Parar, ouvir e ver. Seis lugares secretos de Monsanto

Parar, ouvir e ver. Seis lugares secretos de Monsanto


Para lá dos lugares mais badalados como os parques infantis, o antigo restaurante Panorâmico ou skate park, Fernando Louro Alves, engenheiro florestal do Parque Florestal do Monsanto, sugere lugares que vale a pena descobrir. E ainda nos apontou no mapa quais os melhores sítios para ver o esquilo-vermelho, um dos habitantes fugidios de Monsanto.


À descoberta dos segredos da serra 

De carro, estacione no parque junto à Proteção Civil na Estrada das Oliveiras de Baixo. Um pouco acima, verá o início de um caminho que contorna as traseiras das instalações da Proteção Civil. Entra na floresta. Do lado direito, tem uma vedação de madeira. Verá a certa altura, antes do caminho bifurcar, uma abertura na vedação de madeira e um pequeno trilho de terra. Siga-o pelo meio da vegetação até encontrar um miradouro só seu. Ao longe, vê-se o Bugio. Voltando ao caminho, siga um dos trilhos de terra do lado esquerdo e encontrará uma das muitas antigas pedreiras de calcário branco de Monsanto, de onde durante os anos 30 e 40 saía pedra para calcetar os passeios de Lisboa. No período auge de exploração, recorda Fernando Louro Alves, havia cerca de 60 pedreiras ativas em Monsanto.

Mata de São Domingos de Benfica 

Guarda as árvores mais antigas do parque, as que existiam antes da reflorestação da serra de Monsanto. Foi recuperada em 2009 e entre os atrativos há uma torre de escalada. A mata densa tem um circuito de manutenção e, embora não seja dos sítios mais procurados em Monsanto, tem dos caminhos mais bucólicos pelo meio da natureza. É também dos melhores sítios em Monsanto para fazer um piquenique sem ter de madrugar para marcar mesa como acontece nos concorridos Parques do Alvito e Serafina. Tem acesso pedestre pela Rua Tenente Coronel Ribeiro dos Reis.

Bela-sombra

Ao contrário da serra de Sintra, a maioria das árvores de Monsanto não podem considerar-se exóticas, mas esta é peculiar. Encontra-a em frente do restaurante de Montes Claros. É uma Phytolacca dioica, conhecida como ombú ou bela sombra. E seria mais bela se estivesse um pouco mais cuidada e sem uns cabos pendurados. Há algumas belas-sombras pela cidade de Lisboa, poderá procurá-las noutros jardins. Hoje há diferentes aplicações que permitem em instantes, pelas folhas ou flores, identificar espécies e em Monsanto não faltam.

Levar os índios a ver a cidade

Monsanto tem 18 miradouros panorâmicos, é só escolher. O do Parque Recreativo do Alto da Serafina tem das vistas mais desafogadas e para quem só conhece o parque da pista de condução, dos baloiços cor-de-rosa, do labirinto à Alice no País das Maravilhas e das tendas dos índios, vale a pena arrastar a criançada até ao alto e mostrar-lhe a cidade por outro prisma. 

Um concerto no Parque da Pedra 

Com vista para o percurso de arborismo e escalada do Parque da Pedra, enquadrado pela antiga pedreira da Serafina, aproveite a envolvente e o eco natural para assistir a um concerto único. O engenheiro florestal apresenta-nos a aplicação BirdNet, que permite em segundos identificar o canto das diferentes aves que não vemos, mas ouvimos. Ali, longe do barulho dos humanos, escutamos melros, gaios-comuns, gralhas, a estrelinha-real, o pisco-de-peito-ruivo. No Parque de Monsanto estão referenciadas 103 espécies de aves.

Vistas únicas para o rio (e esquilos)

A Alameda Keil do Amaral, assim batizada em homenagem ao arquiteto que integrou a equipa de Duarte Pacheco no planeamento do parque e ordenamento dos espaços verdes, é um dos espaços mais procurados em Monsanto. Aqui, sugerimos dois desvios a partir da zona das casas de banho, para o lado esquerdo de quem olha para o rio. Num, encontrará o moinho do Penedo e o campo de basquetebol com a melhor vista de Lisboa. No outro, um miradouro embrenhado na natureza. Este caminho é um dos locais onde é mais provável encontrar um esquilo. Connosco não falhou.

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