Segundo fonte da organização, em declarações à Lusa, a 38.ª edição do Festival de Teatro de Almada terá lugar de 2 a 25 de julho, mas o programa só será anunciado no dia 18 de julho, havendo “reserva de informação até à apresentação pública”, até por causa dos parceiros do festival.
Apesar de um dos pontos altos estar relacionado com a organização de eventos ligados à celebração dos 50 anos da Companhia de Teatro de Almada, completados no passado dia 24 de abril, o grande momento da programação foi desvendado pelo Centro Cultural da Belém (CCB) e consiste no espetáculo “'Maria Callas – Cartas e Memórias', de Tom Volf, com Monica Bellucci”, que decorrerá nos dias 10 e 11 de julho e para os quais os bilhetes já se encontram à venda.
“Maria Callas – Lettres & Mémoires” estreou em novembro de 2019, em Paris, no Studio Marigny. O projeto foi desenvolvido pelo fotógrafo e cineasta Tom Volf ao longo de sete anos, que envolveu viagens por todo o mundo e onde documentou a vida da soprano, considerada a diva da ópera do século XX, retratando a sua trajetória de vida e procurando separar o público, do privado, o mito, do ser humano.
Nessas viagens Volf conheceu cerca de trinta dos amigos e colegas mais próximos de Callas, com os quais filmou mais de 60 horas de entrevistas, e reuniu uma grande quantidade de material inédito.
O CCB destaca que “este espetáculo único leva-nos a descobrir em primeira mão a história verdadeira por detrás da lenda. Levanta-se o véu que tanto cobre Maria — a mulher vulnerável, fendida entre a sua vida nos palcos e a sua vida privada — como Callas, a artista vítima da exigência para consigo própria e da batalha perpétua que travou com a voz”. Esse “autorretrato fascinante e perturbador” é oferecido através do livro “Maria Callas, Cartas e memórias”. Através da leitura desses textos, estabelecidos e traduzidos por Tom Volf, que encena o espetáculo a que Mónica Bellucci dá voz, a atriz transporta o público desde a infância modesta de Maria Callas em Nova Iorque até aos anos da guerra, em Atenas, da sua discreta estreia na ópera até aos píncaros de uma carreira planetária marcada por escândalos e provações pessoais, do amor idealizado pelo marido até à paixão por Onassis.
Na versão para teatro, que chega em julho a Lisboa, no centro do palco encontra-se um sofá, reprodução exata daquele que costumava estar na Avenida Georges Mandel, o apartamento de Paris onde Callas passou os seus últimos 15 anos.
Ao lado desse sofá, um gramofone, no qual Maria Calas costumava ouvir as suas próprias gravações e a música de Bel Canto, que tanto amava.
“Esta música e as suas gravações são ouvidas em várias ocasiões durante o espetáculo, como um hífen de uma letra para outra, simbolizando o tempo a passar, uma voz que começa a jorrar com todo o poder da juventude, e que, pouco a pouco, começa a desvanecer-se, não deixando para trás mais nada a não ser um piano, tocando por si só, melodias há muito perdidas”, segundo a descrição do próprio encenador e autor da obra.
Nesta produção, Monica Bellucci utiliza um vestido emprestado pela coleção italiana My Private Callas que pertenceu a Callas, e que permaneceu em segredo durante mais de 60 anos e que nunca tinha sido usado por mais ninguém.
“Este vestido e a espetacular transformação de Monica, assim como o jogo de luzes e ‘chiaroscuro’, dão-nos a impressão de estar realmente na própria sala de estar de Callas, o seu espírito reaparecendo por pouco tempo para partilhar, através das próprias palavras de Maria, um momento de intimidade com o seu público”, acrescentou o encenador.