Os prémios pagos e o charme jornalístico


Nesta edição falámos com vários empresários que confirmaram toda a história mas para não terem problemas com os organismos estatais ou para não entrarem na guerra “algarvia” preferiram o anonimato.


Elidérico Viegas fundou há mais de 20 anos a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve e durante esse período não criou grandes ondas, havendo quem apreciasse o seu trabalho e quem o criticasse pela falta de iniciativa para o setor fora de época. Independentemente das apreciações, Elidérico manteve-se sempre no cargo até ao dia em que disse o que muitos empresários sabem: que a maioria dos prémios que Portugal ganha são comprados.

Por isso, é normal um hotel ganhar durante seis anos, uma praia ser a mais paradisíaca da Europa ou um campo de golfe ter os melhores buracos para se jogar. 

Nesta edição falámos com vários empresários que confirmaram toda a história mas para não terem problemas com os organismos estatais ou para não entrarem na guerra “algarvia” preferiram o anonimato.

E o que mais dizem, e que Elidérico também disse, é que esses prémios contribuem para a inação de todos os envolvidos no ramo: empresários e Governo. 

Afinal, por 500 libras é-se sempre nomeado e depois há que negociar o primeiro lugar. Mas esses galardões só servem para consumo interno e não trazem riqueza, a não ser para o turismo de pé descalço. Faltam iniciativas que tragam milhares de empresas todos os anos e que criem riqueza na região e no país. No Algarve, por exemplo, o torneio de hipismo traz mais de 800 cavalos e uma comitiva de mais de mil pessoas que durante dois meses gastam à tripa forra e voltam ano após ano. São iniciativas dessas que o país precisa.

Mas se há prémios que são comprados, outros há que são feitos pela diplomacia do charme. Convidam-se jornalistas ligados ao turismo dos melhores meios de comunicação social do mundo e estes acabam por divulgar o país, pois a ação de charme funciona. É legítimo, mas é preciso mostrar o melhor que o país tem e não apenas um ou outro segmento. Sei por experiência própria do que falo.

Em 1993, fui convidado para ir ao Nordeste brasileiro onde fomos recebidos pelos perfeitos e governadores. Eu era o mais novo da comitiva de jornalistas e lembro-me bem como nos tentaram esconder a miséria e como ficaram chateados quando fiz perguntas sobre essa realidade. Certo é que o Nordeste brasileiro passou a estar no mapa do turismo nacional até hoje. Conclusão: não tenham vergonha de assumir que uns prémios são pagos e outros são ações de charme. Mas façam mais alguma coisa para termos mais sucesso.

 

Os prémios pagos e o charme jornalístico


Nesta edição falámos com vários empresários que confirmaram toda a história mas para não terem problemas com os organismos estatais ou para não entrarem na guerra “algarvia” preferiram o anonimato.


Elidérico Viegas fundou há mais de 20 anos a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve e durante esse período não criou grandes ondas, havendo quem apreciasse o seu trabalho e quem o criticasse pela falta de iniciativa para o setor fora de época. Independentemente das apreciações, Elidérico manteve-se sempre no cargo até ao dia em que disse o que muitos empresários sabem: que a maioria dos prémios que Portugal ganha são comprados.

Por isso, é normal um hotel ganhar durante seis anos, uma praia ser a mais paradisíaca da Europa ou um campo de golfe ter os melhores buracos para se jogar. 

Nesta edição falámos com vários empresários que confirmaram toda a história mas para não terem problemas com os organismos estatais ou para não entrarem na guerra “algarvia” preferiram o anonimato.

E o que mais dizem, e que Elidérico também disse, é que esses prémios contribuem para a inação de todos os envolvidos no ramo: empresários e Governo. 

Afinal, por 500 libras é-se sempre nomeado e depois há que negociar o primeiro lugar. Mas esses galardões só servem para consumo interno e não trazem riqueza, a não ser para o turismo de pé descalço. Faltam iniciativas que tragam milhares de empresas todos os anos e que criem riqueza na região e no país. No Algarve, por exemplo, o torneio de hipismo traz mais de 800 cavalos e uma comitiva de mais de mil pessoas que durante dois meses gastam à tripa forra e voltam ano após ano. São iniciativas dessas que o país precisa.

Mas se há prémios que são comprados, outros há que são feitos pela diplomacia do charme. Convidam-se jornalistas ligados ao turismo dos melhores meios de comunicação social do mundo e estes acabam por divulgar o país, pois a ação de charme funciona. É legítimo, mas é preciso mostrar o melhor que o país tem e não apenas um ou outro segmento. Sei por experiência própria do que falo.

Em 1993, fui convidado para ir ao Nordeste brasileiro onde fomos recebidos pelos perfeitos e governadores. Eu era o mais novo da comitiva de jornalistas e lembro-me bem como nos tentaram esconder a miséria e como ficaram chateados quando fiz perguntas sobre essa realidade. Certo é que o Nordeste brasileiro passou a estar no mapa do turismo nacional até hoje. Conclusão: não tenham vergonha de assumir que uns prémios são pagos e outros são ações de charme. Mas façam mais alguma coisa para termos mais sucesso.