Em tudo e em todo o lugar, a liberdade…


Mesmo quando alguns vislumbravam elementos positivos no anterior regime, em tudo e em todo o lugar faltava a liberdade.


A adesão à importância da liberdade, pelo pensamento e pela prática, é essencialmente um acto individual.

É pela íntima convicção individual, antes das razões de grupo, que somos livres e respeitamos a liberdade dos outros.

E foi pela liberdade individual que tantos se bateram e resistiram, detestando o silêncio imposto pelo anterior regime.

Mesmo quando alguns vislumbravam elementos positivos no regime, em tudo e em todo o lugar faltava a liberdade.

Afinal, aquilo que demorou milénios da civilização a alcançar, tantas vezes no contexto da barbárie.

A liberdade da palavra e da expressão, de reunião e de comunicação, de escolha e de rejeição, o reconhecimento dos direitos humanos.

Mas a pergunta que hoje devemos fazer é se a liberdade em Portugal, que não existia antes do 25 de Abril, conduziu à valorização plena de uma sociedade livre?

Vejamos.

Se podemos exprimir nas ruas o que sentimos em relação ao Estado, pedem-nos o conformismo na relação com a burocracia de um Estado pesado e apenas moderno na cobrança de tributos fiscais.

Se temos a liberdade de trabalhar e ambicionar mais um átomo do que recebemos de quem nos antecedeu e para quem nos sucede, pedem-nos que entreguemos ao Estado metade do esforço do nosso trabalho.

Se as decisões da justiça, na sua esmagadora maioria se reconhecem em nome e validadas pelo povo, o tempo da sua aplicação, tantas das vezes compete com a justiça divina.

Se temos onde ir buscar ajuda para os males da saúde a um serviço nacional, logo nos apresentam o tempo de assistência diferido para um tempo de risco de saúde.

Se temos pluralismo de órgãos de comunicação, logo tropeçamos no catequismo jornalístico de reverência com o poder (com excepções que se contam pelos dedos de uma mão).

Se a liberdade não tem dono com efeitos registrais, logo certos deslumbrados em lugares de poder se descaem em jactâncias aberrantes e abusivas, como se donos fossem da liberdade de todos.

Se a economia precisa de toda a liberdade de iniciativa das empresas para concorrer nos mercados mundiais, caímos como país, num estádio de incapacidade por falta de liberdade económica e não prevalência de uma economia ágil, inovadora, concorrencial, como objectivo e chave da própria liberdade individual e colectiva.

Ontem, quando alinhava estas notas, ouvia as palavras da cerimónia do 25 de Abril.

Tudo se pareceu com uma homilia de ritual repetitivo, onde os sinais de expiação abundaram.

E verifiquei uma estranha ausência de ambição e alegria, nos antípodas do ambiente de que se fez aquele dia de há quarenta e sete anos.

Cumpriu-se o que se julga ser uma espécie de obrigação celebratória, com auto-explicações da razão da própria cerimónia…

“Chi si scusa si accusa”, quem se desculpa se acusa … e não há necessidade.

Não é o simples enunciado daquele dia que enche a alma colectiva, mas a acção e a gradual visibilidade de um caminho em que a sociedade se reveja. 

O respeito por opinião diversa, que não se funda apenas na tristeza do que vivemos durante este ultimo tempo, na dor de tantas famílias e no receio de muitos. 

A questão do Portugal de hoje, está também na ausência credível de um patamar de ambição, que devia passar por fazer as mudanças e reformas para o desenvolvimento económico e social e sairmos da cepa torta.

Precisamos sobretudo de inaugurar fábricas, equipamentos, reproduzir estatísticas de bem-estar, tornar Portugal um país contribuinte da Europa e não pedinte, inspirarmos a liberdade plena e não restrita, sermos um país de cultura viva, de cidades dinâmicas, de moderna mobilidade social.

Nos bouquets de flores de hoje e do futuro, precisamos de recordar os cravos marcados no tempo, mas também outras espécies de flores de renovada esperança.

