Nomes como Luís Filipe Vieira, Bernardo Moniz da Maia, António José Barão, Nuno Espírito Santo e João Gama Leão (não confundir com o homónimo Ministro das Finanças) juntam-se a outros, que no passado mostraram todo o despudor que se vive no mundo da “alta finança”, como são o caso de Ricardo Salgado & família, Nuno Vasconcellos, Joe Berardo, etc.
Torna-se bastante difícil adjetivar a vergonha que surge perante os nossos olhos. Da forma como falam de centenas de milhões de euros, como se fossem patacas, ao gozo demonstrado para com o Parlamento mesmo quando se fazem passar pelos gestores mais ignorantes, a roçar a inimputabilidade, a quem nem um cêntimo se deve dar para gerir. Obviamente, que esta atitude serve única e exclusivamente para se protegerem, não dizendo nada que os possa vir, eventualmente, a incriminar no futuro. Mas não deixa de ser um ultraje.
Tudo isto resulta dos Estados não se darem ao respeito e permitirem que o mundo do capital e da finança funcione numa espécie de realidade paralela, onde a teia intrincada de legislação vai permitindo que tudo isto se passe. Não nos iludamos, infelizmente, muito do que vemos é permitido legalmente.
Se lhe somarmos a permissibilidade no planeamento fiscal, associando uns belos benefícios fiscais e, por vezes, algum financiamento de fundos comunitários, devidamente enquadrados pela falta de escrúpulos de “gestores” da estirpe dos referidos, temos o caldo em que nos encontramos.
Chegados aqui, e em nome de superlativos interesses nacionais, lá vem o Estado (nós) com o livro de cheques cobrir toda a vergonha e ficamos todos na expectativa que um dia, talvez, alguém seja considerado culpado de algum crime (que possa ter ocorrido).
Até lá, enquanto uns brincam com 500, 400, 300 milhões para aqui e para acolá, como se fossem umas moeditas no bolso, a quem os amigos banqueiros estão sempre disponíveis para emprestar muito, muito dinheiro, tendo como garantias palheiros ou a roupa que trazem no corpo, pois bens não têm nenhuns (mesmo que anos antes mostrem possuir casas e apartamentos de luxo, viajarem sempre em carros de gama alta, iates e jatos privados, possuírem herdades, quintas e ilhas) e conseguem sempre demonstrar que não auferem nenhum rendimento e serem quase indigentes.
No fim paga o português que recebe 800 euros por mês, é trabalhador por conta de outrem, no estado ou no privado, que “não consegue fazer planeamento fiscal”, porque o dinheiro é sempre contado. Paga o português a quem os bancos não têm qualquer pudor em cobrar comissões por terem uma conta a ordem que não movimenta milhões de euros e que só com uma maioria de esquerda parlamentar deixaram de ver as suas moradas de família penhoradas e executadas fruto de uma crise que não provocaram em 2011.
Este português é que paga a falta de vergonha dos Bancos, Banqueiros, dos Filipes Vieiras e dos Monizes da Maia. No entanto, a culpa para alguns, cá do burgo, é dos descamisados que vivem na miséria, abaixo do limiar da pobreza, e que recebem o RSI. Esses é que são os culpados dos milhares de milhões de euros que colocámos nos bancos e no sistema financeiro e das injeções de capital no Novo Banco.
Pedro Vaz