F1-GP Portugal. A estrela do Campeão

F1-GP Portugal. A estrela do Campeão


Lewis Hamilton (Mercedes) puxou pelos galões e com uma exibição memorável acabou com a corrida em pouco tempo. É de outro planeta. Max Verstappen (Red Bull) assistiu à distância ao domínio do heptacampeão do Mundo.


A história diz que para se ganhar o Grande Prémio de Portugal tem que se largar dos três primeiros lugares da grelha, e, uma vez mais, isso voltou a acontecer.

As primeiras voltas são sempre críticas em qualquer corrida, mas, em Portimão, parece ter havido um pacto de não agressão entre os pilotos da Mercedes. Valtteri Bottas saiu na frente, enquanto Lewis Hamilton aguentou o segundo lugar e fez de tampão a Max Verstappen.

O campeão do Mundo aguentou ser segundo durante 20 voltas. Depois, cerrou os dentes, foi à caça de Bottas – realizou uma série de voltas mais rápidas – e ultrapassou com grande mestria o seu colega de equipa.

Seguiu-se a caminhada triunfal e a consolidação na liderança do campeonato. Há muito que não se via Hamilton a ter que fazer pela vida para ganhar um grande prémio. “Foi uma corrida muita dura física e mentalmente, pois era fácil cometer erros. Não comecei bem, por isso tive de puxar ao máximo desde o início e corri alguns riscos. Hoje não foi tudo perfeito, há melhorias a fazer para as próximas provas. Gostei muito da atmosfera à volta da corrida”, afirmou no final.

Ritmos semelhante apenas na luta pelo segundo lugar entre Bottas e Verstappen. O irreverente piloto da Red Bull encontra-se na melhor fase da sua carreira e dispõe de um carro que lhe permite lutar pela vitória. Ainda deu um ar da sua graça no início da corrida. Fez belas ultrapassagens, mas, sem velocidade de ponta, não conseguiu acompanhar os Mercedes. O pequeno erro de Bottas permitiu-lhe chegar ao segundo lugar. «Foi um dia difícil, queria estar mais à frente e ganhar, mas faltou-nos ritmo e a aderência não era a melhor. Fiz uma boa corrida, consegui passar o Bottas e depois pressionei o Lewis, mas ele esteve muito forte», reconheceu o piloto da Red Bull.

Mercedes à parte Por aquilo que se viu nesta corrida, Hamilton e Verstappen estão num nível à parte. A batalha mediática que se construiu nas últimas semanas sobre a perspetiva de uma luta pelo título confirmou-se em Portugal.

Mais uma atuação pouco convincente de Bottas. Ao deixar escorregar a traseira do Mercedes pôs-se a jeito de ser ultrapassado por Vestappen. «Foi uma corrida complicada na fase inicial, onde fui perdendo ritmo. Tinha um package forte, só que não funcionou, ainda não sei porquê», disse o homem que partiu da pole position.

Portimão é um circuito que pelas suas caraterísticas leva os carros ao limite. A Red Bull partia com a intenção de andar ao nível da Mercedes, mas rapidamente rendeu-se à evidência e a frustração era evidente. O motor Honda é a pedra angular da equipa. Os japoneses assumiram o compromisso de desenvolver um motor que permitisse lutar com a poderosa Mercedes, mas nesta corrida perderam em toda a linha e o principal handicap foi a falta de velocidade.

McLaren à frente da Ferrari A McLaren confirmou ser a terceira melhor equipa com o quarto lugar de Lando Norris. A cada corrida que passa a evolução é maior. Não tem andamento (alguma vez terá?) para os Mercedes e Red Bull, mas é suficiente para bater a mítica Ferrari e a nova Alpine (ex-Renault).

Depois de fazer a pior época desde 1980, a Scuderia continua distante dos primeiros.

O sexto posto de Charles Leclerc, o piloto mais esclarecido da Ferrari, salvou a honra de uma equipa que teve pouca inspiração a conceber o monolugar deste ano, pois revela-se pouco eficaz com pneus duros, mas também não funciona com pneus macios.

Recorde a liderar mundial Com este resultado, Hamilton manteve o primeiro lugar no campeonato de pilotos e estabelece um novo recorde de 123 corridas a liderar o mundial.

Classificação: 1.º Hamilton (Mercedes) 1h.34,31,421; 2.º Verstappen (Red Bull), a 29,1s; 3.º Bottas (Mercedes), a 33,5s; 4.º Perez (Red Bull), a 39,7s; 5.º Norris (McLaren), a 51,3s.

Corridas sprint ao sábado Uma novidade desta época é a realização de três corridas sprint ao sábado, com 100 quilómetros de distância, que farão parte do programa dos grandes prémios de Inglaterra, Itália e Brasil.

O resultado dessa corrida determinará a grelha de partida para a prova de domingo e permite aos três primeiros pontuar (3, 2 e 1 ponto).

A FIA aposta no espetáculo – cada vez mais a F1 é um produto de marketing que desvirtua o conceito original –, mas isso pode ter consequências.

A realização de uma segunda corrida pode diluir o fascínio que sempre existiu à volta do verdadeiro grande prémio. Além disso, pode colocar em risco a continuidade em prova aos pilotos que tenham um acidente ou avaria grave.

Vai dar polémica, com toda a certeza.