Terá dito, segundo transcrição do jornal Expresso qualquer coisa como "quando nós abrimos as televisões e vimos os programas de comentários, identifiquem-nos lá comentadores que não sejam afetos ao PS e, quando não são afetos ao PS e são afetos ao PSD, [os que] não são contra a direção nacional do PSD… Isso para mim é absolutamente evidente".
Não deixa de ser curioso que isto seja dito pelo Presidente do PSD, o único partido que tem no comentário político regular e semanal, na televisão portuguesa, dois dos seus antigos Presidentes – Manuela Ferreira Leite e Luís Marques Mendes. Ambos militantes encartados do PSD e a quem nunca ouvimos nada sobre Rui Rio ou o PSD que se compare ao que dizem sobre o PS ou o Governo atual.
Como se isto não fosse já questão suficiente, decidi verificar de forma não exaustiva se Rui Rio teria ou não razão no que diz. Assim, e numa análise não exaustiva, identifiquei cerca de três dezenas de comentadores regulares sobre a atualidade política nos diversos canais televisivos (RTP, RTP3, SIC, SICN, TVI, TVI24, CMTV e Porto Canal). Este exercício, aparentemente fácil, revela-se mais complicado do que parece, pois, os canais televisivos são parcos em identificar os seus comentadores especialmente quando eles não existem em nenhum programa específico. Desconsiderou-se participações de convidados esporádicos nos programas da noite nos canais noticiosos.
Como referi, encontrou-se cerca de 30 comentadores regulares. Desses 30, três são os antigos líderes do PSD já referidos e o antigo Presidente do CDS, Paulo Portas. Um terço dos comentadores regulares são ou foram militantes do PSD e mais de metade (17) estão identificados com a direita portuguesa.
De todos os comentadores apenas 5 são militantes do Partido Socialista, ou identificados como tal.
Rui Rio tentou vender-nos uma espécie de realidade alternativa. Primeiramente com a afirmação que os comentadores são todos ou maioritariamente afetos ao PS e em segundo lugar porque, sabendo que não dizia a verdade, quis dar a entender que até poderia haver comentadores ligados ao PSD, mas que esses comentadores seriam seus críticos internos. Outro pecadilho.
Se Manuela Ferreira Leite, Luís Marques Mendes, José Pacheco Pereira, José Eduardo Martins, José Miguel Júdice, Paulo Rangel, Rodrigo Moita Deus, João Miguel Tavares, Pedro Mexia, entre outros, lhe são hostis, está bom de ver o que Rui Rio entende por imprensa livre e democracia “amordaçada”.
Assim comporta-se Rui Rio, em relação à comunicação social, não governando, agora imagine-se se alguma vez o fizesse.