“Casimiros” e “Salvamentos”


A história conta-se, infelizmente, de forma simples. Empresário compra empresa do Estado por uma fração do valor da mesma com dinheiro emprestado, obtém dividendos como nunca nessa mesma empresa e quando a empresa tem problemas por falta de atividade económica o empresário, defensor acérrimo da livre iniciativa privada e que o Estado não se deve…


A história conta-se, infelizmente, de forma simples. Empresário compra empresa do Estado por uma fração do valor da mesma com dinheiro emprestado, obtém dividendos como nunca nessa mesma empresa e quando a empresa tem problemas por falta de atividade económica o empresário, defensor acérrimo da livre iniciativa privada e que o Estado não se deve meter na economia, vem a correr ter com o Estado para que este pague os salários que o mesmo não paga, porque, alegadamente, não tem dinheiro para tal.

Esta seria mais uma história caracterizadora da maneira como o capitalista português entende o papel do Estado na Economia – quando a maré está favorável, ele é o maior, quando a maré está contrária, o Estado tem de a salvar.

Se não estivéssemos a falar de mais de dois mil postos de trabalho, que significam a vida de mais de duas mil pessoas e respetivas famílias, o destino deste empresário de sucesso deveria ser mesmo aquele que todos achamos que merece.

Pelo meio percebe-se, como noutras situações, que o empresário não teve qualquer risco, não gastou um tostão na aquisição da empresa e extraiu da empresa o valor que conseguiu, usando os milhões sabe-se lá onde para quê, pois o universo empresarial do excecional empresário está todo construído como se de um castelo de cartas se tratasse e que só os credores permitem ainda que continue a existir devido ao receio que, se ruir, as perdas para todos serão ainda maiores.

O problema que se nos coloca, enquanto comunidade, é saber porque é que estas situações se repetem demasiadas vezes no nosso país? O que é que não está a ser feito, que deveria ser feito para impedir que estes mercenários, que se nos apresentam como grandes homens de negócios, consigam singrar? Que mecanismos deverão ser criados para acabar com esta forma de fazer negócios em Portugal? Como garantir a responsabilidade de todos os intervenientes nestes processos?

O ultraje ganha dimensão de escândalo nacional, quando é o próprio Estado que se vê envolvido nestas patranhas. Algo precisa ser feito.

“Salvar a Páscoa”, “salvar o verão”, salvar o fim-de-semana grande”, “salvar os santos populares”, confesso que começo a ficar cansado destes “salvamentos” todos. Se não salvarmos a vida das pessoas, nada se poderá salvar. Ao fim de um ano de sobrevivência o cansaço é enorme e as dificuldades de muitos começam a ser asfixiantes da própria vida que resta, mas se não houver vacinas para todos e em todos os cantos do globo todas as vitórias serão de Pirro. Saibam os nossos governantes na Europa estar à altura da dimensão do trabalho. O mundo mudou e com isso mudaram as suas regras. Continua-se sem perceber porque é que as vacinas não são produzidas por quem tiver a capacidade para o fazer. Inventar passaportes ou certificados de viagens ou qualquer outro nome que lhes queiram dar, apenas para “salvar” o turismo neste verão é paliativo curto e sem sentido, que nada irá resolver. O mundo como o conhecêramos já não existe. Os EUA, a China e a Rússia já o perceberam e nos seus países tudo é controlado pelos governos desses países, não havendo qualquer regra de contratação ou de propriedade que lhes atravesse à frente. Na Europa e em Portugal discute-se os passaportes de imunidade que se darão aos nossos idosos para irem por essa Europa fora em turismo neste verão.

Pedro Vaz

 

“Casimiros” e “Salvamentos”


A história conta-se, infelizmente, de forma simples. Empresário compra empresa do Estado por uma fração do valor da mesma com dinheiro emprestado, obtém dividendos como nunca nessa mesma empresa e quando a empresa tem problemas por falta de atividade económica o empresário, defensor acérrimo da livre iniciativa privada e que o Estado não se deve…


A história conta-se, infelizmente, de forma simples. Empresário compra empresa do Estado por uma fração do valor da mesma com dinheiro emprestado, obtém dividendos como nunca nessa mesma empresa e quando a empresa tem problemas por falta de atividade económica o empresário, defensor acérrimo da livre iniciativa privada e que o Estado não se deve meter na economia, vem a correr ter com o Estado para que este pague os salários que o mesmo não paga, porque, alegadamente, não tem dinheiro para tal.

Esta seria mais uma história caracterizadora da maneira como o capitalista português entende o papel do Estado na Economia – quando a maré está favorável, ele é o maior, quando a maré está contrária, o Estado tem de a salvar.

Se não estivéssemos a falar de mais de dois mil postos de trabalho, que significam a vida de mais de duas mil pessoas e respetivas famílias, o destino deste empresário de sucesso deveria ser mesmo aquele que todos achamos que merece.

Pelo meio percebe-se, como noutras situações, que o empresário não teve qualquer risco, não gastou um tostão na aquisição da empresa e extraiu da empresa o valor que conseguiu, usando os milhões sabe-se lá onde para quê, pois o universo empresarial do excecional empresário está todo construído como se de um castelo de cartas se tratasse e que só os credores permitem ainda que continue a existir devido ao receio que, se ruir, as perdas para todos serão ainda maiores.

O problema que se nos coloca, enquanto comunidade, é saber porque é que estas situações se repetem demasiadas vezes no nosso país? O que é que não está a ser feito, que deveria ser feito para impedir que estes mercenários, que se nos apresentam como grandes homens de negócios, consigam singrar? Que mecanismos deverão ser criados para acabar com esta forma de fazer negócios em Portugal? Como garantir a responsabilidade de todos os intervenientes nestes processos?

O ultraje ganha dimensão de escândalo nacional, quando é o próprio Estado que se vê envolvido nestas patranhas. Algo precisa ser feito.

“Salvar a Páscoa”, “salvar o verão”, salvar o fim-de-semana grande”, “salvar os santos populares”, confesso que começo a ficar cansado destes “salvamentos” todos. Se não salvarmos a vida das pessoas, nada se poderá salvar. Ao fim de um ano de sobrevivência o cansaço é enorme e as dificuldades de muitos começam a ser asfixiantes da própria vida que resta, mas se não houver vacinas para todos e em todos os cantos do globo todas as vitórias serão de Pirro. Saibam os nossos governantes na Europa estar à altura da dimensão do trabalho. O mundo mudou e com isso mudaram as suas regras. Continua-se sem perceber porque é que as vacinas não são produzidas por quem tiver a capacidade para o fazer. Inventar passaportes ou certificados de viagens ou qualquer outro nome que lhes queiram dar, apenas para “salvar” o turismo neste verão é paliativo curto e sem sentido, que nada irá resolver. O mundo como o conhecêramos já não existe. Os EUA, a China e a Rússia já o perceberam e nos seus países tudo é controlado pelos governos desses países, não havendo qualquer regra de contratação ou de propriedade que lhes atravesse à frente. Na Europa e em Portugal discute-se os passaportes de imunidade que se darão aos nossos idosos para irem por essa Europa fora em turismo neste verão.

Pedro Vaz