No primeiro trimestre deste ano, o saldo conjunto da balança corrente e de capital apresenta um saldo positivo de 181 milhões de euros, o que compara com 115 milhões de euros no mesmo período do ano passado.
Os dados, revelados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP) mostram que “os excedentes observados nas balanças de serviços, rendimento secundário e de capital superaram os défices da balança de bens e de rendimento primário”.
Segundo o banco liderado por Mário Centeno, até março, o défice da balança comercial caiu “pois a redução do défice da balança de bens, no valor de 2029 milhões de euros, ultrapassou a diminuição do excedente da balança de serviços em 1768 milhões de euros”. O BdP justifica esta quebra com o decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, no valor de 1341 milhões de euros.
Ainda relativamente ao mês de março, as exportações de bens e serviços cresceram 14%, “influenciadas pela evolução nos bens (30,3%), que superaram o decréscimo verificado nos serviços (20,7%). Refira-se, a propósito, que as exportações mensais de bens superaram as do mês homólogo de 2019”.
Já as importações de bens e serviços subiram 11,8% (12,1% nos bens e 10,3% nos serviços). “Destacou-se a redução do saldo das viagens e turismo em 310 milhões de euros, resultante de quebras de 56,3% nos créditos e de 19,2% nos débitos. No entanto, as exportações dos outros serviços já atingiram o nível pré-pandemia”.
No primeiro trimestre deste ano, avança o BdP, o défice da balança de rendimento primário cresceu 47 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para 556 milhões de euros. “O aumento do défice foi, em grande medida, justificado pela evolução do saldo dos rendimentos de investimento. Por outro lado, o excedente da balança de rendimento secundário decresceu 40 milhões de euros, devido, sobretudo, à evolução das transferências correntes, designadamente pelo aumento da contribuição nacional para o orçamento da União Europeia”. Já o excedente da balança de capital caiu, justificado com a diminuição das ajudas ao investimento recebidas da União Europeia.
Até março, o saldo da balança financeira registou um aumento dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior de 667 milhões de euros. A justificação está relacionada com a diminuição de passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema e à redução de depósitos de não residentes junto de bancos portugueses.
“Para o aumento de ativos contribuiu o investimento dos bancos portugueses em títulos de dívida emitidos por não residentes”, explica o BdP. Por outro lado, foi registado um crescimento de passivos que resulta do investimento por parte de não residentes em títulos de dívida pública portuguesa, e uma redução de ativos, com o desinvestimento do Banco de Portugal em títulos de dívida emitidos por não residentes.