Primeiro-ministro australiano substituí dois elementos do Governo depois de acusações de violação

Primeiro-ministro australiano substituí dois elementos do Governo depois de acusações de violação


Christian Porter e Linda Reynolds vão manter-se no executivo como ministros da Indústria, Ciência e Tecnologia e Serviços do Governo.


Após protestos de milhares de pessoas devido à forma como o Governo lidou com as acusações de violação de uma antiga funcionária, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou, esta segunda-feira, uma remodelação no Governo.

A ministra da Defesa, Linda Reynolds, e o procurador-geral Christian Porter, principal conselheiro jurídico do Governo, vão ser substituídos, afirmou Morrison, ao revelar que a nova equipa terá uma “maior representatividade de mulheres” no Governo e na história da Austrália.

Contudo, Christian Porter e Linda Reynolds vão manter-se no executivo como ministros da Indústria, Ciência e Tecnologia e Serviços do Governo. Linda Reynolds deverá ser substituída pelo antigo titular da pasta do Interior, Peter Dutton.

A integração de mais mulheres no Governo anunciada por Morrison traduz-se na designação de Michaela Cash para titular da pasta das Relações Industriais e de Kaaren Andrew para ministra do Interior.

O Governo australiano foi abalado nas últimas semanas por várias acusações de violação por parte de um antiga funcionária, Brittany Higgins, que afirma que terá sido violada em 2019, no gabinete parlamentar da ministra da Defesa agora substituída, queixando-se de não ter tido apoio das chefias.

Para além disso, o até aqui procurador-geral Porter, de 50 anos, foi acusado de violar uma adolescente em 1988, uma alegação que foi arquivada por falta de provas, depois da morte da alegada vítima em 2020, que se suicidou no ano passado, sem nunca ter apresentado uma queixa formal.

À data da alegada violação, Christian Porter tinha 17 anos e disse que conheceu a jovem numa competição de debates entre estudantes e que não voltou a encontrá-la desde janeiro de 1988, negando todas as acusações.

Durante várias semanas, os dois membros do executivo estavam de baixa médica, tendo recebido inicialmente o apoio do primeiro-ministro australiano.

Milhares de manifestantes protestaram, em meados de março, contra a forma com que o Governo lidou com os casos de alegado abuso sexual, em mais de 40 marchas por toda a Austrália.

Scott Morrison também anunciou que vai copresidir a um novo grupo de trabalho sobre a desigualdade de género, com a ministra da Mulher, Marise Payne.

No início de março, o Governo australiano procedeu à abertura de um inquérito sobre a cultura de trabalho no Parlamento.

O relatório final deverá ser divulgado em novembro com um conjunto de recomendações para modificar algumas práticas de trabalho internas.