Ou remodelação ou moção de censura


Ou Costa muda os governantes suspeitos e mentirosos, ou tem de haver uma moção de censura no Parlamento.


1. Vivemos uma situação política surrealista e indefinida. Um tempo nem-nem. Nem o Governo funciona, nem há verdadeiramente oposição. Do lado do executivo, assiste-se a incompetências manifestas no combate à pandemia, com sistemática e despudorada propaganda mediática, falsidade de números (atira-se com vacinados de primeira dose para impressionar, quando uma vacina são duas tomas), enquanto se ignoram efetivos grupos de risco em favor dos de pressão. Somam-se mentiras descaradas quanto a apoios inexistentes, que são anunciados. Fora da pandemia, surgem trapalhadas ou trapalhices em negócios que prejudicam o país em muitos milhões, no meio de um assalto ao poder por parte da situação, como se dizia no Estado Novo.

O que se sabe hoje do negócio das barragens e o que se antevê em relação ao do hidrogénio verde cheira mal. O ministro do Ambiente e o secretário de Estado Galamba, um socrático de primeira linha, têm de ser removidos do Governo já. O PSD ou o Bloco não podem ignorar o que já se sabe. O mínimo que se lhes exige é apresentarem moções de censura, se o Governo não for mexido, aproveitando-se também para retirar ministros como Van Dunem e Eduardo Cabrita, que mentem ao país.

O combate à pandemia e a crise económica não podem servir de desculpa para a oposição não existir. Como também não serve a circunstância de António Costa presidir à Europa, porque isso só lhe tem servido para se tornar invisível, aparecendo só quando lhe convém e frente às câmaras de televisão. A propaganda mediática é escandalosa. Marta Temido deve ter mais horas de televisão do que Cristina Ferreira. No mundo real dos portugueses tudo, entretanto, se degrada.

As devastadoras moratórias perfilam-se, podendo ganhar a dimensão de um tsunami social. Basta percorrer a área metropolitana de Lisboa para verificar que há cada vez mais gente a viver na rua, cada vez mais violência potencial e cada vez menos Estado e apoios. Um dia seremos surpreendidos por uma explosão de raiva resultante de uma frustração que ultrapassa tudo o que se imagina. No meio disto, as faturas acumulam-se para o desgraçado do pagante de impostos.

O Novo Banco soma e segue às fatias de mil milhões. O Montepio promete seguir-lhe o exemplo, não se vendo acabar o reinado dos herdeiros de Tomás Correia. Vá lá que o vagaroso juiz Ivo Rosa promete finalmente fazer o despacho de pronúncia para abril do sinistro caso Marquês. Esperemos não seja mais uma “fake news”. Estamos no grau zero da credibilidade das instituições.

O próprio Presidente Marcelo está a ficar sem espaço para continuar tão calado sobre os factos mais recentes, sob pena de se achar que é cúmplice ou refém. E não é a circunstância de ter supostamente entalado Costa sobre o pagamento de apoios extraordinários que o Governo acha inconstitucionais que muda minimamente as coisas. Uma crise política seria má. Não ter governo, pode ser bem pior.

2. A candidatura de Ricardo Baptista Leite à Câmara de Sintra é uma alternativa de qualidade humana e política. Sintra é a segunda autarquia do país. No seu interior vivem-se todas as situações possíveis e imaginárias. Reproduzem um país inteiro. Baptista Leite tem mostrado fibra, coragem e dedicação à causa pública. Há candidatos que são como certos vinhos: “Grande Escolha”. Sintra tem sorte com ele e com o vinho que ainda produz. Basílio Horta que se cuide. Rio acertou em cheio. Em contrapartida, o nome da truculenta advogada, Suzana Garcia, é apontado pelo PSD para candidata à Amadora. Depois da cedência ao futebol vem o justicialismo populista mediático. 

3. TSF, noticiário das 9 da manhã de terça-feira. Fala-se de Moçambique. Diz-se que os ataques vêm de insurgentes, jihadistas ou membros do Daesh. A palavra terrorista só aparece uma vez e é pronunciada por um porta-voz americano. Vá lá que não a censuraram. Qualquer dia usa se dissidentes ou separatistas para ser fofinho ou poético. Depois admiram-se com a fuga de audiências para outras rádios, como a Observador.