Jurista

Em tudo e em todo o lugar, a liberdade…


Mesmo quando alguns vislumbravam elementos positivos no anterior regime, em tudo e em todo o lugar faltava a liberdade.


A adesão à importância da liberdade, pelo pensamento e pela prática, é essencialmente um acto individual.

É pela íntima convicção individual, antes das razões de grupo, que somos livres e respeitamos a liberdade dos outros.

E foi pela liberdade individual que tantos se bateram e resistiram, detestando o silêncio imposto pelo anterior regime.

Mesmo quando alguns vislumbravam elementos positivos no regime, em tudo e em todo o lugar faltava a liberdade.

Afinal, aquilo que demorou milénios da civilização a alcançar, tantas vezes no contexto da barbárie.

A liberdade da palavra e da expressão, de reunião e de comunicação, de escolha e de rejeição, o reconhecimento dos direitos humanos.

Mas a pergunta que hoje devemos fazer é se a liberdade em Portugal, que não existia antes do 25 de Abril, conduziu à valorização plena de uma sociedade livre?

Vejamos.

Se podemos exprimir nas ruas o que sentimos em relação ao Estado, pedem-nos o conformismo na relação com a burocracia de um Estado pesado e apenas moderno na cobrança de tributos fiscais.

Se temos a liberdade de trabalhar e ambicionar mais um átomo do que recebemos de quem nos antecedeu e para quem nos sucede, pedem-nos que entreguemos ao Estado metade do esforço do nosso trabalho.

Se as decisões da justiça, na sua esmagadora maioria se reconhecem em nome e validadas pelo povo, o tempo da sua aplicação, tantas das vezes compete com a justiça divina.

Se temos onde ir buscar ajuda para os males da saúde a um serviço nacional, logo nos apresentam o tempo de assistência diferido para um tempo de risco de saúde.

Se temos pluralismo de órgãos de comunicação, logo tropeçamos no catequismo jornalístico de reverência com o poder (com excepções que se contam pelos dedos de uma mão).

Se a liberdade não tem dono com efeitos registrais, logo certos deslumbrados em lugares de poder se descaem em jactâncias aberrantes e abusivas, como se donos fossem da liberdade de todos.

Se a economia precisa de toda a liberdade de iniciativa das empresas para concorrer nos mercados mundiais, caímos como país, num estádio de incapacidade por falta de liberdade económica e não prevalência de uma economia ágil, inovadora, concorrencial, como objectivo e chave da própria liberdade individual e colectiva.

Ontem, quando alinhava estas notas, ouvia as palavras da cerimónia do 25 de Abril.

Tudo se pareceu com uma homilia de ritual repetitivo, onde os sinais de expiação abundaram.

E verifiquei uma estranha ausência de ambição e alegria, nos antípodas do ambiente de que se fez aquele dia de há quarenta e sete anos.

Cumpriu-se o que se julga ser uma espécie de obrigação celebratória, com auto-explicações da razão da própria cerimónia…

“Chi si scusa si accusa”, quem se desculpa se acusa … e não há necessidade.

Não é o simples enunciado daquele dia que enche a alma colectiva, mas a acção e a gradual visibilidade de um caminho em que a sociedade se reveja. 

O respeito por opinião diversa, que não se funda apenas na tristeza do que vivemos durante este ultimo tempo, na dor de tantas famílias e no receio de muitos. 

A questão do Portugal de hoje, está também na ausência credível de um patamar de ambição, que devia passar por fazer as mudanças e reformas para o desenvolvimento económico e social e sairmos da cepa torta.

Precisamos sobretudo de inaugurar fábricas, equipamentos, reproduzir estatísticas de bem-estar, tornar Portugal um país contribuinte da Europa e não pedinte, inspirarmos a liberdade plena e não restrita, sermos um país de cultura viva, de cidades dinâmicas, de moderna mobilidade social.

Nos bouquets de flores de hoje e do futuro, precisamos de recordar os cravos marcados no tempo, mas também outras espécies de flores de renovada esperança.

Jurista