para votação na nova reunião da AG a realizar no próximo dia 26. O atual presidente quer manter o voto em Lisboa, no entanto, o mesmo grupo defende o voto descentralizado. Fonte ligada ao processo, garante que a razão da discórdia “é clara e transparente” e acusam Virgílio Lima de querer condicionar os votos e, por isso, querer, fixar os mesmos apenas em Lisboa.
A explicação é simples: o voto presencial, significa que não haja associados a votarem nos balcões em todo o país. A mesma fonte garante que estes não são favoráveis à continuidade da lista A, ou seja, não estão disponíveis para dar apoio à política da gestão anterior.
Tal como o i avançou, o atual presidente da associação tem estado a tentar criar consensos internos para se apresentar às eleições. Se até ao momento Lima já obteve o acordo de Maria de Belém Roseira para encabeçar a lista para a Assembleia de Representantes, tentou fazer o mesmo com António Bagão Félix, mas o ex-ministro declinou o convite. Apesar das questões recentemente levantadas pela ASF relativamente à falta de adequação de Idália Serrão para manter a responsabilidade dos pelouros Financeiro e de Contabilidade, Lima mantém a confiança na administradora militante do PS.
Entretanto irá surgir uma lista que irá contar com vários nomes que fizeram parte ou apoiaram as listas da oposição a Tomás Correia nas últimas eleições. Entre eles, estará Miguel Coelho, antigo administrador da Mutualista que deverá encabeçar a candidatura, a que se junta Fernando Ribeiro Mendes – que concorreu ao último ato eleitoral – assim como Pedro Corte Real. “O contínuo agravamento da crise financeira e de governo da AMMG torna cada vez mais difícil conceber e implantar soluções suscetíveis de a reparar sem que decorram graves e penosas consequências para a sua independência e para a situação dos seus associados e trabalhadores”, afirma este grupo.
Contas agravam decisão A entidade liderada por Virgílio Lima apresentou 18 milhões de euros de prejuízo no ano passado. Tal como o i já tinha avançado, os resultados mostraram ainda divergências com a auditora PwC. No documento a que o i teve acesso, o auditor volta a colocar reservas à capacidade de recuperação dos impostos diferidos registados no balanço, que passaram de 833 milhões para 868 milhões. O i sabe que sem os impostos diferidos, os capitais próprios seriam de 500 milhões negativos.
A agravar ainda mais esta situação está o facto de o banco Montepio ter passado de lucros a prejuízos de 15,9 milhões de euros nos três primeiros meses do ano e passou a operar abaixo do rácio de capital exigido pelo Banco de Portugal – desceu para 13,4%, ou seja, abaixo dos 13,938% exigidos pelo regulador, conforme requisitos mínimos prudenciais de fundos próprios da instituição financeira, publicados em 17 de março de 2020.