4. Foi com espanto que se ouviu o presidente da ANA falar em apoio do Estado àquela empresa francesa de aeroportos, que foi sempre subindo preços e evitando encargos novos. É o caso da participação intensiva num projeto de um novo aeroporto e não num mero remendo barato e perigoso no Montijo, hoje já sem sentido. Seria voltar a ter “galinha gorda por pouco dinheiro”.

Enchia-se o bolso, aguentava-se a crise e continuava-se a dispor de um ativo estratégico português, sem o ter construído. Para variar do seu percurso errático, Pedro Nuno Santos poderia fazer um bom negócio. Era questão de transformar dinheiro do contribuinte em 33,4% do capital da ANA, dando ao Estado uma posição estratégica em todos os domínios aeroportuários, em benefício do turismo nacional, que bem precisa. Assim, a ANA, onde pontifica o social-democrata José Luís Arnaut, deixava de andar tão à vontade.

5. É inevitável voltar à Brisa da qual se falou aqui recentemente, denunciando acidentes resultantes de colisões com animais relativamente aos quais a empresa se furta a responsabilidades. Há dias, a TVI mostrou o caso de uma colisão provocada por um javali. A Brisa, na sua tradição, voltou a rejeitar responsabilidades que a lei lhe atribui. Será assim até ao dia em que haja uma desgraça ou uma entidade séria que fiscalize estes abusos, porque ir para tribunal é uma inutilidade.

É hábito da Brisa prestar mau serviço aos pagantes, desde logo ao não reduzir portagens pelos quilómetros de vias a fio que estão em mau estado ou em obras. No trabalho da TVI foi particularmente lamentável ver o porta-voz da Brisa, Franco Caruso, furtar-se a responsabilidades e, ainda por cima, pôr um ar de gozo sorridente numa matéria que pode custar vidas humanas. O ordenado ao fim do mês não justifica tudo. Foi uma oportunidade perdida para a concessionária melhorar a imagem. Há relações públicas que têm efeitos perversos e posturas que lembram oligarcas russo

Ou remodelação ou moção de censura


Ou Costa muda os governantes suspeitos e mentirosos, ou tem de haver uma moção de censura no Parlamento.


1. Vivemos uma situação política surrealista e indefinida. Um tempo nem-nem. Nem o Governo funciona, nem há verdadeiramente oposição. Do lado do executivo, assiste-se a incompetências manifestas no combate à pandemia, com sistemática e despudorada propaganda mediática, falsidade de números (atira-se com vacinados de primeira dose para impressionar, quando uma vacina são duas tomas), enquanto se ignoram efetivos grupos de risco em favor dos de pressão. Somam-se mentiras descaradas quanto a apoios inexistentes, que são anunciados. Fora da pandemia, surgem trapalhadas ou trapalhices em negócios que prejudicam o país em muitos milhões, no meio de um assalto ao poder por parte da situação, como se dizia no Estado Novo.

O que se sabe hoje do negócio das barragens e o que se antevê em relação ao do hidrogénio verde cheira mal. O ministro do Ambiente e o secretário de Estado Galamba, um socrático de primeira linha, têm de ser removidos do Governo já. O PSD ou o Bloco não podem ignorar o que já se sabe. O mínimo que se lhes exige é apresentarem moções de censura, se o Governo não for mexido, aproveitando-se também para retirar ministros como Van Dunem e Eduardo Cabrita, que mentem ao país.

O combate à pandemia e a crise económica não podem servir de desculpa para a oposição não existir. Como também não serve a circunstância de António Costa presidir à Europa, porque isso só lhe tem servido para se tornar invisível, aparecendo só quando lhe convém e frente às câmaras de televisão. A propaganda mediática é escandalosa. Marta Temido deve ter mais horas de televisão do que Cristina Ferreira. No mundo real dos portugueses tudo, entretanto, se degrada.

As devastadoras moratórias perfilam-se, podendo ganhar a dimensão de um tsunami social. Basta percorrer a área metropolitana de Lisboa para verificar que há cada vez mais gente a viver na rua, cada vez mais violência potencial e cada vez menos Estado e apoios. Um dia seremos surpreendidos por uma explosão de raiva resultante de uma frustração que ultrapassa tudo o que se imagina. No meio disto, as faturas acumulam-se para o desgraçado do pagante de impostos.

