Por muito que não seja fã assumido do filme da Pixar “À Procura de Nemo”, certas cenas ficaram na memória de muitas pessoas, que associam determinados momentos do filme à vida real ou passaram mesmo a conhecer novas espécies a partir da animação.
É o caso do peixe-futebol, a espécie que ficou conhecida por perseguir Marlin e Dory, ao aproveitar-se da sua “lâmpada” bioluminescente para atrair outros peixes, de modo a alimentar-se.
Tal como é representado no filme, o Himantolopus sagamius, conhecido popularmente como peixe-futebol do pacífico, é uma espécie que vive nas profundezas do oceano e por isso raramente sobe para a sua superfície.
Eis que um episódio único acontece em Newport Beach, no estado norte-americano da Califórnia, quando um banhista encontra um peixe-futebol, à beira da água.
O banhista disse, em declarações citadas pelo jornal britânico The Guardian, ter percebido de imediato que se tratava de “algo pouco comum”, porque “nunca tinha visto um peixe assim”, ainda que não tivesse consciência daquilo que tinha descoberto.
Para além de quase nunca ser visto perto da superfície terrestre, esta espécie encontrada estava em perfeitas condições, tornando-se ainda mais raro.
RARE FIND! Deep sea anglerfish washed up in Newport Beach on Friday morning! On Crystal Cove beach @CrystalCoveSP staff were alerted by beach visitor Ben Eslef and were able to retrieve this intact specimen.. pic.twitter.com/vERGy5Zujt
— Davey's Locker (@DaveysLocker400) May 9, 2021
De acordo com o The Guardian, o Museu de História Natural de Los Angeles só tem três espécimes idênticos, porém nenhum destes encontra-se em tão bom estado como este.
Agora, os especialistas estão ansiosos por poderem estudar novamente um exemplar da espécie, sendo tão difícil de observar e encontrar.
A primeira vez que foi encontrado pelo Homem terá sido em 1885, na Gronelândia. A maior parte do conhecimento científico sobre o Himantolopus sagamius tem sido desvendado através dos animais que raramente dão à costa já mortos.
Recentemente, os cientistas conseguiram fazer expedições às profundezas do mar que permitiram analisar a espécie no seu habitat natural.
Uma característica particular desta espécie é o facto de os machos serem “parasitas sexuais”. Ao serem muito menores em relação ao tamanho das fêmeas, na reprodução os machos fundem-se com estas, perdendo todos os seus órgãos, à exceção dos testículos, através dos quais abastecem esperma à fêmea, em troca de nutrientes.
Os cientistas já puderam observar este acontecimento pela primeira vez, em 2016, no arquipélago dos Açores. Segundo as imagens gravadas pelos investigadores, é possível ver o macho a ser “absorvido” pela fêmea.