Ninguém gosta de ser enganado, mas parece que a maioria dos portugueses gosta de o ser pelos políticos que nos governam, tendo em consideração que é mais fácil encontrar um Antílope Branco a passear na Tapada Nacional de Mafra, do que conhecer um governante sem ligações suspeitas a uma grande empresa ou grupo empresarial nacional ou estrangeiro.
Todavia, existem muitas outras situações em que parece que os nossos governantes nos veem como uns tolinhos, que na verdade até devemos ser, porque, por muito menos, já tivemos revoluções em Portugal.
Julgo que hoje em dia será impossível haver uma revolução em Portugal, que teria de ser muito diferente da que aconteceu em 1974, para conseguirmos limpar os corruptores e corrompidos que mandam no nosso país.
Infelizmente parece que não há grandes hipóteses de mudarmos a situação do país porque a maioria dos nossos jovens está mais interessada e motivada em lutar por casas de banho por causa da identidade de género, os menos jovens estão completamente submissos às hipotecas e dívidas aos bancos e quem ainda consegue usufruir da reforma tem de ajudar os filhos e netos.
Para além disso, também podemos observar que as grandes manifestações de revolta da nossa sociedade resultam do facto do Ronaldo num jogo de qualificação mandar a braçadeira de capitão para o chão ou da ideia de que existe racismo estruturante em Portugal, o que não só é uma ideia completamente idiota como é falso, mas é algo que permite que muita gente viva à custa de subsídios atribuídos a determinadas associações ou pessoas.
No mesmo sentido, nunca vi uma grande manifestação a favor dos muitos portugueses que trabalham e passam fome, ou pelos polícias que não podem entrar em determinados bairros, sem que tenham unidades especiais fortemente armadas a protegê-los, ou contra as listas de espera para cirurgias que estão sempre a aumentar, ou contra a corrupção que já faz parte do nosso dia-a-dia e com que poucos se revoltam, ou pelos ex-combatentes da Guerra Colonial que lá morreram e pelos que regressaram amputados, deficientes ou traumatizados e que, até hoje, apenas têm tido ajuda junto da Liga dos Combatentes.
Mas, regressando ao tema que me leva a escrever este artigo, gostava que observassem a subida do fator Rt, que é o índice de transmissibilidade do vírus SARS-CoV-2, ou seja, supostamente é o número de quantas pessoas um determinado indivíduo pode infetar com covid-19 e é um indicador do desconfinamento.
Como puderam constatar, desde fevereiro que o fator Rt teima em não descer significativamente, mesmo que os casos de infeção e óbitos por covid-19 tenham diminuído abruptamente nas últimas semanas.
Agora, pense naquilo que acontece com o preço dos combustíveis, em que quando há uma subida do preço do crude ou do petróleo, ou um ataque terrorista, ou um navio encalhado no canal do Suez, o preço dos combustíveis sobe sempre, por vezes, vertiginosamente.
No entanto, quando o preço do crude ou do petróleo desce e não há qualquer ato terrorista ou navio encalhado, o contrário nunca acontece, mas aparece sempre algum “especialista” mandatado pelo Governo a defender que o preço dos combustíveis tem de se manter, invocando mil e uma outras variáveis para defenderem que é impossível a sua descida imediata.
A subida ou manutenção do fator do Rt, que também é decidida por quem nos continua a mandar areia para os olhos no combate à pandemia e no preço dos combustíveis, apenas não desce porque alguém tem interesse que o fator continue alto para que se continue a enganar os portugueses com a necessidade de confinamentos com regras idiotas e estados de emergência contrários à Constituição da República Portuguesa.
Se Portugal voltou a ser um dos melhores do mundo em casos de covid-19, se as mortes imputadas ao vírus estão quase a zero, qual a razão para manterem o fator Rt quase idêntico aos dias em que os casos de infeção e o número de mortes era muito superior?
Presumo que a justificação para a descida e subida do Rt seja idêntica à do preço dos combustíveis.
Mas ainda há outra hipótese para o fator Rt não descer e para a falta de preocupação do Governo na falência de centenas de pequenas e médias empresas ou na insolvência de milhares de famílias, é porque os nossos governantes estão todos à espera da “bazuca europeia” para ajudarem os “amigos do regime” com os muito aguardados milhões de euros. Isto porque são esses “amigos do regime” que votam e, consequentemente, decidem quem é a próxima “empresa amiga” a ser contratada pelas Autarquias ou pelo Governo para depois pagar essa ajuda com uma injeção de dinheiro nas campanhas eleitorais.
Esta aberração eleitoral deve-se, em parte, à escolha dos abstencionistas em não comparecerem nas urnas em dia de eleição, sendo que essa escolha continuará a permitir, eleição após eleição, que governantes corruptos continuem a prejudicar os portugueses.
Mas não é apenas no fator Rt que os portugueses vão continuar a ser enganados por uma governação socialista, que teima em não descer os impostos sobre os combustíveis, que gasta mais de um milhão de euros num mural para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, que concede perdões no valor de centenas de milhões de euros à EDP, mas vota contra o reforço dos apoios sociais aos portugueses que deles necessitam.
Por último, o meu maior receio é que, será de engano em engano, de corrupção em corrupção que nós, os portugueses, tal qual os venezuelanos, cubanos e norte-coreanos, um dia teremos que ter uma caderneta de senhas convertível em alimentos, para conseguirmos sobreviver.
Presidente do PDR