O Novo Banco soma e segue às fatias de mil milhões. O Montepio promete seguir-lhe o exemplo, não se vendo acabar o reinado dos herdeiros de Tomás Correia. Vá lá que o vagaroso juiz Ivo Rosa promete finalmente fazer o despacho de pronúncia para abril do sinistro caso Marquês. Esperemos não seja mais uma “fake news”. Estamos no grau zero da credibilidade das instituições.

O próprio Presidente Marcelo está a ficar sem espaço para continuar tão calado sobre os factos mais recentes, sob pena de se achar que é cúmplice ou refém. E não é a circunstância de ter supostamente entalado Costa sobre o pagamento de apoios extraordinários que o Governo acha inconstitucionais que muda minimamente as coisas. Uma crise política seria má. Não ter governo, pode ser bem pior.

2. A candidatura de Ricardo Baptista Leite à Câmara de Sintra é uma alternativa de qualidade humana e política. Sintra é a segunda autarquia do país. No seu interior vivem-se todas as situações possíveis e imaginárias. Reproduzem um país inteiro. Baptista Leite tem mostrado fibra, coragem e dedicação à causa pública. Há candidatos que são como certos vinhos: “Grande Escolha”. Sintra tem sorte com ele e com o vinho que ainda produz. Basílio Horta que se cuide. Rio acertou em cheio. Em contrapartida, o nome da truculenta advogada, Suzana Garcia, é apontado pelo PSD para candidata à Amadora. Depois da cedência ao futebol vem o justicialismo populista mediático. 

3. TSF, noticiário das 9 da manhã de terça-feira. Fala-se de Moçambique. Diz-se que os ataques vêm de insurgentes, jihadistas ou membros do Daesh. A palavra terrorista só aparece uma vez e é pronunciada por um porta-voz americano. Vá lá que não a censuraram. Qualquer dia usa se dissidentes ou separatistas para ser fofinho ou poético. Depois admiram-se com a fuga de audiências para outras rádios, como a Observador.

4. Foi com espanto que se ouviu o presidente da ANA falar em apoio do Estado àquela empresa francesa de aeroportos, que foi sempre subindo preços e evitando encargos novos. É o caso da participação intensiva num projeto de um novo aeroporto e não num mero remendo barato e perigoso no Montijo, hoje já sem sentido. Seria voltar a ter “galinha gorda por pouco dinheiro”.

Enchia-se o bolso, aguentava-se a crise e continuava-se a dispor de um ativo estratégico português, sem o ter construído. Para variar do seu percurso errático, Pedro Nuno Santos poderia fazer um bom negócio. Era questão de transformar dinheiro do contribuinte em 33,4% do capital da ANA, dando ao Estado uma posição estratégica em todos os domínios aeroportuários, em benefício do turismo nacional, que bem precisa. Assim, a ANA, onde pontifica o social-democrata José Luís Arnaut, deixava de andar tão à vontade.

5. É inevitável voltar à Brisa da qual se falou aqui recentemente, denunciando acidentes resultantes de colisões com animais relativamente aos quais a empresa se furta a responsabilidades. Há dias, a TVI mostrou o caso de uma colisão provocada por um javali. A Brisa, na sua tradição, voltou a rejeitar responsabilidades que a lei lhe atribui. Será assim até ao dia em que haja uma desgraça ou uma entidade séria que fiscalize estes abusos, porque ir para tribunal é uma inutilidade.

É hábito da Brisa prestar mau serviço aos pagantes, desde logo ao não reduzir portagens pelos quilómetros de vias a fio que estão em mau estado ou em obras. No trabalho da TVI foi particularmente lamentável ver o porta-voz da Brisa, Franco Caruso, furtar-se a responsabilidades e, ainda por cima, pôr um ar de gozo sorridente numa matéria que pode custar vidas humanas. O ordenado ao fim do mês não justifica tudo. Foi uma oportunidade perdida para a concessionária melhorar a imagem. Há relações públicas que têm efeitos perversos e posturas que lembram oligarcas russo