Vítimas de implantes mamários defeituosos serão indemnizadas

Vítimas de implantes mamários defeituosos serão indemnizadas


A justiça francesa deu razão às vítimas de implantes da PIP, que culpam a certificadora alemã responsável. 


Milhares de vítimas de implantes mamários defeituosos puderam celebrar, esta quinta-feira, quando um tribunal parisiense ordenou que lhes fosse pago uma indemnização pela empresa alemã TUV Rheinland, considerando que esta fora negligente ao providenciar certificados de qualidade aos implantes da empresa francesa Poly Implant Prothèse, ou PIP, produzidos entre 2000 e 2010. Viria a saber-se que, afinal, estavam cheios de silicone de grau industrial ou agrícola, de uso ilegal e impróprio para humanos. 

“Estamos encantados com este resultado, que definitivamente põe fim às dúvidas sobre a responsabilidade da TUV”, declarou Olivier Aumaitre, advogado das 2700 mulheres que avançaram com o processo, citado pela France Press. “Depois de dez anos de espera e de feroz combate, a certificadora alemã terá de compensar plenamente as vítimas”, acrescentou.

Contudo, não só as mulheres por trás deste processo que poderão beneficiar disso. A PIP, em tempos, foi o terceiro maior fornecedor de implantes mamários, e estima-se que até 400 mil pessoas possam ter recebido os implantes da empresa. Uma epidemia que afetou em particular a América Latina, sobretudo na Colômbia, onde haverá mais 60 mil vítimas. Pelo menos 20 mil pessoas já se juntaram à Associação Mundial de Vítimas de Implantes PIP (ou PIPA, na sigla inglesa), pedindo indemnizações na ordem das dezenas de milhares de euros. 

“É um alívio”, declarou uma das vítimas, que se identificou apenas como Christine, em conferência de imprensa. “O processo legal termina hoje, mas não acaba aqui para a minha saúde. Ainda tenho silicone no meu corpo”. Afinal, teve uma bomba relógio dentro do seu corpo – os implantes PIP têm uma probabilidade de entre 15 a 30% de romper ou vazar silicone ao fim de dez anos, estimou um relatório do Serviço Nacional de Saúde britânico, de 2012, 

Não é uma experiência nada fácil. “Passei de ser alegre, vibrante, entusiasmada e cheia de energia, para sentir que era uma mulher velha”, contou Gail Coxon, que se começou a sentir mal em 2006, com dores e cansaço constante, entre desmaios e sangramentos nasais. “Começou a ficar progressivamente pior ao longo dos anos, até que os removi”, explicou à BBC. “Foi mesmo assustador passar por isso”.