A audição de Nuno Vasconcellos, ex-presidente da Ongoing, foi suspensa após pouco mais de uma hora. O presidente da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco, Fernando Negrão, deu por encerrada a audição por considerar que o responsável se recusava “sistematicamente a admitir” que tinha dívidas em relação à instituição financeira liderada por António Ramalho. “É claro, de forma pública e notória, que o senhor se recusa sistematicamente e sem explicações plausíveis a admitir que seja titular de qualquer dívida. Surge igualmente claro que não responde a nenhuma pergunta de forma construtiva. E, por último, resulta ainda claro que a sua única preocupação é construir a sua defesa. Nestes termos, em nome da dignidade dos trabalhos desta comissão, eu e todos os deputados entendemos dar por terminada a audição. E por isso está encerrada esta audição”, disse Fernando Negrão.
Nuno Vasconcellos respondeu apenas à deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, no entanto, a deputada bloquista garantiu que não iria colocar mais questões, considerando que o empresário não estava a responder às questões.
Recorde-se que a Ongoing é um dos maiores devedores ao Novo Banco, com dívidas da ordem dos 600 milhões de euros e, nos últimos dias, o empresário que está no Brasil há cerca de 10 anos já tinha admitido que podia existir algumas limitações técnicas a esta audição por causa da qualidade de ligação.
Durante a sua curta audição, Nuno Vasconcellos garantiu que nunca se recusou a comparecer no Parlamento e deu um recado ao Bloco de Esquerda: “Nunca me neguei a comparecer”, acrescentando que “gostaria de aproveitar para desmentir a informação no site do bloco que me atribui um crime de corrupção. Fui acusado com base em provas falsas e respondi a um processo no qual fui considerado inocente em 2016.
E foi mais longe: “Não tenho a esconder nada. Não agi de má fé e não posso ter o meu nome entre os responsáveis por levar Portugal à mais grave crise da sua historia recente” e acrescentou que deixou de ser responsável pelos destinos da Ongoing a partir de 2016, quando entrou em processo de insolvência. “A empresa tem um gestor de falência. Não sei se os ativos foram vendidos da forma mais correta, acho que não. “Não consigo entender o que foi feito com esses ativos. Muitos desses ativos continuam no Novo Banco”.
Em relação ao BCP, Nuno Vasconcellos revelou que chegou a viajar até Portugal com banco BTG Pactual para adquirir essa dívida de 290 milhões de euros por 140 milhões. “O Pactual é que ia comprar esse crédito. O banco [BCP] recusou”.
Vasconcellos acusou ainda o BCP e o seu presidente de serem “mentirosos”, isto depois de Mariana Mortágua ter revelado que o banco acusa o empresário de “insolvência culposa”. “Os bancos pediam garantias e nós demos, acedemos a todas as solicitações a todos os credores”, salientou. “Se o BCP me acusa então o BCP é um banco mentiroso”, referiu, garantindo ainda que a história está “mal contada”.