Ordem diz que Governo quer usar enfermeiros para centros de vacinação em regime de mobilidade

Ordem diz que Governo quer usar enfermeiros para centros de vacinação em regime de mobilidade


Os enfermeiros estão a ser notificados para participar na vacinação a tempo inteiro ou parcial, sem ter de pagar assim as horas extraordinárias.


A Ordem dos Enfermeiros (OE) acusou, esta segunda-feira, o Governo de querer retirar enfermeiros de instituições de saúde para integrarem plano de vacinação contra a covid-19 através do regime de mobilidade, sem ter de pagar assim as horas extraordinárias.

A OE, em comunicado, disse que "teve conhecimento de que vários enfermeiros estão a ser notificados a participar no plano de vacinação contra a Covid-19, através do regime de mobilidade a tempo inteiro ou a parcial".

Ou seja, os enfermeiros que queiram estar envolvidos no plano, terão de abandonar o seu local de trabalho, ao deslocarem-se para os centros de vacinação, dentro do horário laboral, em vez de irem em horário pós-laboral.

"Numa altura em que se confirma que estão em falta 11,5 milhões de consultas em centros de saúde, 26 milhões de atos de diagnóstico, 126 mil cirurgias e 400 mil rastreios oncológicos (dados do Portal da Transparência), o Governo quer retirar enfermeiros de hospitais e outras instituições de saúde, onde são essenciais para a saúde dos portugueses", realçou em comunicado.

O executivo de António Costa "encontrou uma forma de não pagar horas extraordinárias", criticou a OE, ao considerar esta uma “medida abusiva” que "contraria completamente o que foi pedido a estes profissionais de Saúde e à OE, que contribuiu com uma lista de quase 9.000 enfermeiros que declararam estar disponíveis para participar na campanha de vacinação contra a Covid-19, fora do respetivo horário laboral ou que se encontrem desempregados".

A OE também divulgou e-mails que disse estarem a ser enviados pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo aos enfermeiros, onde é dito: "Na sequência da disponibilidade demonstrada por V. Exa. para colaborar com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P através da integração nas equipas afetas aos Centros de Vacinação para a Covid-19, e considerado o vínculo de emprego que detém com outra entidade do Serviço Nacional de Saúde (…) a mesma apenas poderá ocorrer, reunidos os requisitos para tal, através da constituição de mobilidades a tempo inteiro ou a tempo parcial(..)".

O regime de mobilidade não muda as condições de trabalho do enfermeiro, seja em termos de período normal de trabalho semanal, bem como a remuneração e o vínculo de emprego detido.